Consumidor

Polícia investiga empresa de câmbio que sumiu com R$ 2 milhões de clientes

Mais de 250 clientes teriam sido prejudicados pela empresa. Um deles afirma que perdeu R$ 100 mil

Edis Henrique Peres
postado em 25/10/2022 05:57 / atualizado em 25/10/2022 09:08
Um dos clientes lesados conta que teve prejuízo de mais de R$ 100 mil -  (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)
Um dos clientes lesados conta que teve prejuízo de mais de R$ 100 mil - (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga a empresa Dólar Turismo e Corretora de Câmbio por não pagar a mais de 250 clientes que compraram "dólar futuro". O valor da dívida ultrapassa R$ 2 milhões, e alguns consumidores relatam o prejuízo de mais de R$ 100 mil. Ainda com o registro ativo na Receita Federal, o estabelecimento, que fica no Riacho Fundo I, deixou de atender o telefone em meados de maio e não deu novos posicionamentos às pessoas lesadas.

Levantamento exclusivo realizado pelo Correio revela que, ao menos, nove processos judiciais correm no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) desde 2021. O funcionário público Ricardo*, 44 anos, foi prejudicado pela empresa. O morador de Águas Claras registrou ocorrência na 29ª Delegacia de Polícia. "Fui indicado por amigos, já tinha comprado dois lotes anteriores, em 2018 e 2019, para viajar, e deu tudo certo. No entanto, dos valores que tinha para receber em novembro e dezembro do ano passado, não tive retorno", afirma.

Lucas*, 40, relata que perdeu mais de R$ 100 mil. "Ela não fez a entrega do valor do contrato, vários amigos e familiares compraram o dólar futuro com ela, mas não tiveram retorno. No começo, ela dizia que não estava conseguindo fazer transferência. Depois, que tinha um problema no computador, e a última desculpa era que o dólar estava preso no Ministério Público", detalha o servidor público.

Mesmo com vários processos movidos contra a empresa e o atraso nos pagamentos, a proprietária, no começo deste ano, divulgou posts de venda de moeda estrangeira, com a novidade de aceitar a compra por cartão de crédito. O esquema funcionava da seguinte forma: o usuário adquiria um determinado valor de dólar programado, com o desconto progressivo de acordo com o tempo de espera para retirar a quantia. Por exemplo, no banner divulgado em 10 de janeiro, quem comprasse a moeda para abril deste ano, pagaria R$ 5,50. No entanto, quem programasse a retirada do valor para maio de 2023, pagaria R$ 3,40 pela moeda norte-americana. A empresa também atuava na venda de euros.

Valentina*, 45, lembra que o advogado da Dólar Turismo tentou um acordo com alguns clientes. "Ele dizia que a empresa tinha declarado falência e que não adiantava entrar na Justiça, que ia demorar ainda mais tempo para a gente receber. Muita gente tentou assinar um acordo com ele, mas ninguém conseguiu receber realmente", protesta a contadora.

O Correio entrou em contato com o delegado-adjunto da 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo), Lúcio Valente, responsável pelo caso. Ele confirmou que as ocorrências dos clientes da empresa são concentradas na unidade, mas que o caso corre em sigilo. "Foi instaurado um inquérito e estamos investigando os fatos", garantiu.

Escritório fechado

Um dos últimos textos compartilhados pelo estabelecimento foi referente a um suposto cronograma de pagamento e a assinatura de um contrato de confissão de dívida pela proprietária da Dólar Turismo. "A empresa pede desculpas pelos eventuais transtornos sofridos por conta dos atrasos de pagamento e esclarece que vem se esforçando para organizar toda essa questão, de modo que ninguém saia prejudicado", ressaltou o comunicado feito em março.

Desde então, os clientes não tiveram mais informações da Dólar Turismo. Ao longo dos últimos três dias, o Correio tentou contato com a proprietária, mas sem sucesso. O Escritório de Advocacia Arantes, Coelho e Correia, responsável pela defesa da empresária foi procurado e não se manifestou.

Na tarde de ontem, a reportagem visitou a sede do escritório, mas o local estava fechado. Funcionários e vizinhos ouvidos pela equipe relataram que raramente alguém atende na sala comercial e que é frequente as pessoas procurarem o espaço e não receberem nenhum tipo de retorno. O espaço está aberto para manifestações.

*Nomes fictícios a pedido dos entrevistados

Colaborou Arthur de Souza

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