Empreendedorismo

Correio Talks discute como o Sebrae-DF usou a inovação para vencer na pandemia

Sebrae-DF usou a determinação diante da crise sanitária para socorrer e capacitar pequenos empreendedores

Darcianne Diogo
Júlia Eleutério
postado em 20/12/2022 06:17 / atualizado em 20/12/2022 06:18
Correio Talks é um bate-papo promovido pelo Correio e discutiu acerca sobre empreendedorismo -  (crédito: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Correio Talks é um bate-papo promovido pelo Correio e discutiu acerca sobre empreendedorismo - (crédito: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A pandemia causada pelo novo coronavírus desencadeou um cenário alarmante para os empresários do Distrito Federal. Em junho de 2020 — quatro meses após o governador Ibaneis Rocha (MDB) decretar o primeiro lockdown na capital —, o número de desempregados chegou a 327 mil. Essa taxa diminuiu em 21%, comparado a junho deste ano, segundo mostra a Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED-DF), do Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF-Codeplan). O cenário exigiu reinvenção dos microempreendedores e aplicação de técnicas para manter o negócio e alavancar a atividade. Esse foi o assunto debatido em mais uma edição do Correio Talks, promovido pelo Correio Braziliense e mediado pela jornalista Samanta Sallum. O evento contou com a participação do consultor financeiro André Wehbe, do empresário Jony Rebouças e do superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-DF), Valdir Oliveira.

O cenário da covid-19 exigiu que os empreendedores se reinventassem e usassem a determinação e a criatividade em favor próprio para conseguir manter de pé os negócios. Foi diante disso que o Sebrae-DF decidiu investir na capacitação desse público, ministrando consultorias e cursos oferecidos de maneira gratuita pela entidade. No Correio Talks, o superintendente Valdir Oliveira destacou algumas ações da entidade para obter os bons resultados. "A economia do DF sofreu muito com a crise sanitária. Recebi pessoas na minha casa que administravam restaurantes de família há quase 45 anos, mas que precisariam fechar as portas por causa de dívidas. Então, a equipe do Sebrae partiu para uma transformação", destaca.

O desafio não era só para os microempreendedores, mas também para os próprios consultores e especialistas da área, que se reuniram no intuito de debater e discutir formas de sobreviver à crise. Segundo Valdir, o primeiro passo era compreender e analisar o tamanho do problema e a quem ele afetava diretamente. "Partimos para uma construção primeiro, pensando nos campos digitais. Se estávamos dizendo que eles precisavam ter essa transformação, nós tínhamos que proporcionar isso. Juntei consultores em um encontro virtual e dizemos um debate sobre quais rumos iríamos tomar", afirma o superintendente.

Ações

Ao longo do período da pandemia, o Sebrae-DF ofereceu, de forma gratuita, consultorias on-line. Foram quase 650 mil horas de consultoria contratada, em que os especialistas abordaram assuntos desde o diagnóstico até o marketing digital. De acordo com o setor, nos últimos quatro anos, mais de 500 mil atendimentos do tipo foram realizados.

Os ensinamentos eram práticos, sobre como vender na internet, se aproximar do cliente, conhecer o público-alvo, entre outros. Os especialistas perceberam uma mudança nos hábitos de consumo da população em meio às restrições impostas pela covid-19. Era necessário mais agilidade, mas sem perder a conectividade com o cliente. "As pessoas compreenderam que com o clique a vida ficava mais fácil. Ela conseguia resolver o problema de consumo e comodidade, sem precisar aguardar demais. Então, para que eu vou parar o meu jogo de futebol para sair e comprar um lanche? Sendo que com o meu celular eu consigo pedir de maneira mais ágil", comenta Valdir.

Os investimentos e esforços dos setores voltados ao empreendedorismo, como o Sebrae-DF, para impedir o fechamento de comércios no período de crise, foram vistos nos números. O boletim mais recente da Pesquisa de Emprego e Desemprego mostra que, em junho deste ano, o DF tem um total de 257 mil pessoas desempregadas, 70 mil a menos do que no mesmo mês de 2020 e 51 mil a menos comparado ao ano passado.

No mesmo período, a taxa de participação — proporção de pessoas com 14 anos ou mais incorporadas ao mercado de trabalho como ocupadas ou desempregadas — reduziu de 65% para 64,2%.

 

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Preparação para o futuro

 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

O senhor está se despedindo do cargo?

Estou me despedindo. Estou fechando um ciclo, são 12 anos dedicados ao Sebrae do Distrito Federal. Chegou a hora de encerrar o ciclo e seguir para uma nova jornada.

O que o senhor deixou de legado para o Sebrae no DF?

O que me orgulha muito de todo esse tempo é a transformação que aconteceu no Sebrae. Quando cheguei no Sebrae, em 2011, atendíamos 28 mil empreendedores por ano. Esse ano, vamos fechar com 90 mil empreendedores. Mais do que triplicamos o atendimento. Essa transformação que nós conseguimos fazer ao longo do tempo deixou o Sebrae mais ágil e mais próximo do mercado. E o melhor de tudo, tiramos o Sebrae de dentro dos escritórios e o levamos para a rua com diagnósticos através de atuações como agente de orientação empresarial, agente local de inovação ou a atuação dos nossos próprios funcionários. Incrementamos muito em eventos. O Sebrae do DF fez, ao longo desse tempo, muitos eventos, atendendo centenas de milhares de pessoas. E isso fez com que o Sebrae ficasse maior e muito mais próximo dos nossos empreendedores. Eu sempre disse que só resolve o problema do empreendedor quem sente a dor dele. Se o nosso corpo funcional, nosso conjunto de consultores e instrutores não sentirem a dor do pequeno empreendedor, eles não vão conseguir resolver o problema deles. Para sentir isso, é importante sair dos escritórios e ter essa aproximação, esse contato, construir relações por meio de trabalhos, atuações e atendimentos que possam estar inseridos no contexto desses empreendedores.

O senhor acha que o futuro do DF é o empreendedorismo?

Não tenho dúvidas. Se não mudarmos nossa matriz de desenvolvimento, incluindo o empreendedorismo como uma opção clara, nós vamos implodir. O Estado de quando criaram Brasília era provedor, dava tudo: emprego, saúde, educação. Hoje, nós temos que criar uma geração de riquezas através do setor privado. E é com o empreendedorismo que isso vai acontecer. Por isso que nós não cuidamos só dos empreendedores, nós cuidamos também das crianças, da Brasília do futuro. Foram 450 mil capacitações para crianças nos últimos quatro anos. Quem vai construir a Brasília empreendedora que foi o sonho de Juscelino Kubitscheck é essa geração que está chegando e é com ela que nós temos que despertar essa vocação empreendedora.

Quais os seus planos para o futuro?

(O ex-governador) Rodrigo Rollemberg sempre foi referência para mim, tive a honra de servi-lo como secretário de Desenvolvimento quando ele foi governador do Distrito Federal. Quando ele me convidou, me disse uma frase que nunca esqueci: "Quem não vive para servir, não serve para viver". Ele me disse também: "Valdir, está na hora de a gente retribuir para essa cidade tudo que ela nos deu". Essa cidade me deu uma família maravilhosa, me fez realizar sonhos, ter amigos, então, eu preciso seguir essa viagem. Como diz Fernando Brant, em Encontros e despedidas, música que foi eternizada por Milton Nascimento, o mesmo trem que chega na estação é o que segue para a próxima jornada. A estação do Sebrae-DF chegou, mas eu vou seguir para a próxima jornada servindo as pessoas como eu aprendi e retribuindo para Brasília tudo que ela me deu.

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