Coronavírus

Início da vacinação de professores deve permitir reabertura de 15 creches

Entre idas e vindas nas datas, as secretarias de Educação e Saúde confirmaram o início da imunização dos docentes da capital. Cerca de 12,5 mil pessoas vão ser contempladas

Samara Schwingel
Ana Isabel Mansur
postado em 20/05/2021 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Depois de um dia de indefinições e de recuos, o Governo do Distrito Federal anunciou a data para o início da vacinação dos professores. O secretário de Educação do DF, Leandro Cruz, confirmou, na noite de quarta-feira (19/5), que os profissionais de creches das redes pública e privadas começarão a ser imunizados na sexta (21/5). Ao Correio, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, confirmou a data, mas não haverá campanha no fim de semana. A Secretaria de Saúde informou que a imunização desse público, por ora, será “somente na UBS 1 do Guará, localizada na QE 6, lote C, Área Especial.” No primeiro dia, serão mil doses, que, segundo fontes do GDF, permitirão a reabertura de 15 creches públicas.

Segundo o chefe da Educação, os primeiros profissionais a serem imunizados, cujo critério usado será o local de trabalho em creches públicas e particulares, serão convocados por e-mail ou por telefone e informados do horário. “Precisa haver um critério para ter início; então, serão as creches com crianças de 0 a 3 anos. Com isso, vamos abrir a possibilidade de contraprestação para o trabalhador que não está vacinado de um local em segurança para deixar o filho”, argumentou Leandro Cruz, que pediu que as pessoas evitem chegar com antecedência à UBS 1 do Guará amanhã, a fim de evitar aglomerações.

“Queremos ser exemplo de organização. Nosso objetivo é vacinar os trabalhadores das unidades e abri-las (aos estudantes). A prioridade (no início) será imunizar os profissionais do ensino particular que, com todos os riscos, estão no ensino presencial. A grande minoria será da rede pública, mas vamos contemplar servidores do GDF em trabalho presencial, como os membros das equipes gestoras”, explicou o secretário, que evitou chamar essa etapa do processo de “primeira fase.” “É o início do processo de vacinação de todos os profissionais que trabalham com educação no DF, seja na rede pública seja privada. Não pretendo interromper esse processo, mas, para isso, precisamos que o Ministério da Saúde garanta para o DF os imunizantes necessários”, completou.

Entre os 12,5 mil nomes enviados ao GDF, 3,5 mil são de profissionais da rede pública e 9 mil da rede privada. Porém, segundo a Secretaria de Saúde (SES-DF), serão disponibilizadas, inicialmente, 5 mil doses para vacinar esse público. Em mais uma mudança, a SES-DF informou ao Correio, em nota, que “o planejamento inicial previa a aplicação de 300 doses no sábado. Agora, serão mil doses aplicadas na sexta, contemplando trabalhadores de creches públicas e privadas.”

Após os professores de creches, a depender da chegada de mais doses de vacinas, a ideia é iniciar a vacinação de outros profissionais da categoria. De acordo com o plano da Secretaria de Educação, a ampliação ocorrerá dos educadores de crianças mais novas para os professores de adolescentes e universitários. Segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), a vacinação vai abranger todos os funcionários que trabalham na área da educação. “Vamos vacinar todos que fazem parte do sistema educacional. Faxineiros, vigilantes, gestores e professores”, afirmou o governador na manhã de ontem enquanto aguardava para se vacinar no Estacionamento 13 do Parque da Cidade.

O governador reforçou a previsão de, até outubro deste ano, imunizar 70% dos moradores do DF. Por ora, de acordo com dados do portal Coronavírus Brasil, a capital federal vacinou, com a primeira dose, 18,76% da população com mais de 18 anos. Cerca de 9,76% receberam a segunda dose.

Retorno
A vacinação dos educadores é um dos passos para garantir a volta às aulas presenciais na rede pública. Vaniria da Costa, 36 anos, é professora de uma creche parceira do GDF no Lago Sul e, desde o início da pandemia, está dando aulas no formato on-line. “É muito difícil manter as crianças focadas e interessadas neste formato. A maioria delas não aguenta mais o ensino a distância. É uma luta diária para fazer com que eles queiram participar”, diz.

Moradora de São Sebastião, a educadora chegou a contrair a covid-19. “Minha família inteira pegou a doença há alguns meses. Graças a Deus não tivemos nada grave, mas a vacina vai me dar uma segurança maior”, relata. Para ela, a pandemia não impactou somente as crianças. “Afetou demais a todos nós. Ficamos exaustos, a rotina mudou muito. Não vejo a hora de voltar (ao trabalho presencial)”, completa. Por isso, Vaniria está muito animada com a possibilidade de se vacinar. “A expectativa é a melhor possível, estou ansiosa e espero que, a partir da vacinação, as coisas melhorem”, afirma.

Segurança
A infectologista Ana Helena Germoglio considera que o início da vacinação de professores é um avanço para que as aulas retornem ao modelo presencial. Ana considera que a decisão de iniciar a vacinação pelos funcionários de creches foi acertada. “Professores, gestores, vigias, todos que têm contato com as crianças precisam se vacinar”, completa.

Mariana Barbosa, 40, é professora de uma creche pública localizada no Núcleo Bandeirante. Ela conta que, assim que a crise sanitária começou, as aulas da unidade passaram para o modelo remoto, mas que não há retorno positivo por parte dos alunos. A moradora de Taguatinga contraiu covid-19 em agosto do ano passado e, com sequelas até hoje, só vai voltar ao trabalho com as duas doses da vacina. “Estou afastada e minha médica me informou que só me libera para retornar após eu ser imunizada. Então, a expectativa é grande”, relata.

Fiscalização
O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), por meio da força-tarefa de combate à pandemia, acompanha todas as fases da campanha de vacinação contra a covid-19 e fará a fiscalização também na imunização dos profissionais da Educação. De acordo com o coordenador da força-tarefa, o procurador de Justiça José Eduardo Sabo Paes, é importante que todos que atuam nas escolas sejam vacinados. “O MP vai estar atento para garantir que estejam sendo vacinados aqueles que tenham um vínculo laboral e educacional com as escolas que se encaixam na atual fase”, explica.

A Secretaria de Educação foi responsável por passar a lista com o nome e local de atuação dos professores da rede pública. As instituições privadas devem, cada uma, fornecer uma lista própria com as informações. Caso seja identificado um caso de irregularidade do processo, qualquer pessoa pode comunicar à ouvidoria do MPDFT, à força-tarefa ou às promotorias de Educação.

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Tira-dúvidas

Quais documentos os professores precisam levar no dia da vacinação?
Uma lista com os nomes já foi encaminhada pela Secretaria de Educação para a pasta da Saúde. Os trabalhadores da rede privada deverão apresentar crachá funcional ou contracheque recente — para comprovar o vínculo — e documento de identificação com foto e CPF. Para os profissionais da rede pública, basta o RG, pois a matrícula do servidor é vinculada ao documento.

Tomei a vacina da gripe. Quanto tempo esperar até tomar a da covid-19?
A recomendação da Secretaria de Saúde é que se espere 15 dias entre uma vacina e outra.

Se eu não tomar a vacina agora vou ficar sem a dose?
Não. Segundo o GDF, haverá doses para todos.

Vai haver agendamento?
Não haverá agendamento para esse público. Os profissionais convocados para a vacinação amanhã deverão comparecer somente à UBS 1 do Guará, em horário a ser informado no chamamento. Ainda não há informações sobre outros locais de imunização para o público.

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