O hábito de anotar três coisas boas no final do dia é uma prática simples, mas que atua como um antídoto mental para a ansiedade. É um treino ativo que reprograma o cérebro para combater o estresse, focando no positivo.
Por que o cérebro foca tão facilmente no negativo?
O cérebro humano evoluiu com um “viés de negatividade” (negativity bias) para sobreviver. Ele é programado para dar mais atenção a ameaças, perigos e problemas (o que causa estresse) do que a experiências positivas.
Por causa disso, um único evento ruim (como uma crítica no trabalho) pode consumir 90% do nosso espaço mental, enquanto dez coisas boas que aconteceram no mesmo dia são esquecidas, alimentando a ruminação.
O ato de procurar ativamente 3 coisas boas força o córtex pré-frontal (a parte lógica do cérebro) a “ignorar” o alarme da amígdala (o centro do medo) e reequilibrar a perspectiva, quebrando o ciclo do estresse.

Como o ato de escrever muda a química cerebral?
Escrever é mais poderoso do que apenas “pensar” sobre a gratidão. O ato físico de escrever força o cérebro a ser específico e a concretizar o pensamento, o que reforça a experiência positiva e a consolida na memória.
Este foco intencional no positivo pode estimular a produção de neurotransmissores como a dopamina (ligada à recompensa) e a serotonina (ligada ao humor).
Mais importante, Harvard Health confirma que a gratidão ajuda a reduzir o cortisol (hormônio do estresse), especialmente à noite. Isso acalma o sistema nervoso e melhora a qualidade do sono, interrompendo os pensamentos ansiosos na hora de dormir.
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Que tipo de coisas devo escrever para o máximo benefício?
A eficácia do hábito está na especificidade, não na grandiosidade. Coisas “grandes” (como “minha saúde”) são muito abstratas e o cérebro não as processa como um evento positivo concreto.
É melhor focar em detalhes sensoriais ou momentos pequenos e específicos. O “porquê” também é crucial: “Falei com [Nome] e me senti ouvido” é mais forte do que “Falei com um amigo”.
Exemplos de itens específicos para anotar:
- O sabor de uma refeição específica (ex: “o primeiro gole de café da manhã”).
- Um pequeno gesto de gentileza (ex: “quando um colega segurou a porta”).
- Um momento de conforto ou beleza (ex: “a sensação do sol na pele por 5 minutos”).
- Uma tarefa que você concluiu (ex: “a sensação de alívio ao enviar aquele e-mail difícil”).
Quais são os benefícios observados além da redução do estresse?
A prática diária da gratidão, mesmo que por 3 minutos, acumula benefícios que vão além do humor imediato, impactando a saúde física e mental e construindo resiliência.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde mental como a capacidade de lidar com o estresse da vida, e a gratidão é uma ferramenta direta e gratuita para construir essa capacidade.
A tabela abaixo ilustra a mudança de foco mental:
| Abordagem | Foco da Mente | Resultado no Estresse |
| Padrão (Viés Negativo) | O que deu errado (Ruminação) | Alto (Cortisol ativado) |
| Gratidão (Hábito Ativo) | O que deu certo (Apreciação) | Reduzido (Foco no positivo) |
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Como criar o hábito sem falhar e o que evitar?
A simplicidade do hábito é enganosa; é muito fácil esquecer. A chave é a consistência e a baixa fricção (tornar o hábito o mais fácil possível de executar).
O maior erro é o perfeccionismo: achar que os itens precisam ser “grandes” ou que, se você falhar um dia, deve desistir. O objetivo é apenas o ato de procurar o positivo, mesmo em dias difíceis.
Dicas para manter o hábito (baixa fricção):
- “Empilhe” o Hábito: Faça-o imediatamente antes de um hábito já existente (ex: escovar os dentes à noite ou deitar na cama).
- Torne-o Óbvio: Deixe o caderno e a caneta visíveis no travesseiro ou na mesa de cabeceira.
- Mantenha a Simplicidade: Não exija mais que 3 coisas (ou 1, se estiver difícil). Um minuto é melhor que zero.
- Não Julgue o Item: “Não pegar trânsito” é tão válido quanto “receber um elogio”. O ato de procurar é o que importa.










