Saúde

Pandemia teve impacto direto em outras doenças virais, diz infectologista

Em entrevista ao CB. Saúde, Valéria Paes, infectologista e professora da UnB, falou sobre a importância de estimular a população a se vacinar contra a covid-19. Ela também falou sobre o impacto da pandemia em doenças virais, como a tuberculose

Eduardo Fernandes*
postado em 24/03/2022 16:03 / atualizado em 24/03/2022 16:03
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

No dia mundial do combate à tuberculose, a médica infectologista e professora da UnB (Universidade de Brasília) Valéria Paes, entrevistada por Carmen Souza no CB.Saúde — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília —, nesta quinta-feira (24/3), ressaltou o impacto da pandemia na doença, que é endêmica no Brasil. Na visão da especialista, em virtude do momento pandêmico, muitas outras doenças, além da tuberculose, tiveram avanço no Brasil. “Como muitos recursos foram direcionados para a covid-19, perdeu-se muitos diagnósticos, pacientes perderam seus acompanhamentos e tratamentos foram interrompidos”, diz.

Para 2022, a médica destaca que um dos principais objetivos é retomar essas atividades junto aos pacientes que perderam esse suporte logo no início da pandemia. Especificamente sobre a tuberculose, ela alerta para a necessidade de continuar falando sobre a doença e de realizar diagnósticos, uma vez que o número de casos ainda é significativo. Em relação aos principais sintomas, a infectologista comenta que os acometidos pela infecção sentirão febres vespertinas, perda de peso e tosses que podem persistir durante três semanas.

Importância das vacinas

Valéria também falou sobre a importância da vacinação contra a covid-19. Ainda que as doses de imunizantes estejam disponíveis, há uma grande parcela da população que não se vacinou ou não compareceu aos postos de saúde para completar o calendário vacinal. Para solucionar esse problema, a especialista alerta que a comunicação direta com os cidadãos — para que se convençam da efetividade das vacinas —, é essencial. “O único efeito colateral da vacina foi salvar vidas. Precisamos das pessoas mais próximas, para esclarecer e tirar dúvidas”, afirma.

Mesmo que o número de casos na capital federal esteja em decréscimo, Valéria avalia que os principais casos de internação em hospitais e Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são de ocorrências envolvendo imunossuprimidos e idosos, ambos inseridos dentro do grupo de risco. Ela ainda reitera que muitas dessas situações seriam evitadas se os pacientes que buscam hospitalização fizessem uso da vacina contra a covid-19.

Preocupação para o futuro

As sequelas da covid-19, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), afetarão 60% daqueles que forem infectados pelo vírus. Nesta linha de pensamento, a médica destaca que os resultados advindos das infecções dependerão da gravidade dos casos. Aqueles nos quais a doença evoluir para estágio mais grave poderão ter sérios riscos respiratórios, sequelas motoras (em virtude de longos dias na UTI), lesões por pressão e etc.

A longo prazo, a especialista ressalta a necessidade de realizar reabilitações, que serão feitas a longo prazo. “Tudo depende de muitos estímulos, fisioterapia, fonoaudiologia e de um atendimento multiprofissional. É muito importante frisarmos isso agora, como está a nossa rede de apoio e áreas de assistência a saúde”, reitera.

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

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