ACIDENTE

Motorista que arrastou jovem por 4km no Lago Sul é indiciado por tentativa de homicídio qualificado

Paula Thais, de 18 anos, foi arrastada por cerca de 4 quilômetros, em 16 de agosto. A jovem passou 39 dias internada após ter a mão e a mama esquerda amputadas. O motorista Caio Ericson fugiu do local do acidente e se apresentou à polícia dias depois

Sarah Peres
postado em 03/11/2020 19:28
 (crédito: Redes Sociais)
(crédito: Redes Sociais)

A 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) finalizou o inquérito investigativo do atropelamento da jovem Paula Thais Gomes de Oliveira, 18 anos, em 16 de agosto. A vítima foi arrastada por cerca de 4 quilômetros, da QI 19 à 23, pelo assessor parlamentar Caio Ericson Ferraz Pontes de Mello, 32, que fugiu do local. Ele foi indiciado por tentativa de homicídio doloso duplamente qualificado.

O acidente ocorreu pela madrugada, em um radar de velocidade da principal avenida do Lago Sul, a qual dá acesso aos condomínios do Jardim Botânico — onde o acusado mora. Paula Thais estava na garupa da motocicleta do companheiro, o motoboy Douglas Gonçalves dos Santos, 20. O caso foi testemunhado por um casal de amigos das vítimas.

Após elucidar as circunstâncias do crime, ouvindo testemunhas e com os laudos periciais produzidos pelos Institutos de Criminalística (IC) e de Medicina Legal (IML), o inquérito foi entregue para apreciação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

No âmbito do Código Penal Brasileiro, responde por tentativa de homicídio doloso duplamente qualificado: por resultar no perigo comum (atropelamento) e por a vítima não ter tido chance de defesa. A pena do delito varia de de doze a trinta anos de reclusão.

Quanto aos delitos previstos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Caio Ericson foi autuado por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, cuja pena varia de dois a cinco anos de reclusão; e por tentar induzir a erro o agente policial em investigação de acidente automobilístico, que prevê prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas. A unidade policial também apresentou uma decretação para a proibir Caio Ericson de dirigir.

Do estado gravíssimo à recuperação

Paula Thais foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) em estado gravíssimo ao Hospital de Base. Ela precisou ter a mão esquerda amputada, foi submetida a diversos procedimentos de reconstrução, além de outros tratamentos para recuperar as lesões, que afetaram diversas partes do corpo, inclusive de forma intensa a perna direita, que foi restaurada.

Paula Thais ficou 39 dias internada no Hospital de Base
Paula Thais ficou 39 dias internada no Hospital de Base (foto: Davidyson Damasceno/Iges-DF)

A jovem também perdeu as mamas, e irá realizar implante de prótese nos seios. Ela recebeu alta médica após 39 dias internadas no Hospital de Base, que é referência na área de trauma. Paula Thais se recupera dos ferimentos em casa, e prossegue com acompanhamento na unidade hospitalar pública.

À época da liberação, a vítima comemorou a melhora. “Quando cheguei, estava numa situação muito feia, até eu mesma duvidei. Pensei que nunca mais iria falar, ficar com o olho aberto e me recuperar. Aos poucos, fui melhorando, os médicos foram fazendo os enxertos. Precisava ir três vezes por semana ao centro cirúrgico. Cada parte do meu corpo que ficou machucado foi sendo refeito e todos me tratando muito bem no hospital, me dando mais força para eu vencer”, disse.

“Apagão”

Em 18 de agosto o condutor do VW Up!, Caio Ericson, se apresentou à 10ª Delegacia de Polícia, acompanhado de advogados. O acusado já havia sido identificado por investigadores, após o veículo envolvido no acidente ter sido encontrado em uma oficina do Guará. Em depoimento, o assessor parlamentar alegou ter sofrido um “apagão” e, por isso, não se recorda do acidente. Ele estava no restaurante Camarões, próximo ao Lake Side, antes de se envolver no atropelamento de Paula Thais e Douglas.

Conforme apuração do Correio, Caio Ericson já foi autuado duas vezes pelo Departamento de Trânsito (Detran-DF) por alcoolemia ao volante. Os casos ocorreram em 2008 e em 2010. No primeiro caso, o assessor parlamentar foi flagrado dirigindo alcoolizado às 2h15 de 1º de novembro, quando transitava pela contramão da via, perto do Marina Hall, quando foi abordado pela fiscalização.

Já em 21 de janeiro de 2010, Caio caiu novamente na blitz da lei seca, dessa vez, no Setor de Clubes Sul, próximo ao Pier 21. Era 1h10 da madrugada. Além disso, o prontuário do suspeito mostra que em 14 de maio, quatro meses após o último flagrante de alcoolemia, os radares flagraram três infrações por excesso de velocidade, todas por volta das 4h. Também há registro de multas por dirigir falando ao celular, estacionamento irregular e avanço de sinal vermelho.

 

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