Greve

Rodoviários do Entorno fazem paralisação por falta de pagamento

Segundo o presidente do SITTRINDE, a paralisação é por tempo indeterminado e está afetando mais da metade da frota que atende Brasília. Empresas afirmam que estão em "colapso" financeiro

Arthur de Souza
postado em 07/12/2022 17:08 / atualizado em 07/12/2022 19:23
Profissionais reclamam que não receberam salário, 13º e ticket alimentação. -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
Profissionais reclamam que não receberam salário, 13º e ticket alimentação. - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Na tarde desta quarta-feira (7/12), motoristas e cobradores das linhas de ônibus que atendem o Entorno do Distrito Federal decidiram paralisar os serviços. De acordo com uma nota enviada pelo Sindicato dos Rodoviários do Entorno (SITTRINDE), o motivo é que parte dos profissionais não recebeu salários, assim como a parcela referente ao 13º.

Ainda segundo o documento, o sindicato considera a situação como “lamentável” e, por conta da insatisfação dos funcionários com o descaso, decidiu realizar a paralisação “até que sejam adotadas as providências cabíveis para garantir os direitos trabalhistas”.

“É inconcebível que, neste final de ano, os funcionários do serviço de transporte urbano e semiurbano fiquem sem seus salários e 13º. As famílias dependem dessas rendas para o seu sustento”, afirma. “O Sindicato está consciente de todos os problemas enfrentados, mas as empresas assumiram os compromissos com os trabalhadores e devem cumpri-los”, argumenta o texto.

Ao Correio, o presidente do SITTRINDE, Jadsom Ferreira Morais, informou que, além dos salários e do 13º, o ticket alimentação também não foi pago por algumas empresas que fazem a linha entre o Entorno e o Plano Piloto. “A paralisação é por tempo indeterminado e está afetando mais da metade da frota que atende Brasília”, apontou. “Tivemos uma reunião com a Anatrip (Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros) hoje (7/12) pela manhã, e eles informaram que não teriam condições de honrar com os compromissos”, comentou.

Ainda segundo o presidente do sindicato, também houve uma conversa com a gerência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “Eles informaram que, como a gestão ainda está em fase de transição, não podem dar qualquer tipo de satisfação”, revelou.

Colapso

Também por meio de nota, a Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros (Anatrip) diz que é necessária a adoção de “medidas urgentes” para evitar o colapso do sistema do transporte Semiurbano no Entorno do Distrito Federal. “É inviável que as empresas continuem operando com uma tarifa tão defasada, tendo em vista o aumento dos insumos nos últimos meses, especialmente em razão do aumento desproporcional do diesel”, contesta o documento.

Ainda segundo a nota da Anatrip, as empresas operam sem qualquer tipo de subsídio do governo para atender a população, o que tem colocado em risco a continuidade da prestação dos serviços de transporte semiurbano. “A associação também ressalta que as empresas esperavam o repasse de verbas oriundas da PEC do Idoso, que não foi realizado”, destaca. “Tais circunstâncias acabam por prejudicar, demasiadamente, o financeiro das empresas de transportes, os funcionários — motoristas e cobradores — além dos usuários do serviço”, afirma o texto.

O Correio questionou a Anatrip sobre um possível acordo com os motoristas e cobradores afetados pela falta de pagamento. A associação respondeu à reportagem que as empresas estão entrando em colapso, por conta da ausência do reajuste tarifário e do repasse dos valores da PEC que, segundo ela, aconteceu para as empresas do urbano e não as do semi-urbano. “isso agrava ainda mais a situação. Alguns empresários, inclusive, estão utilizando empréstimos, cheque especial e capital de giro, para tentar fazer um levantamento e resolver a questão do pagamento dos funcionários”, detalhou.

Crise

A falta de pagamentos e a paralisação acontecem em meio à crise da gestão das linhas que rodam entre as cidades do Entorno e o Distrito Federal. Responsável desde julho de 2021, o GDF anunciou um aumento de 25% nas tarifas, que entrou em vigor no domingo (4/12), causando revolta dos usuários.

Porém, no dia seguinte — segunda-feira (5/12) —, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça suspendeu o aumento, atendendo a um pedido do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Após a decisão, ainda na segunda-feira, o GDF decidiu devolver a gestão do transporte do Entorno à ANTT.

“O GDF não tem intenção de recorrer dessa decisão e respeita a decisão do Ministro André Mendonça e também vai devolver essa gestão para a ANTT, para que ela faça essa articulação com todos os entes porque o importante é a gente preservar os usuários”, disse o secretário Valter Casimiro, durante entrevista ao programa CB.Poder.

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