Saúde pública

De janeiro a abril, o Distrito Federal registrou 619 acidentes com escorpiões

Espécie amarela é a mais comum no Plano Piloto e em outras áreas urbanizadas do DF. Animal se esconde em locais escuros, como bueiros, tubulações abertas, caixas de incêndio e de telefone

Arthur de Souza
postado em 10/06/2022 06:00 / atualizado em 13/06/2022 22:17
 (crédito: Acervo pessoal)
(crédito: Acervo pessoal)

Nos quatro primeiros meses de 2022, o Distrito Federal registrou 619 acidentes com escorpiões, o que representa 73% do total de 848 episódios com animais peçonhentos no período. O número equivale a 64% dos 967 casos registrados ao longo de todo o primeiro semestre de 2021. Os dados são da Secretaria de Saúde (SES-DF). 

No bloco H da SQN 408, três escorpiões foram encontrados recentemente. Um deles estava no pilotis do edifício, de acordo com o síndico e morador do local, Everaldo Pereira, de 62 anos. "A diarista que trabalha no meu apartamento o encontrou", relata. "Ela capturou o escorpião — que era do tipo amarelo — e o colocou dentro de um vidro tampado, para que eu pudesse entregar para a Dival (Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde)", explica o síndico.

Everaldo conta que entrou em contato com o departamento da Secretaria de Saúde no dia seguinte à captura. O atendente disse que alguém retornaria, o que aconteceu algumas horas depois. "A chefe do núcleo informou que esteve no prédio e orientou alguns moradores sobre os cuidados que devem ser tomados. Além disso, o gestor destacou que o tipo capturado era o mais comum no DF e que eu poderia matá-lo e descartá-lo", detalha o síndico.

Atendimento

O Correio entrou em contato com a SES-DF para saber onde existe atendimento para acidentes com animais peçonhentos. De acordo com a pasta, a população pode procurar as emergências dos hospitais e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). "Além disso, a Secretaria de Saúde também conta com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) do Samu, que funciona 24 horas por dia", informou o órgão, em nota.

A pasta recomenda que, ao ser picada por um animal peçonhento, a vítima deve buscar atendimento em uma emergência hospitalar, para ser "clinicamente avaliada" (confira o Serviço para saber os locais que possuem o soro contra escorpiões).

Olhar atento

Biólogo egresso do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Luiz Antônio Marques tem especialização em aracnídeos e fala sobre o fenômeno dos escorpiões no DF. Ele explica que, na maior parte das vezes, os acidentes com o animal são considerados leves. "A picada causa dor — de moderada a intensa — podendo irradiar o membro, não causa inflamação ou ferida. Além disso, agitação e ansiedade são comuns", destaca. No entanto, o biólogo afirma que casos considerados moderados e/ou graves podem ocorrer. "Em tais situações, os sintomas são suor, náusea, vômitos, frio, tremores, espasmos e a necessidade do soro antiescorpiônico", alerta Marques.

O especialista esclarece que o escorpião amarelo é o mais comum no Plano Piloto e em outras áreas urbanizadas do DF. Ainda segundo o biólogo, o animal gosta de se esconder em entulhos, bueiros, tubulações abertas, caixas de incêndio e de telefone. "Ele também pode entrar nos sapatos que são deixados em áreas abertas", complementa o professor.

As dicas para evitar uma visita indesejada, segundo Marques, são fazer a limpeza de entulhos e tomar cuidado com os locais onde são deixadas roupas e também calçados fechados. "Quanto mais entulho é depositado, mais comida o animal pode encontrar, facilitando sua reprodução e expansão", aponta. "A reprodução do escorpião amarelo não é sazonal e ocorre o ano todo, tendo de dois a três partos por ano, geralmente com 10 a 20 filhotes", conclui Luiz.

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