Filho e neto de servidores públicos do Judiciário e da Secretaria de Educação, o jovem, de 20 anos, suspeito de planejar massacres a escolas do DF participava de grupos nazifacistas e antidemocráticos na internet há, pelo menos, um ano. O rapaz estudou, desde a infância, em colégios particulares da Asa Sul e sempre morou em casas situadas em áreas nobres de Brasília. O estudante foi alvo de uma operação desencadeada pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) na manhã dessa terça-feira (28/3) e acabou preso por armazenar fotografias e vídeos pornográficos envolvendo crianças e adolescentes.
O estudante mora com a avó, que é professora de matemática aposentada, e com o avô, técnico administrativo aposentado. Ambos, da Secretaria de Educação. Na casa de vidro espelhada e com três andares, o rapaz escondia uma arma airsoft, facas e canivetes, um taco de beisebol e até uma máscara do personagem fictício Jason Voorhees, personagem assassino de filmes. Em depoimento, ele contou que os familiares sequer desconfiavam de alguma tentativa da prática criminosa e confessou que participava de grupos nazifascistas e antidemocráticos na internet.
Aos 20 anos, o estudante reprovou duas séries na escola e atualmente cursa o 3º ano do ensino médio em um colégio particular da Asa Sul. O Correio apurou que durante toda a vida escolar, o rapaz ficou matriculado na mesma instituição, exceto no 6º ano do ensino fundamental, em que foi para o Centro de Ensino Fundamental Polivalente, em 2014.
Ao ser interrogado sobre os fatos, o estudante contou, na delegacia, que sofreu bullying e participava de um grupo na web que poderia praticar um massacre, mas que acreditava que não teria coragem “quando chegasse o momento”. Nas redes sociais, ele afirmou que disparava discursos homofóbicos, misóginos e nazistas, mas os textos seriam apenas “ironias”.
“Introvertido e tímido”
Ao Correio, uma pessoa, que preferiu não se identificar, relatou que o estudante era pouco visto na rua onde mora e ficava a maior parte do tempo em casa. “Moro aqui há quase cinco anos e o vi pouquíssimas vezes. Olhando para ele, você não diz que seria capaz de fazer algo. Totalmente introvertido, tímido”, detalhou. “O problema é que atualmente a internet está perigosa e a juventude está sendo muito vítima. Há coisas que acontecem que não acreditamos”, acrescentou.
Uma outra pessoa também contou que era comum ver mais os avós do garoto e que toda a família é bastante reservada. “Estou em choque com essa notícia. Eu via o avô dele (suspeito) passar. Mas ele mesmo eu não o vejo há quase dois anos”, frisou.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça do DF, os policiais encontraram conteúdos pornográficos infantis armazenados no celular do autor, motivo este que foi indiciado no artigo 241-B Lei nº 8.069 (adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente). Em razão de o crime não ultrapassar 4 anos em pena máxima, a PCDF arbitrou fiança em R$ 5 mil.
A operação contou com apoio do Instituto de Criminalística/IC. A Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations ou HSI) em Brasília desenvolveu informações sobre indivíduos, com a possível intenção de cometer atos graves de violência, incluindo massacres escolares. Já a Coordenação do Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) repassou as informações a esta PCDF.
“Trata-se de excelente exemplo em que a Cooperação Policial Internacional, bem articulada entre os países envolvidos (EUA e Brasil), entre o Laboratório de Inteligência Cibernética (Seopi) e a PCDF, neutralizando uma tragédia, cujas consequências nefastas incalculáveis, com prováveis dezenas de vítimas de ataque em Brasília”, pontuou o delegado à frente das investigações, Dário Freitas.
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