Saúde

Alta da covid-19 era esperada, mas nem tanto

Ao CB.Poder, mestre em Ciências Médicas diz que, apesar de previsível, a alta do coronavírus assusta e sobrecarrega o sistema de saúde

Paulo Martins*
postado em 13/06/2022 16:48 / atualizado em 13/06/2022 18:12
 Lucas Albanaz falou sobre como o vírus provoca diferentes reações e sobrecarrega o sistema de saúde -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Lucas Albanaz falou sobre como o vírus provoca diferentes reações e sobrecarrega o sistema de saúde - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A chegada do inverno, que tradicionalmente traz algumas doenças respiratórias como ponto de preocupação, agora conta com a alta do que já é considerada a quarta onda da pandemia de covid-19 no Distrito Federal. O clínico geral, mestre em Ciências Médicas e coordenador da Clínica Médica do Hospital Santa Lúcia, Lucas Albanaz, tratou do tema na edição desta segunda-feira (13/6) do CB.Poder — programa do Correio em parceria com a TV Brasília, com apresentação da jornalista Sibele Negromonte.

O doutor declarou que a quarta onda da pandemia é algo observado no DF e em todo o país. “Era esperado que tivéssemos um aumento de síndromes respiratórias nessa época do ano, mas não nessa magnitude. Porém, não temos observado muitos casos graves e internações na medida que observamos nas outras ondas”, destaca.

Há dificuldade em ler o comportamento do vírus da covid-19 no organismo do ser humano, inclusive com uma pandemia interna entre os que ainda não se vacinaram. A permanência do vírus abre espaço para as sequelas, segundo o médico. “A covid é como uma loteria. Não sabemos como o organismo vai reagir a essa infecção. Mesmo com os pacientes vacinados, a vacina pode proteger contra casos graves e óbitos, mas não contra as sequelas, com um leque de sintomas que pode acometer o paciente”, aponta.

De acordo com o médico, o relaxamento das medidas fez com que a população abandonasse o uso massivo de máscaras. “Acredito que é necessário utilizar, mesmo que o governo tenha motivos para tornar esse uso facultativo, baseado na baixa de casos, nas UTIs vazias. É necessária uma responsabilidade como sociedade. Em hospitais, temos pacientes resistentes a usar máscara”, relata.

O cuidado com as crianças é um ponto-chave na pandemia, ainda que os índices de casos graves e mortes sejam baixos, sendo recomendada a vacinação. “Não significa que os índices sejam nulos. Há casos graves e morte de crianças. É uma faixa etária que deve ser vacinada e protegida, além de potencial meio de contágio. Vacinar é uma forma de proteger a criança e a família também. Aconselho fortemente esse ato de responsabilidade e segurança. Não há relatos de casos graves de reações vacinais nas crianças, ou seja, as vacinas são seguras e são nossa maior arma, hoje”, explica.

O doutor conta como os profissionais da saúde lidam melhor com a alta de casos e um cenário de sobrecarga do sistema de saúde com a experiência adquirida na pandemia. “Foi um longo período. Passamos por uma guerra. Aumentamos muito a jornada de trabalho, com profissionais fazendo por amor, sem voltar para casa, se arriscando. Tudo isso foi louvável e creio que a população se sensibilizou com os profissionais de saúde, foi muito bom ver isso. A sobrecarga do sistema tem sido manejada por essa experiência com a doença. Por mais que a gente tenha apresentado essa sobrecarga, temos gerido bem”, descreve.

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

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