Ameaça

Adolescente de 15 anos é suspeita de planejar atentado contra agente no DF

Em nota, o Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo (Sindsse) alerta para a falta de segurança na unidade. O caso é investigado pela Polícia Civil do DF

Darcianne Diogo
postado em 25/05/2022 05:55 / atualizado em 25/05/2022 15:19
Sindicato alerta para falta de segurança nas unidades -  (crédito: Reprodução)
Sindicato alerta para falta de segurança nas unidades - (crédito: Reprodução)

Apreendida na Unidade de Internação Feminina do Gama por roubo, uma adolescente de 15 anos é suspeita de planejar a morte de uma agente socioeducativa. O fato ocorreu quando a menor estava em liberdade, em março deste ano, mas só veio à tona no último sábado (21/5), após o registro de ocorrência na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Em conversa informal com outros servidores, a reeducanda confessou que roubou um carro, juntou-se a outras pessoas e, com uma arma de fogo, esperou a mulher sair para o intervalo do jantar em uma estrada de chão para cometer o crime.

Desde os 13 anos, a adolescente acumula 10 infrações por tráfico de drogas e roubos, sendo a primeira registrada em agosto de 2019. Na última apreensão, em 28 de abril, por roubo, a reeducanda estava em uma sala multiuso da unidade, quando relatou a outros agentes que não era bem tratada por alguns servidores, sentia-se constrangida com os olhares intimidadores e chegou a ser chamada de “peba” pela agente, motivo este que teria se enfurecido e planejado um ataque.

Adolescente confessou ter roubado um carro e estacionado em uma área de mata para esperar a agente
Adolescente confessou ter roubado um carro e estacionado em uma área de mata para esperar a agente (foto: Reprodução)

Entre 20 de dezembro de 2021 e 18 de março deste ano, período em que estava solta, a garota roubou um Cobalt no estacionamento de uma universidade do DF com outras pessoas e fez uma campana no caminho da estrada de chão que liga a Unidade de Internação Feminina do Gama à pista principal — . O objetivo, segundo ela, era fazer “algum mal” à agente. Contudo, o plano só não foi executado porque, neste dia, a servidora não saiu da unidade para jantar.

Ainda em detalhes, a adolescente contou que o carro estava sem placa e farol e estacionou próximo aos arbustos no caminho de estrada de chão, onde aguardou a policial sair para jantar. Questionada sobre o motivo do plano, a menor alegou que foi a única vez em que preparou uma “campana” e se sentiu “diminuída” pela servidora. O caso segue em apuração pela Polícia Civil do DF.

Falta de segurança

Em 2019, um outro agente socioeducativo estava dentro da Unidade de Internação do Recanto das Emas, quando dois jovens de 18 anos passaram pela área e começaram a gritar pelo nome do servidor. Os homens foram presos e condenados na Justiça posteriormente.

O Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo (Sindsse) se manifestou sobre o caso. De acordo com a categoria, foi feita uma visita técnica da entidade sindical na Unidade do Gama, em que foi constatado a vulnerabilidade da segurança pública nos arredores da unidade. “Guaritas desativadas; iluminação noturna precária; vigilância desarmada; falta de local apropriado para cautela de arma de fogo dos servidores que possuem porte de arma particular; falta de comunicação da Gestão da Unidade com os Agentes do módulo sobre o fato ocorrido; entre outras vulnerabilidades, foram constatados”, destacou a categoria.

Ainda em nota, o Sindsse afirmou que este cenário abrange outras unidades de internação e que, em 2019, a Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejus) desativou os postos policiais fixos das unidades, o que teria agravado as ocorrências de ameaças de morte por parte de internos e ex-internos contra agentes socioeducativos.

Em 18 de maio, o sindicato oficiou, em caráter de urgência, a Sejus, requerendo informações acerca das providências tomadas em relação ao caso. “Até o presente momento não obtivemos nenhuma resposta”, concluiu.

A Sejus informou que as Unidades do Sistema Socioeducativo contam com a prestação de serviços contínuos de vigilância patrimonial oferecidos por empresa especializa. A pasta esclareceu, ainda, que solicita o apoio dos batalhões da Polícia Militar para policiamento, realização de rondas periódicas e suporte institucional para aumento da segurança nos locais próximos às unidades.

Quanto ao caso da adolescente, o órgão afirmou que foram encaminhado ofícios com a comunicação formal à Vara de Execução de Medidas Socioeducativas do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (VEMSE/TJDFT) e à Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (PJIJ/MPDFT), para adoção das providências cabíveis. "A Secretaria de Justiça e Cidadania vem acompanhando os desdobramentos dos fatos junto aos órgãos competentes, bem como atuando para resguardar a segurança da Unidade e de todos os servidores", pontuou.

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