Prevenção

Campanha de multivacinação no DF está abaixo da meta e preocupa especialistas

Secretaria de Saúde destaca a importância em manter a caderneta de vacinação atualizada. Objetivo é evitar que doenças erradicadas voltem a aparecer, além de oferecer proteção contra patologias que continuam circulando entre a população

A Campanha Nacional de Multivacinação começou em 1° de outubro, no Distrito Federal, com objetivo de atualizar a caderneta de vacinação de crianças e adolescentes de até 15 anos. A imunização é de graça e combate diversas doenças, como sarampo, HPV, varicela e meningite. A maior parte desses imunizantes deveria ser aplicados na infância e faz parte do calendário básico de vacinação preconizado pelo Ministério da Saúde.

Ao todo, a Secretaria de Saúde oferece 18 vacinas à população, que previnem mais de 20 doenças. No entanto, apesar da importância e da oferta de doses durante todo o ano nas unidades básicas de saúde (UBS), a cobertura está baixa na capital. De acordo com a pasta, houve queda na procura pelos principais imunizantes disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado. Embora os índices de vacinação tenham aumentado no primeiro quadrimestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado, numa comparação com o ano de 2019, o percentual é baixo.

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A gerente da Vigilância das Doenças Imunopreveníveis (GEVITHA/SVS), da Secretaria de Saúde, Renata Brandão, reforça a importância em manter a caderneta atualizada. “Para que se evite as doenças imunopreveníveis, que são as que podemos prevenir com vacinas, a gente precisa manter a vacinação em dia. Se temos esses recursos à nossa disposição, precisamos usufruir”, destaca.

As metas de vacinação contra algumas doenças não foram cumpridas no DF, como contra o rotavírus, que é de 90%, mas 78,2% do público alvo foi imunizado. Antes da campanha, a única vacina que atingiu a meta foi a BCG, que previne a tuberculose e é disponibilizada nas maternidades dos hospitais regionais e na Casa de Parto. “Com a pandemia, muitas pessoas deixaram de se vacinar, isso causou a queda no número de adesão. E, agora, é o momento de atualizarem o cartão de vacina”, alerta Renata Brandão.

Ana Carolina Ribeiro, 23 anos, levou o filho Uriel Benjamin Ribeiro, de um ano e quatro meses, para tomar quatro vacinas que estavam atrasadas. O bebê recebeu a tetravalente viral, a tríplice bacteriana (DTP), a vacina oral poliomielite (VOP), e a de varicela. “A pandemia dificultou muito. Aí, vi que estavam divulgando a campanha e aproveitei para atualizar as que estão atrasadas. Ele tomou todas de uma vez, uma em cada parte do corpo”, disse a mãe do menino.

A gerente da Vigilância das Doenças Imunopreveníveis garante que não há problema em tomar mais de uma vacina por vez, no entanto cada caso deve ser avaliado isoladamente. “O que não pode é perder a oportunidade”, frisa Renata Brandão.

Apesar de algumas doenças, como sarampo e poliomielite, terem sido erradicadas, não foram eliminadas. E a baixa adesão de vacinação, pode facilitar que a doença reapareça no Brasil. “Por muitas pessoas, essas doenças não são mais lembradas, mas ainda circulam. Um exemplo é o sarampo que foi erradicado e voltou por causa da falta de vacinação. No caso da poliomielite, ela está ativa em alguns países, como o Afeganistão, que enfrenta uma situação em que as pessoas estão fugindo para os países, e isso é um risco de que a doença retorne.”

Para ser vacinado, basta levar a caderneta de vacinação e um documento de identidade com foto ao ponto de imunização mais próximo. Ao todo, o Distrito Federal tem 111 locais de vacinação, que podem ser consultados no site da Secretaria de Saúde. A campanha de atualização da caderneta de vacinação vai até o dia 29 de outubro.

Influenza

A pequena Olívia Costa de Souza, 4 anos, foi levada pela mãe Cecília Costa Medeiro, 29, para tomar as três vacinas que faltavam na carteira de vacinação. Ao chegar no posto, logo percebeu que precisaria “levar injeção”’. Entre lágrimas, ela pediu para deixar para amanhã, mas, após uma conversa com a mãe, entendeu que era para o bem dela. “Dói só uma picadinha, igual uma formiguinha. É para não ficar dodói, e se eu for corajosa, vou ganhar uma surpresa”, disse, animada. Com o cartão de vacina atualizado e imunizada, Olívia teve direito a um sorvete na volta para casa por não ter chorado.

Para encorajar a filha, Cecília se vacinou contra Influenza. “Durante a pandemia, acabamos focando demais no novo coronavírus e nos esquecemos das outras doenças, que também podem ser graves. Quando cheguei, fiquei sabendo que também poderia tomar essa e aproveitei para mostrar para ela que não dói tanto, e é para o nosso bem”, explicou.

 

COBERTURA VACINAL DO DF DOS PRINCIPAIS IMUNIZANTES

2019

BCG: 98,3

Rotavírus: 86,8

Meningo C: 90,8

Pólio: 88,7

Pneumo-10V: 88,5

Penta: 90,0

Tríplice Viral: 90,1

Hepatite A: 98,3

Febre Amarela: 89,9

Hepatite B: 90,7


2020

BCG: 69,8

Rotavírus: 69,8

Meningo C: 70,0

Pólio: 67,3

Pneumo-10V: 72,2

Penta: 76,9

Tríplice Viral: 63,7

Hepatite A: 69,8

Febre Amarela: 62,9

Hepatite B: 77,7

 

2021

BCG: 95,7

Rotavírus: 78,2

Meningo C: 80,8

Pólio: 78,2

Pneumo-10V: 81,4

Penta: 78,3

Tríplice Viral: 78,2

Hepatite A: 88,3

Febre Amarela: 79,9

Hepatite B: 78,7