VATICANO

"A emoção foi grande. Missão de Deus", diz arcebispo de Brasília

O papa Francisco anunciou, ontem, 21 novos cardeais. Entre os escolhidos, estão dois brasileiros. Dom Paulo Cezar Costa, da Arquidiocese local, e Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus

Giovanna Fischborn
postado em 30/05/2022 06:00
 (crédito:  Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

O papa Francisco anunciou ontem os nomes de 21 novos cardeais da Igreja Católica. Entre eles, há dois brasileiros. Foram escolhidos Dom Paulo Cezar Costa, da Arquidiocese de Brasília, e Dom Leonardo Steiner, arcebispo metropolitano de Manaus. Agora, o Brasil terá nove representantes no colégio cardinalício. Apenas a Itália, os Estados Unidos e a Espanha têm mais membros.

Atualmente, o Vaticano tem 208 cardeais. Com a atualização, passa a 229. Os cardeais são escolhidos diretamente pelo Santo Padre para serem os assessores direto do pontífice. Para ser cardeal, é obrigatório ser bispo ou arcebispo. Aqueles que tiverem menos de 80 anos podem votar para eleger o próximo Papa. Por esse motivo, dos nove integrantes brasileiros no Colégio dos Cardeais, só seis votariam num eventual conclave, que ocorre após a renúncia ou morte de um papa. Da lista anunciada, 16 religiosos estariam aptos a votar.

"Oremos pelos novos cardeais e para que eles, confirmando sua adesão a Cristo, me ajudem em meu ministério como bispo de Roma pelo bem de todo o santo povo fiel de Deus", disse o líder do Vaticano. Também da América do Sul, foram nomeados o paraguaio Adalberto Martínez Flores, arcebispo de Assunção, e o colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal, arcebispo emérito de Cartagena. A Itália, hoje com 44 nomes, ganhará mais cinco cardeais. Os Estados Unidos, mais um. Foram escolhidos ainda um inglês, um sul-coreano, um francês, um nigeriano, dois indianos, um timorense, um ganense, um singapurense e um arcebispo belga.

A cerimônia oficial para os novos cardeais será dia 27 de agosto. O Consistório reúne todos os cardeais, inclusive os recém-escolhidos, para assistir o Papa em decisões administrativas e econômicas.

Dom Paulo Cezar Costa, representante de Brasília, disse ter ficado surpreso com a nomeação e agradeceu o reconhecimento do trabalho que é feito no Brasil e nas igrejas brasilienses. "Estava assistindo à RAI Vaticano, como gosto de fazer aos domingos pela manhã, quando o papa falou sobre a convocação do Consistório. Disse o nome de Dom Leonardo e, depois, chamou o meu. A emoção foi grande", contou em entrevista coletiva. A RAI é o veículo de rádio e TV da Itália, que exibe conteúdos sobre a Igreja. Mesmo com o comunicado, Dom Paulo Cezar manteve a agenda do dia e da semana.

O arcebispo disse que permanecerá na Arquidiocese e reforçou a missão do ministério enquanto serviço. "Um cardeal tem a missão de servir ao povo de Deus, ajudando o papa no governo da Igreja. Buscarei fazer com alegria tudo o que o Santo Padre pedir", completou. Paulo Cezar Costa, que é bispo há 11 anos. Foi nomeado arcebispo de Brasília em dezembro de 2020.

Aos 54 anos, torna-se, então, o cardeal mais novo entre o Colégio, posto antes ocupado por Dieudonné Nzapalainga, da República Centro-Africana, de 55. Vale lembrar que o cardeal Dom Sérgio da Rocha, anunciado pelo Papa Francisco em 2016, também cumpriu serviços na Arquidiocese de Brasília como arcebispo.

Dom Leonardo, de Manaus, é mais um cardeal que tem sua história ligada à capital. O religioso já foi bispo auxiliar em Brasília, função lembrada com carinho por Dom Paulo Cezar: "É um homem que desejamos todo o bem e que temos muita estima", disse em nome da igreja. Leonardo nasceu em Forquilhinha, Santa Catarina, e tem 71 anos. Estudou filosofia e teologia nos Franciscanos de Petrópolis. Formado em filosofia e pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena (UNISAL), foi ordenado sacerdote em 1978. Tomou posse como arcebispo de Manaus em janeiro de 2020 e será o primeiro cardeal da Amazônia brasileira.

Trajetória

Dom Paulo Cezar é natural de Valença, no Rio de Janeiro. Graduado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do estado, foi ordenado sacerdote em 1992, aos 25 anos. Foi pároco, reitor do seminário e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio).

Mais tarde, em 2010, foi escolhido, pelo papa Bento XVI, para ser bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião, também no Rio de Janeiro, e, no ano seguinte, foi ordenado pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta. Lá, foi articulador e organizador da Jornada Mundial da Juventude de 2013. Em 2016, o Papa Francisco o nomeou como o 7º Bispo da Diocese de São Carlos, em São Paulo. Depois, deu sequência aos trabalhos como bispo da Arquidiocese de Brasília.

Atualmente, Dom Paulo Cezar é responsável pelo Setor Universidades da Igreja no Brasil, da Comissão Episcopal Pastoral para Educação e Cultura, é membro do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e membro do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). No Vaticano, Dom Paulo Cezar integra a Pontifícia Comissão para América Latina e o Pontifício Conselho para Unidade dos Cristãos.

Veja a lista dos cardeais brasileiros no Vaticano

Atualmente, a Igreja tem 208 cardeais. Com a atualização, serão 229. Os nove brasileiros que compõem, agora, o Colégio de Cardeais são:

Nomeados pelo Papa João Paulo II, em 2001

- Cláudio Hummes (87 anos)

- Geraldo Majella Agnelo (88 anos)

Nomeados pelo Papa Bento XVI

Em 2007

- Odilo Pedro Scherer (72 anos)

Em 2010

- Raymundo Damasceno Assis (85 anos)

Em 2012

- João Braz de Aviz (75 anos)

Nomeados pelo Papa Francisco

Em 2014

- Orani João Tempesta (72 anos)

Em 2016

- Sérgio da Rocha (62 anos)

Em 2022

- Leonardo Steiner (71 anos)

- Paulo Cezar Costa (54 anos)

 


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