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Eleições no DF: "Cenário é muito dinâmico", afirma CEO do grupo Opinião

Em entrevista à jornalista Ana Maria Campos, o estatístico Alexandre Garcia avaliou os resultados da pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Correio/Opinião, na última terça-feira (23/8)

Renata Nagashima
postado em 25/08/2022 06:00
Parceria do Correio com a TV Brasília, programa foi ao ar nessa quarta-feira (24/8) -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Parceria do Correio com a TV Brasília, programa foi ao ar nessa quarta-feira (24/8) - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O governador Ibaneis Rocha (MDB) aparece na liderança nas pesquisas de intenção de votos na disputa à reeleição. Foi o que mostrou pesquisa Correio/Opinião, divulgada terça-feira (23/8). "Ele está na casa dos 38% de intenção de voto, é bem alta. As chances de ele levar uma eleição no primeiro turno são reais", diz Alexandre Garcia, CEO do grupo Opinião. Porém, o estatístico destaca que a entrada de Paulo Octávio na disputa e o crescimento de outros candidatos podem levar a corrida a um segundo turno. Garcia foi o entrevistado do CB.Poder dessa quarta-feira (24/8) — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília. À jornalista Ana Maria Campos, o diretor da empresa comentou, ainda, os resultados da pesquisa em que avaliam o comportamento do eleitor do DF nestas eleições até agora.

Nós publicamos esta semana a última rodada da pesquisa que vocês fizeram. Foram a campo entre os dias 18 e 20 de agosto, logo depois do início oficial da campanha. Os candidatos agora estão definidos. É um cenário de largada da corrida, ao governo do Distrito Federal e ao Senado. O que foi destaque nesta rodada da pesquisa?

Para nós, o principal destaque é a consolidação do Ibaneis na liderança desse pleito, ele vem na casa dos 38% de intenção de voto. Ele tem uma votação espontânea bem alta, também demonstrando que grande parte desse voto está consolidado. As chances de ele levar uma eleição no primeiro turno são reais.

Mas também surgiu o cenário em que aparece o empresário Paulo Octávio, que entrou na reta final dos registros de campanha, em 5 de agosto. Agora ele é o segundo colocado na pesquisa, ainda bem atrás do Ibaneis, mas sinalizando que pode ter um segundo turno. Você acha que isso é possível?

É possível sim, Paulo Otávio entra com força na campanha, ele já larga com um recall muito alto, porque ele é muito conhecido, é um grande empresário na cidade, emprega muita gente. Ele larga com uma boa margem de votos. A gente acredita que, com o caminhar da campanha e nas próximas edições de pesquisa, vamos ter uma real noção da capacidade dele de captar esses votos e garantir a realização de um segundo turno no DF.

Agora como a margem de erro é de 2,9 pontos percentuais para mais ou para menos, dá pra dizer que está embolada a disputa entre o próprio Paulo Octávio, Leila Barros, Leandro Grass, Izalci Lucas?

Especialmente Paulo Otávio e Leila, nessa fotografia desse momento, e Leandro Grass e Izalci, há um empate técnico em função da margem de erro desses candidatos na segunda posição e na quarta e quinta posições (respectivamente).

Como é o trabalho de vocês em campo? Vocês fazem uma pesquisa presencial? Vocês chegam até o eleitor pessoalmente e fazem o questionário? Explica como é que funciona?

Um aspecto que a gente precisa levar muito em consideração é a metodologia com que as pesquisas são feitas. A gente tem observado vários resultados de pesquisas realizadas por telefone, e outras consolidando dados de diversas pesquisas. A gente entende que essas metodologias têm certa fragilidade, porque não dão a oportunidade de todo o eleitor participar da pesquisa. Quando nós trabalhamos com pesquisas presenciais, o cenário é diferente, porque a gente controla a chance de as pessoas participarem por meio do sorteio de quem vai ser o entrevistado. E é nesse momento que aumentamos a confiabilidade nos resultados de uma pesquisa. Então, antes de ir pro campo, sorteamos as regiões do Distrito Federal que vão participar daquela edição, dentro das regiões, sorteamos os setores censitários onde eu vou colocar pesquisadores, e dentro dos setores censitários, vou sortear os entrevistados e ainda garantir a representatividade da população com o que a gente chama de controle de cotas. Ou seja, eu preciso entrevistar X homens, X mulheres de tais e tais faixas etárias, segundo determinados graus de instrução. A gente faz um controle total da distribuição amostral. Sempre respeitando as proporcionalidades de cada região administrativa.

Essa parte deve ser a mais difícil de escolher: achar o eleitor para ser entrevistado, que seja representativo dentro do que é o Distrito Federal?

Os campos de pesquisa política geralmente são executados em três dias. No começo do campo, como as cotas estão abertas, eu tenho uma produção melhor. Mas vai chegando no fim do terceiro dia, aí os pesquisadores começam a ter bastante trabalho. Porque eles precisam entrevistar aquele público alvo certinho para não dar distorção na pesquisa. 

E por que um prazo mais curto de três dias ao invés de uma semana, dá um resultado mais real do cenário?

Porque o cenário é muito dinâmico de um dia para o outro acontecem situações (na política) que podem interferir completamente na campanha. A gente já fez alguns testes com pesquisas mais longas onde analisamos os resultados dos primeiros dias, comparando com os últimos dias, e a gente vê diferenças. O ideal é executar um campo em três dias. 

Por que a pesquisa por telefone não tem tanta veracidade quanto a presencial?

Quando meu pesquisador está em campo, ele está observando as pessoas naquele setor e sabe que tem que cumprir uma determinada cota. Então ele vai poder procurar aquele perfil de pessoas naquela região e abordar e tentar realizar a entrevista. Pelo telefone não. Você disca para a pessoa, e tem que dar sorte de a pessoa te atender, e a gente sabe que hoje em dia a gente recebe enxurrada de spam pelo telefone, vários números que ligam a gente não sabe da onde vem. Então a chance de você encontrar as pessoas do outro lado é muito menor. Além disso, para você controlar as cotas possivelmente terá que fazer muito mais entrevistas até conseguir cumprir todas aquelas metas.

Uma outra coisa também é que quando você está presencial, você apresenta um cartão redondo. Ninguém é prioridade. Não tem um primeiro. É um cartão redondo, não é isso? No telefone você pergunta, você vai votar em quem? Fulano, sicrano e a ordem pode influenciar o resultado, né?

Isso é muito importante. A gente tem um disco de respostas, onde eu disponho o nome dos candidatos num cartão circular. Para a pessoa responder a pergunta, ela vai ter que girar o cartão e ler todos os nomes e cada indivíduo pega o cartão numa posição, então cada indivíduo responde o cartão de uma forma. Pelo telefone você imagina que tenho aí 12 candidatos. A pessoa vai ter que ligar e falar o nome dos 12 candidatos para a pessoa escolher. Quando você chegar no 12º ela não lembra mais qual é o primeiro.

A pesquisa mostrou também o grau de conhecimento dos candidatos, a rejeição dos candidatos e o potencial de votos, de crescimento. E a gente viu que o governador Ibaneis, no exercício do mandato, é o mais conhecido. O Paulo Octávio estava em segundo porque já foi vice-governador, foi senador, é um empresário conhecido na cidade. E os menos conhecidos, a pesquisa mostrou que realmente, a gente sente até conversando com as pessoas, que são a Keka Bagno que nunca assumiu nenhum cargo político, ela foi conselheira tutelar, se afastou, e o deputado Leandro Grass. Mas a pesquisa mostrou que justamente os menos conhecidos são os que têm rejeição. Como é que é esse levantamento da rejeição aos candidatos?

A gente tem duas perguntas no questionário, uma que trata do conhecimento dos candidatos. Eu pergunto sobre cada um dos candidatos ao entrevistado, se ele conhece bem, conhece mais ou menos ou nunca ouviu falar. E uma segunda pergunta em que questiono se em cada um desses candidatos de forma estimulada um a um se ele votaria com certeza, se ele poderia votar ou se ele não votaria de jeito nenhum. Então a composição desse quadro de conhecimento, de rejeição parte da composição dessas duas perguntas. A primeira, do conhecimento, a gente considera aquelas pessoas que disseram que conhecem bem ou conhecem mais ou menos — a soma desses dois percentuais dá o percentual de conhecimento. A segunda pergunta (é a que pode ser respondida) "com certeza votaria ou poderia votar". A soma dessas duas categorias nos dá o potencial de crescimento. E a coluna que eles de forma estimulada dizem que não votariam de jeito nenhum é que nos dá a rejeição. O que acontece com alguns candidatos que têm um baixo nível de conhecimento, mas um alto nível de rejeição é porque ele pode estar absorvendo rejeição ao partido, não ao indivíduo. No caso da Keka Bagno a gente percebe o seguinte, ela é desconhecida. Então a rejeição está sendo capitalizada pelo partido possivelmente. E é isso que acontece.

Na última eleição, O DF se mostrou conservador: Bolsonaro teve 69,99% dos votos válidos no segundo turno e hoje continua empatado em relação ao Lula. Como é que você avalia esse cenário?

Olha, a gente está num cenário bastante polarizado, até com pouco espaço para uma terceira via se posicionar. A gente um terço Lula, um terço Bolsonaro e um terço distribuído em outros candidatos e até branco nulo ou não sabem avaliar ainda. A gente está com um cenário bastante dividido entre esses dois candidatos, muito coerente com o que a gente está observando no cenário nacional. É uma eleição bastante concorrida.

Assista à entrevista na íntegra

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