Justiça

Justiça rejeita liberdade a professor suspeito de sequestrar empreiteiro

O professor Benevaldo Barbosa Novaes teve o pedido de liberdade rejeitado pela Justiça. Ele é réu, suspeito de assassinato, e segue preso na Papuda

Darciane Diogo
Pablo Giovanni
postado em 07/03/2023 14:40 / atualizado em 07/03/2023 14:41
 (crédito: Redes Sociais/Reprodução)
(crédito: Redes Sociais/Reprodução)

O juiz Joel Rodrigues Chaves Neto, da 1ª Vara Criminal de Samambaia, rejeitou o pedido da defesa do professor infantil Benevaldo Barbosa Novaes, 39, e o manteve preso no Complexo Penitenciário da Papuda. Ele é apontado como responsável por planejar e executar o sequestro e morte do empreiteiro Daniel Carvalho da Silva, 31. Ele é réu no processo.

Conhecido como “Bené”, Benevaldo é apontado como responsável pela morte de Daniel, sequestrado em 26 de outubro após sair de uma igreja na Ceilândia Norte. Ele está preso desde 5 de novembro e a defesa recorreu ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) alegando que não houve revisão da prisão nos 90 dias que se sucederam à detenção. O acusado tem bons antecedentes, residência e trabalho fixo. Os representantes do professor ainda pediram a aplicação de outras medidas, como o cumprimento da prisão em regime domiciliar.

Para o juiz Joel Rodrigues Chaves Neto, a revisão da prisão de Benevaldo ocorreu há um mês, e a decisão do judiciário foi pela manutenção da prisão. O magistrado também pontuou que, pelo menos neste momento, “não se mostram suficientes e adequadas (a revogação da prisão) para garantia da ordem pública violada, mormente pelo fato de o crime supostamente praticado pelo requerente e pelos corréus não ter sido inteiramente desvendado, porquanto, até o presente momento, o corpo da vítima ainda não foi localizado”, escreveu na decisão.

No que diz espeito à prisão domiciliar, o art. 318 do CPP dispõe que a prisão preventiva poderá ser substituída pela domiciliar quando o agente for: “I - maior de 80 (oitenta) anos; II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; (...) VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. No caso em tela, o requerente não comprovou qualquer dos requisitos acima previstos”, completou.

Com isso, o pedido da defesa de “Bené” foi rejeitado pelo magistrado. Ele permanece preso na Papuda.

O caso

O professor é apontado como responsável pela morte de Daniel Carvalho da Silva, 31. Ele foi sequestrado após sair de uma igreja na Ceilândia Norte, na noite de 26 de outubro. Desde então, nunca mais foi visto e, até o momento, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) não encontrou o corpo do empreiteiro.

Bené, como é conhecido por pessoas próximas, foi preso no começo de novembro pelos policiais civis da Divisão de Repressão a Sequestros da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (DRS/Corpatri). Foi ele, segundo as investigações, que orquestrou o crime, se passou pela vítima para enganar a família e, provavelmente, o matou e enterrou.

Daniel morava em Samambaia e saiu de casa para ir ao Centro de Evangelização Renascidos em Pentecostes. De lá, o empreiteiro se encontraria com a ex-companheira. O casal estava separado, mas buscava uma reconciliação. Foi na saída da igreja que ao menos três homens, em um UP vermelho, seguiram a Amarok da vítima. Os suspeitos, incluindo Bené, simularam uma batida na caminhonete de Daniel. Câmeras do circuito interno de segurança registraram a perseguição e o momento em que os criminosos abordam o empreiteiro e o colocam dentro do UP.

O paradeiro de Daniel segue incerto até hoje. Pelo menos até 28 de outubro, a vítima permaneceu sob o poder dos sequestradores. Ainda na noite do dia 26, Daniel enviou uma mensagem à ex, avisando que havia batido o carro. Depois disso, ele não respondeu mais. O último contato entre os dois foi na noite do dia 28. Por áudio, o homem falou que estava resolvendo uma situação, pois estaria sendo ameaçado.

Plano

De maneira arquitetada, Bené organizou todo o sequestro para evitar chamar a atenção da polícia e dos familiares de Daniel. Em 31 de outubro, o professor organizou a mudança dos móveis da casa do empreiteiro, de Samambaia, para uma residência no Novo Gama (GO). Até um motorista de caminhão de frete foi contratado para o serviço. Seria uma forma de dar veracidade ao esquema montado e fazer com que os parentes acreditassem que a vítima queria desaparecer propositalmente por causa de dívidas de agiotas, o que era uma inverdade.

Vários móveis de Daniel, incluindo bebedouro, panelas e cadeiras, foram encontrados pelos investigadores no Novo Gama e na casa de Rinaldo Márcio de Oliveira, foragido da polícia e envolvido no crime. A mulher de Rinaldo chegou a ser presa por receptação na época, pelo fato dos móveis terem sido localizados na residência dela. Mas ela acabou liberada em audiência de custódia.

No período em que estiveram soltos, Bené e os comparsas fizeram várias transações bancárias (PIX) para diversas contas, até que o limite fosse excedido. Eles também efetuaram compras no cartão de crédito de Daniel. Além de Bené, a polícia prendeu o irmão dele, Édson Barbosa de Novais, e Wemerson Araújo da Fonseca, acusado de receber uma das transações feitas.

Benevaldo nega o crime. Em inúmeros depoimentos prestados à polícia, o professor diz que apenas “tentou ajudar” Daniel a fugir de agiotas. Com quase sete mil seguidores no Instagram, Bené se apresenta como educador parental e professor de musicalização para crianças com deficiência e neurodivergências. Licenciado em pedagogia, ele faz questão de publicar fotos e vídeos do trabalho prestado em uma sala multidisciplinar de Samambaia.

Rinaldo foi preso em fevereiro, na Bahia. A PCDF segue com as investigações localizar o corpo de Daniel.

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