Pandemia

Covid-19: UnB desenvolve tecnologia para identificar variante durante teste

Tecnologia desenvolvida no Laboratório de Diagnóstico Molecular do Hospital Universitário de Brasília (HUB) é testada desde maio de 2021

Correio Braziliense
postado em 26/10/2021 15:52 / atualizado em 26/10/2021 15:55
 (crédito: MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
(crédito: MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

O Laboratório de Diagnóstico Molecular do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) desenvolveu uma nova tecnologia que permite identificar a variante presente na amostra de covid-19. A técnica é testada desde maio de 2021 e foi usada para realizar a genotipagem de 811 amostras coletadas desde março deste ano, com resultado positivo para a doença.

“Esse trabalho fortalece o compromisso do HUB com a pesquisa, oferecendo novas tecnologias que possam responder perguntas importantes para o hospital e para a sociedade”, afirma o chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HUB, Rodrigo Haddad.

A tecnologia utilizada é a mesma usada para a detecção do coronavírus, chamada de RT-PCR ou PCR em tempo real. Cada variante possui um conjunto de mutações específicas e a análise feita pelo RT-PCR é capaz de identificar essas mutações das variantes Alfa, Gama (P1) e Delta. A técnica foi desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Ceilândia (FCE-UnB) e do HUB, hospital vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“Facilitar a identificação das variantes de covid-19 pode trazer grande impacto no entendimento do comportamento da doença e no planejamento de ações para sua prevenção. A Ebserh tem participado de forma ativa em pesquisas relacionadas à covid desde o início da pandemia”, explica o diretor de Ensino, Pesquisa e Atenção à Saúde da Ebserh, Giuseppe Cesare Gatto.

O método mais comum para a detecção de variante é baseado no sequenciamento genético, que exige um processo mais caro, demorado e com maior estrutura de equipamentos e pessoal. A genotipagem por RT-PCR é 90% mais barata, chega ao resultado em duas horas e meia e pode ser feita em qualquer laboratório que possua uma máquina de RT-PCR. “Com essas facilidades, conseguimos analisar uma quantidade maior de amostras, o que é essencial para o acompanhamento da predominância das variantes e para fins epidemiológicos”, explica o professor da Faculdade de Ceilândia (FCE-UnB) e coordenador do estudo, Alex Pereira.

Pesquisa

Das 811 amostras que passaram pela genotipagem, 264 são de profissionais e pacientes do HUB e 547 de moradores da Estrutural, cidade satélite do Distrito Federal. O projeto de pesquisa chamado Zica, Arbovírus and other Infections Cohort Studies (ZARICS) está acompanhando os casos de covid-19 na Estrutural desde março de 2020. O projeto é coordenado pela Faculdade de Ceilândia (FCE-UnB), em parceria com o HUB e a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), e conta com o financiamento dos ministérios da Educação e da Saúde e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF).

Os moradores com sintomas de covid-19 são testados pelos pesquisadores e os casos positivos passam pela genotipagem no laboratório do HUB. Os resultados mostram as variantes predominantes na cidade desde março de 2021. No mês de julho, 79% dos casos eram da variante Gama (P1). A variante Delta começou a aparecer em agosto e ao final do mês já provocava 56% dos casos. Em setembro, a Delta foi responsável por 88% das infecções, enquanto a Gama (P1) foi identificada em apenas 2% das amostras.

“Essa parceria reforça o apoio do HUB e da UnB no entendimento da dinâmica de transmissão da covid-19. A variante Delta está se expandindo cada vez mais e esses dados representam um sinal de alerta para o surgimento de possíveis novos casos graves da doença”, afirma o professor da Faculdade de Ceilândia (FCE) e coordenador da pesquisa, Wildo Araújo. “Esses resultados corroboram o papel fundamental da ciência na investigação e compreensão dos problemas em saúde que afligem a sociedade e na busca e construção de soluções baseadas em evidências sólidas”, acrescenta a gerente de Ensino e Pesquisa do HUB, Dayde Mendonça.

Os dados estão sendo encaminhados para a SES-DF para contribuir no acompanhamento da disseminação das variantes e no controle epidemiológico da doença. De acordo com o diretor de Vigilância Epidemiológica em Saúde da SES-DF, Fabiano Martins, a Estrutural é local estratégico e reflete o cenário que vivemos hoje no Distrito Federal. O estudo determina o comportamento do vírus na população e permite pensar em novas estratégias de vigilância, visando a otimização dos recursos públicos.

“São dados preocupantes porque se trata de uma variante nova e com perfil de alta transmissibilidade. O estudo nos ajuda a fomentar políticas públicas e realizar novas estratégias de vigilância sentinela. É uma tecnologia capaz de dar respostas rápidas, que é o que precisamos neste momento”, explica Fabiano Martins.

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