A mobilização dos trabalhadores dos Correios avançou para um novo patamar após a orientação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) pela rejeição da proposta apresentada pela empresa e aprovação de greve nacional. Em vídeo divulgado nas redes sociais, na última terça-feira (23/12), o secretário-geral da entidade, Emerson Marinho, voltou a acusar a direção da estatal de intransigência e pediu participação massiva nas assembleias.
Por mais de cinco meses, segundo a federação, houve tentativa de diálogo com foco na preservação de direitos e na recomposição salarial. A Fentect afirma que as propostas apresentadas representam retirada de conquistas históricas e insuficiência diante das demandas atuais. A entidade também aponta necessidade de pressionar o governo federal para garantir valorização da categoria.
“A empresa continua intransigente, colocando proposta que retira o direito e nós, trabalhadores, não vamos assentar. Por isso, a orientação do Comando Nacional de Negociação e da direção da Fentect é para os trabalhadores lotarem as assembleias e dizerem um sonoro não a essa proposta, rejeitando a proposta feita pelo ministro Caputo Baixo do TST e aprovando a deflagração nacional da greve”, disse Emerson em parte do vídeo.
Conforme apuração do jornal Folha de SP, 18 sindicatos rejeitaram a proposta — um deles sem aprovar greve — enquanto outros 16 votaram pela aceitação do acordo. Em comunicado interno, a empresa avaliou que o resultado muda o rumo do processo. “O resultado encaminha formalmente a negociação para o dissídio coletivo”, disseram os Correios. “Com isso, a empresa encerra a etapa negocial direta, cumprindo integralmente os trâmites previstos, e passa a atuar no âmbito legal, com responsabilidade institucional, para assegurar a continuidade do processo.”
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Antes mesmo do fechamento das assembleias, a estatal divulgou uma mensagem direcionada aos empregados, em tom de apelo. No vídeo, a diretora de Gestão de Pessoas, Natália Mota, pede cautela diante do cenário financeiro da empresa. “A situação da empresa é conhecida e, nesse contexto, uma paralisação traz riscos concretos para a operação e para a capacidade de recuperação da empresa”, afirmou. Ela acrescentou que, apesar de não ideal, a proposta refletiria o limite atual da estatal. “Não é a proposta ideal, mas é resultado de um esforço real para preservar direitos importantes e, ao mesmo tempo, garantir condições para que a empresa possa se reerguer.”
A proposta construída no âmbito da mediação no Tribunal Superior do Trabalho prevê, entre outros pontos, o fim do chamado ponto por exceção para carteiros a partir de 1º de agosto de 2026. Atualmente, esse modelo garante pagamento de horas extras quando há extrapolação da jornada, sem exigência de compensação nos dias de saída antecipada. A direção dos Correios sustenta que a regra compromete a produtividade, já que, na avaliação da empresa, dificulta o monitoramento do cumprimento pleno das rotinas de entrega.
Entre os movimentos sindicais que estão na fase de negociações está o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo (Sintect-SP), que reúne a maior base de trabalhadores por estar no principal estado do país e confirmou a manutenção da greve. Segundo o sindicato, a expressiva participação demonstra organização, unidade e disposição para enfrentar a direção da empresa em busca de um acordo coletivo considerado justo. Uma nova assembleia foi convocada para 7 de janeiro de 2026, às 19h, na quadra da escola de samba Unidos do Peruche, quando a categoria voltará a avaliar os rumos da paralisação.
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