CB.SAÚDE

Vacina para gestantes é segura e necessária, garante obstetra

À frente da Unidade Materno-Infantil do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Lizandra Paravidine Sasaki reforça a importância da vacinação para grávidas e puérperas

Ana Maria da Silva
postado em 29/04/2021 16:04 / atualizado em 29/04/2021 16:18
Lizandra Paravidine Sasaki, chefe da Unidade Materno-Infantil do HUB, foi a entrevistada do CBSaúde -  (crédito: Ed Alves/CB)
Lizandra Paravidine Sasaki, chefe da Unidade Materno-Infantil do HUB, foi a entrevistada do CBSaúde - (crédito: Ed Alves/CB)

Após o Ministério da Saúde autorizar a vacinação contra a covid-19 em grávidas, a Secretaria de Saúde liberou o atendimento desse grupo no Distrito Federal. No entanto, muitas dúvidas ainda giram em torno da imunização para o grupo. Em entrevista ao programa CB.Poder — uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília —, a chefe da Unidade Materno-Infantil do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Lizandra Paravidine Sasaki, garantiu que não é preciso medo.

“É seguro. Já há outros países que têm feito a vacinação em gestantes com uma segurança excelente, assim como em outros grupos. E a gente sabe que entre o risco da vacinação e o risco da covid-19 na gravidez, a vacinação é infinitamente menor”, pontua. De acordo com a obstetra, que acompanha gestantes com covid-19 no hospital, as dúvidas são pertinentes. “Quando a gente lida com gestantes, qualquer medicamento, substância, gera uma série de dúvidas”, completa.

Conforme explicado por Lizandra, a vacina da covid-19 utiliza um tipo de tecnologia utilizada em outras vacinas. “Por exemplo, a da influenza, em que gestantes e puérperas já são imunizadas como grupo prioritário. Já temos a mesma tecnologia de vírus inativo utilizada agora, por exemplo, pela CoronaVac. Já fizemos testes anteriores com vacinas similares”, garante. A obstetra afirmou que não há o que se preocupar com a vacina da Pfizer também, uma vez que já foi utilizada no exterior, com excelente eficácia e segurança.

Apesar das garantias, a dúvida gira em torno da vacina de Oxford, uma vez que ficou conhecida pela possibilidade de aumentar o risco de trombose. “Esse risco é muito baixo. E ainda temos estudos que avaliam se esse risco é pela vacina mesmo. A última nota técnica do Ministério da Saúde, feita pelo laboratório de farmacologia dessa área, mostrou que o risco é de uma a oito pessoas para cada milhão de pacientes”, pontua Lizandra.

A obstetra lembra que a covid-19, nas fases graves, aumenta o risco de trombose. “Alguns estudos mostram que um a cada cinco pacientes é internado”, afirma. “Então se colocarmos na balança o risco ínfimo de uma vacina e o risco, muito maior, da doença, não temos dúvida de que a vacinação deve ser realizada sem medo pela população, principalmente no caso dos grupos prioritários, e aí entra as gestantes”, completa.

Infecção e mortalidade

De acordo com um estudo feito em Washington, o risco de contaminação em gestantes é menor. Porém, uma vez contaminada, o risco de óbito é 20 vezes maior. De acordo com a obstetra, isso se justifica pelo aumento da taxa de infecções e alteração da parte imunológica. “Então a defesa do organismo das mulheres gestantes é alterada, e com isso temos um risco maior de infecções, e isso não é só para a covid-19. Notamos que no ano passado, já tínhamos um número alto. Infelizmente, o Brasil é campeão em mortes maternas no mundo”, lamenta.

No DF, as grávidas e puérperas não fazem parte do grupo de maior mortalidade, de acordo com a obstetra. “Nós conseguimos adaptar muito bem a logística do DF com o número de hospitais públicos da rede, que foi suficiente para direcionar. Hoje, temos o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) como prioridade para doenças de mulheres com covid-19, gestantes na fase aguda da doença. E eles têm uma baixa taxa de mortalidade. Existe, mas é um número baixo”, garante.

De acordo com Lizandra, a comunidade médica tem visto algumas particularidades na comunidade de gestantes. “Muitas estão com medo e não estão fazendo o pré-natal, por exemplo. É essencial que não parem de ser atendidas pelos médicos, porque isso faz muita diferença”, pontua. “A segunda é que elas têm deixado de procurar o sistema de saúde em uma fase avançada da doença, porque gestantes, por si só, já sentem falta de ar, não se sentem bem, com fraqueza. Às vezes, essa diferenciação entre uma infecção viral e uma gravidez tem sido difícil”, afirma.

De acordo com a obstetra, o terceiro é o mais importante: “Quase um terço ou mais dessas mulheres, em alguns estados, chegaram a procurar o sistema público de saúde mas não chegaram a entrar, sequer na ventilação mecânica, que sabemos que pode diminuir mortes. Em alguns estados, quase cinquenta por cento não tiveram acesso à unidade de terapia intensiva (UTI) ou ventilação mecânica”, ressalta.

Atenção

Segundo Lizandra, a preocupação com o bebê deve ser mantida. “Alguns estudos mostraram que gestantes e grávidas passavam pelo cordão umbilical um certo grau de transferência de imunologia, de imunoglobulinas, para os bebês, que são protetivos. A gente também não sabe qual grau de proteção a mãe passa pelo leite materno ao ser vacinada, mas pode existir”, pontua.

Além dos recém-nascidos, a obstetra reforça a importância do cuidado no caso das puérperas. “É preciso mais preocupação nestes casos, porque existem alguns estudos que mostram que a mortalidade das mães no puerpério é maior do que em gestantes. É uma fase com baixa imunidade, a gente não se alimenta bem, não dorme adequadamente, tem todos os perigos e alterações metabólicas e hormonais dessa fase”, afirma.

Confira a íntegra do CB.Saúde:

 

 

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