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Facebook tem 346 perfis falsos de Lázaro Barbosa; foragido também está na Wikipédia

O caso do suspeito de cometer quatro homicídios, diversas invasões e incêndios nos últimos oito dias tem ganhado notoriedade, mas também é algo de fake news

Talita de Souza
postado em 17/06/2021 23:39 / atualizado em 17/06/2021 23:50
 (crédito: Reprodução/Facebook )
(crédito: Reprodução/Facebook )

A busca por Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, ainda não terminou, mas a notoriedade do caso chamou a atenção dos brasileiros e propiciou a criação de diversas informações falsas. Na noite desta quinta-feira (17/6), uma pesquisa rápida no Facebook revelou 346 perfis falsos com o nome, sobrenome e foto do foragido.

As contas utilizam a foto divulgada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), tirada durante uma prisão há alguns anos. Os internautas também personalizaram as informações de localidade e profissão nos perfis: “mora em Mato” e “trabalha na empresa serial killer” são alguns dados em comuns das contas.

Um dos perfis tem a bio preenchida como “Loko e doido, possuído pelo diabo, rei da floresta, perito em fuga, futuro herdeiro do trono do diabo”. As contas também enviam solicitações de amizade. Um deles registra mais de 270 amigos. No entanto, não fizeram publicações até o momento.

 

Foragido ganha página na maior enciclopédia on-line do mundo

Mesmo com o caso ainda aberto, a história do foragido e da procura feita por mais de 200 policiais do Distrito Federal, do Goiás e da Polícia Federal já está descrita na Wikipédia Brasil. A plataforma é uma enciclopédia on-line mantida por qualquer pessoa que se interessar em fazer um registro de algum evento, fato histórico ou de alguma personalidade.

A página Lázaro Barbosa (criminoso) foi criada na terça-feira (15/6), no entanto, as informações são atualizadas diariamente e há um aviso no início da página que alerta leitores que a história ocorre em tempo real e os dados podem mudar com frequência.

Sem autoria definida, o texto reúne informações baseadas em 33 fontes, todas de veículos de comunicação. Três matérias produzidas pelo Correio sobre o caso foram utilizadas na construção do histórico on-line.


Fatos distorcidos e falta de informações na página

O texto é dividido por data e registra os desdobramentos do caso desde o primeiro crime, a morte de Cláudio Vidal, 48 anos, e os dois filhos, e o sequestro de Cleonice Marques, 43 anos, mãe e esposa das vítimas. Não foram registradas informações falsas, as chamadas fake news, no entanto, há distorções em algumas partes do texto que podem influenciar o leitor.

No intertítulo “11 de junho de 2021”, a data afirma que Lázaro incendiou o veículo roubado em Ceilândia, ao chegar em Cocalzinho (GO), com a ajuda de um “comparsa”. No entanto, o incêndio foi criado apenas por Lázaro. O homem, identificado como “comparsa”, apenas o buscou na rodovia em que abandonou o veículo e a polícia não confirmou envolvimento dele com o caso.

Em “15 de junho de 2021”, o texto relata uma troca de tiros entre a polícia e Lázaro, e afirma que o efetivo policial encontrou o foragido em uma ronda. A verdade é que um policial recebeu um pedido de socorro de uma moradora e se dirigiu até o local. Lá, percebeu que a família não estava em casa e adentrou, junto a outros policiais, na mata.

Foi perto de um rio que a polícia avistou Lázaro e a família, que naquele momento eram três reféns. Houve a troca de tiros e o criminoso fugiu. A família foi resgatada em segurança, mas um policial foi atingido por uma bala que passou de raspão pelo rosto dele.

Já em “16 de junho de 2021”, a página relata a história acima. O fato ocorreu em 15 de junho.

Em outras partes do texto é possível observar comentários de teor opinativo que não foram confirmados por membros das polícias que trabalham na busca e nem por profissionais da área. É o caso do intertítulo “Antecedentes”, que afirma que o ato de Lázaro deixar nuas três mulheres durante uma invasão em 2020 era “uma forma sádica de prazer na humilhação passada pelas vítimas no qual não estava diretamente relacionada com o abuso sexual”.

Em “10 de junho de 2021”, o autor do texto afirmou que Lázaro fez “comentários orgulhosos sobre o crime” no Incra 9 para a proprietária de uma chácara que invadiu logo após o triplo homicídio. No entanto, a refém, Sílvia Campos de Oliveira, 40 anos, relatou ao Correio que ele confirmou ser o autor do crime, mas disse que não estava só. Ela também afirmou que ele estava agitado e soltava frases desconexas.

A página ainda cita apelidos para Lázaro: “O Carrasco do Incra 9”, “Índio”, “Satanista”. Os termos não são reconhecidos pelas autoridades e o uso deles na página leva a crer que a autoria do documento é de algum telespectador que acompanha o caso, visto que esses “nomes” circulam nas redes sociais, junto a outras fake news, como a mãe ser feiticeira e enquanto ela estiver viva ele não será preso.

O Correio acompanha, presencialmente, o caso desde o início. Baseado em informações comprovadas, a equipe de reportagem produziu um passo a passo do caso. Confira aqui.

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  • Página no Facebook sobre Lázaro Barbosa
    Página no Facebook sobre Lázaro Barbosa Foto: Reprodução/Facebook
  • Página sobre Lázaro Barbosa na Wikipédia
    Página sobre Lázaro Barbosa na Wikipédia Foto: Reprodução/Wikipedia
  • Página sobre Lázaro Barbosa na internet
    Página sobre Lázaro Barbosa na internet Foto: Reprodução/Facebook
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