Polícia trabalha com morte acidental para caso do advogado que caiu no lago

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postado em 05/08/2020 06:00 / atualizado em 05/08/2020 18:14

As equipes do Corpo de Bombeiros procuraram por quatro dias o corpo do advogado Carlos Eduardo MaranoA Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga a causa da morte de Carlos Eduardo Marano Rocha, chamado de Dudu pelos amigos, 41 anos. O advogado estava em uma festa privada em uma embarcação, no Setor de Clubes Sul, no Lago Paranoá, quando desapareceu, no último sábado. Os participantes do evento alegam não ter visto o momento em que a vítima teria caído ou pulado na água. Após quatro dias de buscas realizadas pelo Corpo de Bombeiros (CBMDF), o corpo foi encontrado na noite de ontem, próximo ao Clube Cota Mil

O cunhado do advogado, Leonardo Albuquerque, 42, foi o responsável por identificar Carlos Eduardo. Ao Correio, o administrador destacou as buscas realizadas pelos bombeiros. “Em nome de toda a família, só podemos agradecer às equipes que nos prestaram apoio e não desistiram de procurar pelo Carlos, mesmo com todas as dificuldades. O empenho empregado nos gerou conforto nesse momento tão difícil”, afirmou.

O principal obstáculo encontrado pelos militares na procura pelo advogado foi a falta de informação sobre o acidente. O evento contou com 12 participantes, divididos em duas lanchas. Contudo, nenhum dos presentes teria visto o momento em que Carlos Eduardo teria entrado na água. A versão foi mantida tanto pelas equipes de buscas, quanto pelos depoimentos na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul). De acordo com as investigações da Polícia Civil, no dia do desaparecimento, o barco onde o advogado estava saiu da Marina Premium (Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 1, Lote 3). 

Sem o local exato do incidente, mergulhadores ficaram impossibilitados de submergir no Lago Paranoá. Ontem, a corporação contou com apoio de cães farejadores, entre eles o pastor alemão Bacco, que integrou a operação de apoio nas buscas pelas vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em 2019. O animal é capaz de identificar os odores de cadáveres no lago. 

No início da tarde de ontem, um vídeo gravado por pessoas que faziam o passeio na lancha com Carlos ajudou os bombeiros a delimitar a área de buscas. Por volta das 18h10, o corpo do advogado ficou submerso à água, na região central do Lago Paranoá, como explicou o capitão Daniel Oliveira.“A identificação preliminar da vítima foi realizada pela vestimenta, em específico, um short que Carlos Eduardo estava usando no dia do desaparecimento. Tivemos acesso a vídeos que mostravam a embarcação próxima à Península dos Ministros, por conta de alguns faróis e holofotes ao fundo. Desse modo, pudemos concentrar as buscas da equipe”, detalhou.

Investigação



Desde segunda-feira, pelo menos 11 pessoas prestaram depoimento na 10ª DP, entre amigos, familiares e os integrantes da festa particular. As lanchas onde ocorreram a festa serão periciadas. Com a localização do corpo da vítima, a ocorrência segue como morte em apuração. À priori, a principal hipótese considerada pelos investigadores é a de acidente. Para confirmar ou descartar a tese, o Instituto de Medicina Legal (IML) examina o cadáver para identificar, tanto a causa do óbito, quanto possíveis sinais de violência — se tiverem ocorrido.

O celular de Carlos Eduardo, localizado por familiares em uma das embarcações, foi entregue para perícia. As embarcações também serão analisadas por especialistas do Instituto de Criminalística (IC). Todos os exames referentes ao caso foram solicitados em caráter de urgência. Hoje, agentes prosseguem entrevistando integrantes do grupo que participaram do evento, assim como os familiares do advogado.

Dedicado



A confirmação da morte do advogado abalou conhecidos, amigos e familiares da vítima. Ontem, a Ordem dos Advogados (OAB/DF) e o escritório Leite, Tosto e Barros Advogados divulgaram notas de pesar sobre o caso. Ambas indicaram consternação com o falecimento e destacaram solidariedade aos mais próximos de Carlos Eduardo.

Em entrevista ao Correio, o servidor público Juscelino Bispo, 44, amigo há mais de 20 anos do advogado, o descreveu como uma pessoa “de bem com a vida, que buscava olhar o lado bom das coisas, mesmo em meio às dificuldades. O Dudu estava sempre sorrindo e se divertindo, contagiando quem estivesse próximo. Não era alguém que se envolvia em confusões, pelo contrário, procurava uma mediação.” Outro amigo da vítima, que preferiu o anonimato, destacou o sofrimento que a notícia da morte de Carlos Eduardo causou. “Estamos chocados e muito angustiados. Não conseguimos acreditar que o Dudu realmente morreu. ”, relatou, emocionado.

Memória



Outros acidentes no Lago em 2020

Em 17 de fevereiro, o Corpo de Bombeiros resgatou um homem que se afogou próximo à Ponte JK. Na ocasião, ele chegou a ficar oito minutos submerso em uma área com cinco metros de profundidade. Segundo os militares, o cidadão estava bebendo e decidiu atravessar parte do lago para acessar uma ilha. No meio do trajeto, ele acabou se afogando e foi resgatado a 15 metros da margem do lago. Os bombeiros levaram cerca de 17 minutos para restabelecer os sinais vitais da vítima. 

Em maio, um casal navegava em uma moto aquática, perto da Ponte das Garças, quando o jet ski em que estavam começou a afundar. Eles foram socorridos por populares que estavam no local e foram levados até a margem do lago. Os bombeiros atenderam ao chamado para socorrê-los, mas o casal não precisou de atendimento, nem de transporte. 

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PERFIL



Carlos Eduardo Marano Rocha, 41 anos, natural do Rio de Janeiro.




Formou-se em direito pelo Centro Universitário Euro-Americano (Unieuro) e especializou-se na área com duas pós-graduações: em direito civil e processual civil, pela Universidade Cândido Mendes (RJ), e em direito público, pela Fortium Cursos Jurídicos (DF). Em 2016 casou-se, mas acabou se separando dois anos depois, e não teve filhos. Morava sozinho no Noroeste e trabalhava para o escritório paulista Leite, Tosto e Barros Advogados. Como profissional, tinha experiência de 14 anos em contencioso cível, empresarial e consultivo bancário, especificamente sobre direito obrigacional, contratual, bancário, além de ter forte prática na realização de auditorias.

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