Com a recente autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso de Mounjaro (tirzepatida) no tratamento da apneia obstrutiva do sono (AOS), inúmeras dúvidas surgiram acerca dos profissionais que podem prescrever esse medicamento. A condição, que também é monitorada dentro da odontologia, permite agora que dentistas indiquem o remédio sob restrições específicas. A introdução de medicamentos para AOS traz consigo não apenas avanços, mas também desafios regulatórios.
É vital compreender que a tirzepatida somente deve ser prescrita para casos onde a apneia do sono está diretamente associada à obesidade, uma condição que requer acompanhamento médico contínuo. O Conselho Federal de Odontologia (CFO) sublinha a importância de se manter os limites éticos na prescrição, ressaltando que a obesidade, em si, não é uma área de tratamento dentro da odontologia. Isso garante que o foco do tratamento permaneça na saúde e segurança do paciente.
Por que a prescrição de medicamentos para a apneia do sono pode ser polêmica?
O tratamento de AOS envolvendo medicamentos sistêmicos pode ser uma fonte de debate, especialmente quanto à competência de dentistas em prescrever tais medicações. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) expressa preocupação com o uso de medicamentos como Mounjaro por dentistas, dada a complexidade dos seus efeitos colaterais potenciais, que podem não ser geridos adequadamente fora do ambiente médico. O foco deve estar sempre no tratamento multidisciplinar, envolvendo endocrinologistas, nutrólogos e otorrinolaringologistas.

Quais os riscos e benefícios associados à utilização de Mounjaro?
O uso de Mounjaro oferece benefícios comprovados para a redução das interrupções respiratórias durante o sono. Estudos clínicos evidenciam uma diminuição significativa nas interrupções, contribuindo para a melhora da qualidade de vida dos pacientes. No entanto, a prescrição indiscriminada sem acompanhamento médico pode introduzir riscos, especialmente considerando os efeitos adversos que podem surgir a partir de seu uso. A orientação profissional e a personalização do tratamento são cruciais.
Qual o papel dos dentistas no tratamento da apneia do sono?
Na odontologia, o tratamento para a AOS geralmente envolve o uso de dispositivos intraorais ou intervenções que alteram a estrutura óssea para facilitar a respiração. No entanto, cabe lembrar que os dentistas não podem realizar cirurgias para tratar de obstruções físicas como amígdalas grandes, adenoides ou desvios de septo. O tratamento da obesidade como um fator central de apneia continua sendo uma responsabilidade compartilhada com outras especialidades médicas.
Quais são os próximos passos para a integração de tratamentos para AOS?
A integração de novos tratamentos para AOS demanda uma colaboração entre especialidades, garantindo que os pacientes recebam atendimento abrangente e eficaz. É recomendado que dentistas que participam no tratamento da apneia tenham formação específica em sono, para que possam suportar seus pacientes de forma informada e responsável. As denúncias de prescrições fora do escopo podem ser levadas aos Conselhos Regionais de Odontologia, assegurando a conformidade ética.
A evolução das abordagens no tratamento da apneia do sono reflete um avanço promissor no manejo de condições respiratórias crônicas, mas requer uma estrutura cautelosa de apoio profissional para que o benefício ao paciente seja maximizado, minimizando qualquer risco potencial. A responsabilidade e a ética tornam-se, portanto, os pilares fundamentais na adoção de novas terapias.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271










