Entrevista

Covid-19: Autotestes não são definitivos para diagnóstico da doença

De acordo com o farmacêutico Forland Oliveira Silva, integrante do Conselho Federal de Farmácia, os dispositivos autorizados recentemente pela Anvisa servirão como uma ferramenta de monitoramento

Correio Braziliense
postado em 24/02/2022 16:58 / atualizado em 24/02/2022 17:01
Entrevistado ressaltou a importância de seguir as recomendações dos fabricantes na hora do teste -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Entrevistado ressaltou a importância de seguir as recomendações dos fabricantes na hora do teste - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Os autotestes de covid-19, autorizados recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são uma ferramenta de monitoramento, mas podem ser imprecisos para o diagnóstico da doença. Em entrevista ao CB Saúde, programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília, o farmacêutico, integrante do Conselho Federal de Farmácia, especialista em farmacologia clínica e mestre em patologia molecular, Forland Oliveira Silva, afirmou que os autotestes são orientativos e vão servir de apoio para o que já temos disponível, atualmente, mas que a própria imperícia dos usuários pode comprometer os resultados.

“Nós temos muitos casos de pacientes com sintomas respiratórios, que estão cumprindo isolamento, sem estar com a covid-19. Então, os autotestes devem ajudar nesses casos”, destacou Forland.

Autoteste x PCR

O farmacêutico ressaltou que os testes que foram autorizados pela Anvisa, agora, são os que detectam apenas o antígeno — uma pequena fração do vírus na fase inicial da doença. Enquanto isso, Forland conta que o PCR são aqueles que fazem a pesquisa do material genético.

“No caso desses autotestes, a margem de segurança é um pouco menor. Por isso, o recomendado é fazê-lo entre o primeiro e o sétimo dia de sintomas, em que nós temos uma chance maior de encontrar esses antígenos”, alerta. “É bom lembrar que esse teste é diferente daquele que é realizado no laboratório e que também tem sido realizado nas farmácias. Ele foi adaptado para que o usuário consiga fazê-lo em casa, sem equipamentos ou muito conhecimento técnico. Basta, apenas, que a pessoa siga o que vai estar na bula, para que se consiga um bom resultado”, lembra o especialista.

Como vai funcionar?

Forland explica que o autoteste é bem parecido com o “famoso cotonete” que, no laboratório, é chamado de swab. Segundo o farmacêutico, ele vai ser utilizado para que se consiga a amostra, através de introdução nasal. “O teste vai trazer algum incômodo e algumas pessoas possuem uma sensibilidade maior. Por conta disso, é possível que, aqueles que são mais sensíveis, não consigam realizar a autocoleta”, destaca. Os dispositivos que estarão disponíveis, devem contar com um swab, um recipiente tampado — que possui um líquido diluente — e um cassete (dispositivo de teste), de acordo com o entrevistado.

Ele também detalha como deve ser feito o autoteste. “A pessoa deve introduzir o swab no nariz, em uma profundidade de cerca de 2,5 centímetros, e girá-lo por 10 vezes, sem fazer uma pressão excessiva. Feito isso, deve-se retirar o swab, inseri-lo no recipiente e girar mais 10 vezes, esfregando na lateral, para desprender bem o material colhido, que será utilizado para realizar o teste”, conta. “O líquido, misturado com material, deve ser gotejado no cassete, para obtenção do resultado”, destaca.

O mestre em patologia molecular lembra que é importantíssimo que as recomendações sejam respeitadas na hora do teste. “Não vamos pecar pelo excesso, se tiver na bula ‘coloque quatro gotas’, não se deve passar daquilo, pois pode atrapalhar o teste. É assim que é feito nos laboratórios e farmácias, então, é assim que deve ser feito em casa”, orienta Forland.

Veja a entrevista na íntegra:

 

 

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