Mundo animal

Bichos são "contratados" para espantar aves que sobrevoam aeroporto

Zeca, um cão da raça border collie, e o gavião asa-de-telha Tupã são os mais novos funcionários do Aeroporto Internacional de Brasília. Junto com a equipe Fauna da Inframerica, os animais ajudam a afugentar as aves e a evitar acidentes

Isabela Berrogain
postado em 07/09/2022 06:00
 (crédito:  Isabela Berrogain/CB/D.A Press)
(crédito: Isabela Berrogain/CB/D.A Press)

O Aeroporto Internacional de Brasília apresentou, neste mês, os mais novos funcionários do terminal. A dupla Zeca, um cão da raça border collie, e o gavião-asa-de-telha Tupã foram contratados com o intuito de ajudar a equipe humana a afugentar aves que sobrevoam a área e podem causar acidentes aéreos. Assim como os demais funcionários, , que já são os servidores mais queridos do local, têm crachá, folga e horário de expediente.

Segundo Anelize Scavassa, bióloga e líder de gerenciamento da equipe Fauna da Inframerica, colisões de aeronaves com aves são os acidentes aéreos mais comuns. "Desde os primeiros voos, nós já temos relatos dessas colisões. É muito importante, tanto para os animais quanto para os passageiros, nós termos um controle e evitar que os sítios do aeroporto sejam atrativos para aves que podem causar acidentes", explica a bióloga sobre a importância do trabalho de Zeca e Tupã.

  • Bruna, Anelize e Carlos dão os comandos para os bichos Fotos: Isabela Berrogain/CB/D.A Press - Inframerica/Divulgação
  • 2022. Cidades. Animais/Segurança aérea.Anelize Scavassa, Bruna Cristina e Carlos Eduardo são os responsáveis por Tupã e Zeca. Isabela Berrogain/CB/D.A Press
  • 2022. Cidades. Animais/Segurança aérea. Tupã e Anelize: A bióloga Anelize é uma das responsáveis por Tupã. Inframerica/Divulgação

Pelo menos duas vezes ao dia, os animais auxiliam a equipe na vistoria das pistas em busca de aves, geralmente nos horários de pico do aeroporto. Quando avistadas, as aves maiores são afugentadas por Zeca e as de pequeno e médio porte ficam por conta de Tupã. Após capturados, os animais são soltos, de forma segura, na natureza, em uma região afastada do aeroporto.

O trabalho de manejo de aves que trazem risco para os vôos começou em 2017. Desde então, os funcionários da Inframerica têm controlado a existência de formigueiros e cupinzeiros na área, que podem servir de alimento para as aves. Fogos de artifício, sirenes e barulhos também são usados para espantar os intrusos. No entanto, por serem espécies que residem no local a vida inteira, os bichos acabam se acostumando com os barulhos. Foi a partir desta observação que, com a ajuda de Zeca e Tupã, se fez necessária a implementação do manejo direto destas aves, por proporcionar um resultado melhor e mais duradouro.

De acordo com Carlos Eduardo, biólogo e analista da equipe Fauna, os animais exercem um trabalho diário e pelo menos duas vezes ao dia, auxiliando na vistoria das pistas. "O trabalho entre os dois é bem dividido. Depende muito da demanda, do que a gente encontra pelo caminho, para saber se vamos trabalhar com o Zeca ou com o Tupã", relata. "Ultimamente, está ventando muito, coisa que dificulta o trabalho do Tupã, então acabamos trabalhando mais com o Zeca", exemplifica.

Antes da contratação efetiva, Zeca e Tupã passaram por um período de teste para que a equipe conhecesse melhor os animais. "A gente começou com vários testes para ver se eles obedeceriam os comandos de imediato. A partir do momento que sentimos confiança, a gente passou a utilizá-los. Eles respondem muito bem aos comandos, então se eu dou uma ordem, eles obedecem imediatamente", conta Carlos Eduardo.

Apesar do uso de aves de rapina — como águias, gaviões e falcões — ser mais difundida por aeroportos do Brasil, a utilização de cachorros costuma ser mais comum internacionalmente. Antes de ser contratado pela Inframerica, Zeca trabalhava em uma fazenda pastoreando vacas e ovelhas. "O Zeca ser da raça border collie foi uma grande facilidade. Ele aprende muito mais fácil aos comandos e a gente conseguiu adaptar o que ele já sabia para um ambiente de aeroporto, com aves", avalia o biólogo.

Tupã também foi escolhido para o trabalho devido à espécie. O gavião-asa-de-telha é uma das poucas rapinantes sociáveis. "Ele é um animal extremamente inteligente, estimulado a trabalhar em equipe, então ele entende quando você está ajudando a fazer o trabalho dele. Além disso, ele é muito versátil", afirma Anelize.

Mais que trabalho

Exímios funcionários, Zeca e Tupã se divertem até mesmo nas horas de trabalho, garantem os biólogos da equipe. "A gente percebe que eles gostam do trabalho que fazem, é uma atividade que acaba sendo prazerosa para eles", diz Carlos Eduardo.

Fora do expediente, a dupla convive diretamente com a equipe. "A convivência com eles é muito boa e bem tranquila. São animais muito fáceis de trabalhar. Nós nunca tivemos nenhum problema com eles no trabalho, nem fora do expediente", assegura Bruna Cristina, bióloga e assistente da Fauna. "Além de nos ajudarem no trabalho, eles tornam o ambiente mais divertido. A gente tem muito carinho pelo Zeca e pelo Tupã e gostamos muito de trabalhar com eles. Foi uma ótima adição, eles agregam muito à equipe", finaliza.

 


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