Aumento no número de casos acende novo alerta contra a covid-19

A média móvel de infecções desta segunda-feira (14/11) teve aumento de 167% em relação há 14 dias — foram 660 diagnósticos positivos da doença. Uma semana antes, o número estava em 106. A taxa de transmissão está acima de 1 desde 3 de novembro

Naum Giló
postado em 15/11/2022 06:00
Maria de Fátima da Silveira, dona de casa, tomou a primeira dose de reforço e a quarta dose da vacina -  (crédito:  Mariana Lins)
Maria de Fátima da Silveira, dona de casa, tomou a primeira dose de reforço e a quarta dose da vacina - (crédito: Mariana Lins)

O Distrito Federal tem se surpreendido nos últimos dias com uma nova alta de casos de covid-19 e da taxa de transmissão da doença. A quantidade de testes positivos acende o alerta para uma possível nova onda a poucos dias da Copa do Mundo e das festas de fim de ano. A principal suspeita é que a subvariante da Ômicron seja a causadora dos aumentos observados. No DF, segundo a Secretaria de Saúde (SES-DF), 14 casos da sublinhagem BQ.1 foram confirmados pelo Laboratório de Saúde Central (Lacen). A média móvel de casos desta segunda-feira (14/11) teve aumento de cerca de 167% em relação há 14 dias. Foram 660 diagnósticos positivos da doença registrados na segunda-feira. Uma semana antes, esse número estava em 106.

O Ministério da Saúde recomendou a retomada do uso de máscara no país. No entanto, o governador Ibaneis Rocha disse que, por ora, não pretende tornar o uso obrigatório. Ao Correio, especialistas avaliaram a possibilidade do surgimento de uma nova onda de covid-19.

O epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB) Wildo Navegantes avalia que ainda não se pode falar em uma nova onda, por que a série de aumentos de contaminação está no início. "Também não é possível afirmar que a subvariante BQ 1 é a causadora da alta atual. É preciso fazer mais sequenciamentos genéticos dos vírus que circulam na população", diz o epidemiologista. Navegantes esclarece que não existe uma métrica exata de crescimento de diagnósticos que defina uma nova onda, mas aponta um parâmetro. "Taxa de transmissão acima de 1 por duas ou três semanas seguidas já sugere que uma nova possível onda poderá se sustentar e causar danos em alguma magnitude", analisa. O DF está com transmissão acima de 1 desde 3 de novembro. Nesta segunda-feira (14/11), a taxa de transmissão ficou em 1.38.

Ele lembra as festas de fim de ano, quando as pessoas costumam se aproximar mais e viajarem, e observa que a procura pela imunização é cada vez mais baixa. "É preciso tomar as doses de reforço e vacinar, principalmente, as crianças. Elas têm a menor proporção de cobertura vacinal da população", constata.

O infectologista Dalcy Albuquerque Filho afirma que é impossível prever por quanto tempo o avanço de casos vai durar, mas tem certeza de que será, no mínimo, por mais algumas semanas. "Aparentemente, a tendência é de que o coronavírus cause dois picos de contaminação ao ano, diferentemente de outros vírus respiratórios, que, geralmente, têm apenas um pico a cada 12 meses", pontua. Entre as formas de prevenção, o médico apota a vacinação como fundamental, incluindo os reforços. "É importante lembrar que o intervalo mínimo entre uma dose e outra é de quatro meses. O máximo não existe. O fato de a dose de reforço estar atrasada não diminui a eficácia do imunizante", assinala. Albuquerque também recomenda o uso de máscaras em locais fechados e nas confraternizações, além de evitar aglomerações.

Cautela

A SES-DF reiterou que não há sinais de que a subvariante da Ômicron tenha uma gravidade maior do que as outras detectadas, porque não há reflexos no número de internações e de óbitos. No entanto, a pasta alerta que as pessoas que não se vacinaram ou que não completaram o esquema vacinal são mais vulneráveis a complicações causadas pela covid-19. A recomendação é que quem estiver nessa situação procure uma unidade básica de saúde (UBS).

Os testes rápidos de antígeno (TR-Ag) estão disponíveis em todas as UBSs e são feitos naqueles que apresentam sintomas gripais. Sobre o uso de máscaras, a pasta informou que os cidadãos devem utilizar o acessório quando julgarem necessário, a fim de evitar a contaminação.

Vacina

Desde esta segunda-feira (14/11), crianças de 6 meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias com comorbidades do DF passaram a poder tomar a dose do imunizante Pfizer Baby, versão aprovada para esta faixa etária. De acordo com a SES-DF, a aplicação das doses infantis para esse público será feita em 25 UBSs. A lista dos postos de vacinação pode ser consultada pelo site saude.df.gov.br/locaisdevacinacao. 

A secretaria também confirmou que a primeira dose de reforço é indicada para quem tem mais de 12 anos. Pessoas com mais de 40 anos imunossuprimidas que tomaram as duas primeiras doses, a adicional e o primeiro reforço podem tomar a segunda aplicação de reforço, que, na prática, seria a quinta dose.

Na tarde desta segunda-feira (14/11), o Correio esteve na UBS 1, do Cruzeiro, para acompanhar a movimentação de pessoas em busca do imunizante. A dona de casa Maria de Fátima da Silveira, 61, tomou a primeira dose de reforço em junho e foi à unidade de saúde para a quarta dose. "Até hoje, graças a Deus, não peguei covid-19. Mesmo assim, sei que a vacina é a melhor forma de se proteger da doença", disse Maria de Fátima.

Daniel Orquiza, 41, viu conhecidos morrerem durante a pandemia por causa da doença, como foi o caso do tio da esposa dele. O professor universitário tomou o primeiro reforço em março e, com alguns meses de atraso, buscou a UBS para receber a quarta dose do imunizante. "Importante todo mundo estar imunizado para evitar as super lotações de hospitais e mortes", destacou.

O professor universitário Daniel Orquiza enfrentou o drama de ver pessoas conhecidas morrendo
O professor universitário Daniel Orquiza enfrentou o drama de ver pessoas conhecidas morrendo (foto: Mariana Lins )

Quem pode se vacinar

» Crianças de 6 meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias com comorbidade. Para esse público, são três doses da Pfizer Baby, com intervalo de quatro semanas entre as duas primeiras e de oito semanas entre a segunda e a terceira.

» Crianças de 3 e 4 anos recebem a CoronaVac. São duas doses, com intervalo de 28 dias.

» Crianças de 5 anos a 11 anos podem tomar a Pfizer Pediátrica. São duas doses, com intervalo de 21 dias.

» A partir dos 12 anos já é possível ter acesso a primeira dose de reforço.

» A segunda dose de reforço está disponível para quem tem, no mínimo, 40 anos.

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