Nos últimos anos, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos por Crianças e adolescentes tem gerado preocupações crescentes entre especialistas em saúde mental. A recente aprovação da Lei 15.100/25, que proíbe o uso de celulares em escolas públicas e privadas, destaca a seriedade do problema. Com base na pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, estima-se que 25 milhões de jovens entre 9 e 17 anos acessam a internet regularmente no país, levantando questões sobre os efeitos da hiperconectividade.
O psicólogo Marcos Torati, especialista em Psicologia Clínica, observa que as redes sociais são projetadas para manter os usuários constantemente engajados, o que pode dificultar a capacidade de pausa e reflexão. Ele sugere que a busca por pertencimento no ambiente digital pode ser um reflexo de necessidades emocionais não atendidas no mundo real. Além disso, o excesso de estímulos digitais pode comprometer a concentração e aumentar a procrastinação.
Quais são os sinais de alerta para pais e responsáveis?
É importante que pais e responsáveis estejam atentos a mudanças no comportamento das Crianças, que podem indicar uma intoxicação digital. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:

- Respostas agressivas a frustrações cotidianas.
- Dificuldades de concentração e problemas de aprendizagem.
- Isolamento social e redução das interações presenciais.
- Problemas posturais e dores musculares devido ao uso prolongado de dispositivos.
- Insônia e sensação de cansaço constante.
- Hiperfoco no mundo virtual, negligenciando atividades do mundo real.
O psicólogo Torati alerta que, em alguns casos, esses sintomas podem ser confundidos com os do Transtorno do Espectro Autista (TEA), o que pode levar a diagnósticos incorretos.
Como o comportamento dos pais influencia a hiperconectividade infantil?
A hiperconectividade entre Crianças muitas vezes reflete os hábitos dos próprios pais. O uso de dispositivos eletrônicos como uma “chupeta digital” é uma prática comum, onde muitos pais recorrem a esses aparelhos para acalmar os filhos, evitando lidar com frustrações e emoções difíceis.
Torati enfatiza a importância de equilibrar o tempo de tela com experiências reais, como brincadeiras ao ar livre e interações sociais presenciais. Momentos de solitude também são fundamentais para o desenvolvimento emocional e cognitivo das Crianças. A tecnologia, segundo ele, não deve substituir o cuidado parental, mas ser usada com consciência e limites bem estabelecidos.
Quais são as estratégias para equilibrar o uso de tecnologia?
Para ajudar a mitigar os efeitos negativos da hiperconectividade, os especialistas sugerem algumas estratégias práticas:
- Estabelecer limites claros para o tempo de tela diário, garantindo que as Crianças tenham tempo suficiente para atividades físicas e sociais.
- Promover atividades offline que incentivem a criatividade e a interação social, como jogos de tabuleiro, esportes e artes.
- Incentivar pausas regulares durante o uso de dispositivos eletrônicos para evitar o cansaço visual e físico.
- Modelar comportamentos saudáveis ao limitar o próprio uso de tecnologia na presença das Crianças.
- Fomentar a comunicação aberta sobre os conteúdos acessados online, discutindo suas implicações e promovendo o pensamento crítico.
Essas medidas podem ajudar a criar um ambiente mais equilibrado e saudável para o desenvolvimento das Crianças, reduzindo os riscos associados à hiperconectividade.
Por que é importante buscar ajuda profissional?
Em casos onde os sintomas de intoxicação digital são persistentes ou severos, é crucial buscar a orientação de um profissional de saúde mental. Psicólogos e terapeutas podem oferecer suporte especializado para ajudar as Crianças a desenvolverem hábitos mais saudáveis e lidar com os desafios emocionais associados ao uso excessivo de tecnologia.
É importante lembrar que cada criança é única e pode reagir de maneira diferente à tecnologia. Portanto, uma abordagem personalizada e informada é essencial para garantir o bem-estar e o desenvolvimento saudável das Crianças no mundo digital de hoje.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
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