Segurança pública

Em três anos, registros de armas caíram 80%

Segundo balanço da Polícia Federal, foram documentadas aproximadamente 240 mil armas — entre CACs e defesa pessoal — contra mais de um milhão nos três anos anteriores, por causa do maior rigor adotado pela corporação

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. -  (crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil     )
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. - (crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil )

Em balanço divulgado ontem, a Polícia Federal destacou um aumento expressivo na descapitalização do crime organizado e uma queda acentuada no registro de armas no país, resultados que demonstram uma maior eficácia nas investigações. O valor efetivamente apreendido e retirado das facções, até novembro deste ano, atingiu R$ 9,6 bilhões. Paralelamente, a PF registrou uma diminuição de 80% no número de registros de armas no triênio 2023-2025, em relação aos três anos anteriores (2020-2022).

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O diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, ressaltou o valor das apreensões deste ano, tendo em vista que, em 2024, o montante chegou a R$ 6,1 bilhões. Ele explicou que os recursos são referentes àqueles efetivamente retirados do crime organizado, seja em espécie, ou em bens — imóveis, embarcações, aeronaves, criptomoedas ou ouro. Destacou que, sobretudo, não se trata apenas de bloqueio de contas.

"Quando falamos em crime organizado, também tenho defendido um trabalho muito sereno em relação a isso. Quando tudo vira crime organizado, nada é crime organizado. E isso dificulta a compreensão do fenômeno, isso dificulta o enfrentamento com as ferramentas que se precisa ter. E isso, na verdade, em nada agrega, a não ser promoção pessoal ou midiática de quem quer aparecer, de quem quer estar na mídia", afirmou.

Rodrigues também ressaltou que o número de operações homologadas subiu de 3.134, no ano passado, para 3.310, este ano. Já os mandados de prisão cumpridos aumentaram de 2.184 para 2.413. Embora a PF tenha instaurado menos inquéritos em 2025, indiciou mais pessoas e registrou um índice maior de solução de investigações, o que, segundo o diretor-geral, indica um "melhor resultado qualitativo".

"Temos menor quantidade (de inquéritos), mais pessoas indiciadas, maior índice de solução, maior volume de recursos retirados do crime organizado, e maior rapidez na conclusão dos inquéritos, o que outrora, antes de chegarmos aqui, passava de 650 dias. Hoje, nossos inquéritos são concluídos, em média, com 444 dias de tramitação", explicou.

Operações e prisões

O diretor-geral da PF também exaltou a integração com os estados por meio das forças integradas de Combate ao Crime Organizado (FICCOs), que têm gerado resultados expressivos, totalizando 215 operações, 978 prisões e 1.551 mandados de busca e apreensão cumpridos neste ano. O valor descapitalizado por meio dessas ações foi de R$ 163,31 milhões.

A área de Polícia Administrativa, responsável por cerca de 90% dos serviços da PF prestados à população, também apresentou seus resultados de 2025. A instituição assumiu a fiscalização dos registros de Colecionadores, Atiradores Desportivos ou Caçadores (CACs) em 1º de julho e concedeu 1.022.021 certificados de registro. São 1.588.677 armas registradas.

O delegado Febrício Kerber, responsável pelo setor, apontou que essa política de controle dos armamentos resultou em uma queda de cerca de 80% no número de solicitações de registros de armas no período de 2023 a 2025, em comparação com 2020 a 2022. Foram registradas aproximadamente 240 mil armas — entre CACs e defesa pessoal — contra mais de um milhão nos três anos anteriores.

Em pouco mais de cinco meses, desde que a PF se tornou responsável por essa fiscalização, foram protocolados 640 mil requerimentos — uma média de quase 130 mil por mês. A polícia concluiu 80% desses processos, sendo a maior parte (cerca de 74%) analisada de forma semiautomatizada.

"Esse é um número interessante porque mostra o resultado dessa política de controle de armas para diminuir a violência e alguns desafios que a gente tem enfrentado", destacou.

Ao todo, foram gerados mais de R$ 51 milhões em taxas após a PF assumir a responsabilidade de fiscalizar esses registros. A corporação planeja, ainda, investir cerca de R$ 30 milhões nos próximos quatro anos no desenvolvimento de um novo sistema de controle de armas, que automatiza quase 80% do trabalho.

Além disso, a emissão de passaportes bateu recorde em 2025, totalizando 2,4 milhões, contra dois milhões em 2024. Kerber destacou que a média de impressão do documento, por dia, era de 15 mil unidades.

Crimes ambientais

O setor ambiental da PF, coordenado pelo delegado Humberto Freire, reportou o resultado do Plano Amazônia (ou Plano Amas), com foco na proteção do bioma e nas investigações financeiras. Ele comemorou que a Amazônia atingiu a menor taxa de desmatamento da década, caindo de 6,5 mil km², em 2024, para 5,8 mil km², em 2025.

Ele anunciou a entrega do Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI Amazônia) e a chegada dos equipamentos do projeto Ouro Alvo, com investimentos de R$ 50 milhões. O centro conta com oficiais de ligação da Colômbia, do Peru, Guiana, Suriname e Equador, além dos estados da Amazônia Legal.

"Desencadeamos operações com a Guiana, com a Colômbia, com o Peru e com a Bolívia, todas focadas nessa atividade prioritariamente dos crimes ambientais, mas que acabam alcançando outros tipos de crime que acontecem na faixa de fronteira", exemplificou.

 

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postado em 16/12/2025 03:55
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