
Nova Lima, Itabirito, Congonhas, Montes Claros, Francisco Sá e Grão Mogol – Pista simples, descidas e curvas perigosas, somadas ao intenso trânsito de caminhões e carretas fazem do medo uma constante para quem precisa viajar pelos 300 quilômetros da BR-251 que separam Montes Claros da BR-116, no Norte de Minas Gerais. No trecho, são comuns cenas de caminhões e carretas tombados ou danificados após colisões, com cargas espalhadas pelo chão, muitas vezes sendo alvo de saques.
“Sempre peço proteção a Deus”, diz o caminhoneiro Mário César da Silva, de 45 anos, quando precisa transportar cargas por essa que é uma das rodovias federais mais perigosas do país. A estimativa de tráfego é de 10 mil veículos de carga por dia.
As tragédias ocorrem, principalmente, no percurso entre Francisco Sá e Grão Mogol, em locais como a Serra de Francisco Sá: uma sequência de traçado sinuoso, em um terreno acidentado, ao longo de seis quilômetros, do Km 468 ao Km 474. Outro perigo em sequência aguarda na passagem pelas 10 pontes estreitas no trecho entre Montes Claros e Salinas.
“A pista da 251 é muito antiga e, hoje, a frota de veículos de carga aumentou demais. Tem muito tráfego e a estrada não tem acostamento, não tem terceira faixa. Existe a imprudência dos motoristas? Existe. Mas também há omissão do Estado”, afirma o caminhoneiro Wesley Simplício Batista, de 49 anos, dos quais 28 de estrada. Ele é natural de Uberlândia (Triângulo Mineiro), mas mora em Fortaleza (CE) e “puxa” cargas, com mercadorias vendidas pelo e-commerce, de São Paulo para diferentes partes do país, atravessando as rodovias federais em Minas.
Lideranças do Norte de Minas que há anos lutam por melhorias BR-251 estão na expectativa de que a estrada venha a ser completamente restaurada a partir da concessão da rodovia para a iniciativa privada, com intervenções em trechos perigosos, como a Serra de Francisco Sá, para frear acidentes e mortes. Assim como o trecho da BR-116 em Minas, a 251 está em processo de concessão iniciado no primeiro semestre deste ano pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). As condições mínimas para a concessão da chamada “Rota dos Gerais” foram aprovadas em outubro pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) do governo federal.
O que diz quem deve cuidar da manutenção
Em relação ao trecho da BR-251 até a BR-116, no Norte de Minas, o Dnit informou que o segmento está “coberto por contratos de manutenção e recebe serviços rotineiramente, garantindo que a pista esteja em condições adequadas de trafegabilidade. Esse segmento está inserido no programa de concessões rodoviárias do governo federal, previsto para o primeiro semestre do próximo ano”.
Sobre a BR-381, acrescentou que o Lote 8A (Sabará a Caeté, na Grande BH) tem início de obras previsto para começar após a aprovação dos projetos executivos. Já o Lote 8B (Sabará a BH) está na etapa de revisão de projetos, com previsão de início das intervenções na sequência. “A autarquia destaca que todo o segmento sob responsabilidade do departamento está coberto por contratos de manutenção, garantindo que a rodovia ofereça aos usuários condições adequadas de trafegabilidade”, argumenta.
A EPR Via Mineira, responsável pela BR-040 de BH a Juiz de Fora, afirma ter reformado 66 pontes e viadutos e instalado mais de 135 mil tachas reflexivas. No segmento entre BH e Congonhas, a concessionária informou realizar serviços contínuos de limpeza e conservação, com atenção especial às áreas de maior fluxo de veículos pesados e transporte de minério, como o trecho entre Nova Lima e Congonhas. “Em um ano de operação, foram recolhidas mais de 630 toneladas de resíduos das margens e canaletas da rodovia, com apoio de equipamentos mecanizados e equipes em campo diariamente, mantendo o segmento livre de alagamentos e com drenagem adequada desde o início da concessão”, sustenta. Em 2026, segundo a EPR, terão início as obras de duplicação em Congonhas, entre os km 602 e 612, além de intervenção na ´área de Olhos D’Água, em Belo Horizonte.
A Via Cristais assumiu a gestão do trecho norte da BR-040, na saída para Brasília, em março de 2025, “quando recebeu o desafio de revitalizar um trecho que esteve um longo período sem manutenção”, considera. A meta é “recuperar a rodovia e oferecer mais segurança para quem circula no trecho de quase 600 quilômetros entre Cristalina (Goiás) e Belo Horizonte”.
A Autopista Regis Bittencourt, que administra a BR-116 (São Paulo/Curitiba), informou que efetuou intervenções de pavimento em trechos em que necessárias, implantou radares do Km 488,5 ao Km 513,8 e revitalizou os equipamentos do KM 509 ao 512.
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