CPI

CPI: Empresário "pechinchou" contratação de trio elétrico para manifestações

Adauto Lúcio de Mesqiuta disse que não ajudou no pagamento de trio, que serviria para manifestar sobre o resultado da eleição que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Pablo Giovanni
postado em 04/05/2023 12:24 / atualizado em 04/05/2023 14:43
 (crédito:  Hugo Batista/CLDF)
(crédito: Hugo Batista/CLDF)

O empresário Adauto Lúcio de Mesquita afirmou, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa, que intermediou a contratação de um trio elétrico para a manifestação de bolsonaristas. Mesquita "pechinchou" um melhor valor para que o trio fosse contratado, no valor de R$ 30 mil.

A afirmação ocorreu após a exibição de vídeos nos quais o empresário filmava o trio e recebia auxílio de policiais militares na manifestação da preparação do trio, chamado de Coyote. Mesquita diz que gravou o vídeo porque ficou eufórico. "Esse foi dia 2 de novembro. Foi o único dia que devo ter ficado mais tempo (...) Numa roda de pessoas que eu não conheço, estavam falando que era baixo (as caixas de som) (sic). O Rubens (dono do Coyote), disse que era dono do trio e que o som era o melhor de Brasília. O pessoal, então, começaram (sic) a negociar com ele", disse.

"Me apresentei na roda, e me apresentei como Adauto. Quem estava lá era o Adauto CPF, e não o Adauto CNPJ. Fui lá e disse para ele (Rubens) ajudar o pessoal, para fazer um preço melhor. Disse que eu sou comprador na minha empresa. Eu sei comprar, eu sei pechinchar", explicou. "Não paguei um centavo do Coyote. Eu entrei para ajudar (na negociação) e pagaram. Minha participação no trio foi essa", completou.

Natural de Unaí, Adauto é apontado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), ao lado do sócio Joveci Andrade, como um dos financiadores das manifestações. Segundo a corporação, outdoors estampados nas rodovias de Brasília, em dezembro, que apoiaram a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), eram de autoria da dupla. Mas, para despistar, os cartazes faziam alusão aos jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar.

CPI

A CPI da CLDF ouve, na manhã desta quinta-feira (4/5), Adauto Mesquita. O empresário disse que doou R$ 10 mil para a campanha do então candidato Jair Bolsonaro (PL).

Mesquita contou que frequentou o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), de três a quatro vezes e que não esteve no local em nenhum momento de horário comercial. Um vídeo exibido pelos distritais mostra Adauto no QG convocando a população para "não perder a vez" e para "participar".

"Foi um vídeo meu, gravado do meu celular. A gente se empolga, presidente Chico Vigilante. Eu não sou nenhum influencer, não tenho essa capacidade de captar gente (...). Nunca participei de nada da Esplanada. Esse movimento político pacífico no QG, eu fui de três a quatro vezes. Na minha cabeça, nunca imaginei ir para a Esplanada", disse.

Adauto disse ainda que "alguns deputados" foram no QG e reforçou que ele não participou, apenas "foi". Questionado sobre quais deputados viu no QG do Exército, o empresário disse que não viu ninguém porque pouco passava por lá. "Por mais que tenha essa impressão que o QG tinha muita gente doida, fui lá três a quatro vezes. Não vi, em momento algum, até porque fiquei pouco tempo, vi apenas placas de 'fora não sei quem', 'socorro Forças Armadas'. Diretamente, não contratei nenhuma tenda", disse.

O que diz a defesa

Em nota, a assessoria do empresário afirmou que será comprovado que Adauto não tem qualquer participação em atos contra a democracia, e que jamais financiou qualquer movimento antidemocrático. Confira a nota:

"Sobre reportagens divulgadas nos veículos de comunicação do Distrito Federal, acusando Adauto Lúcio Mesquita de envolvimento com os atos golpistas praticados no dia 08 de janeiro, a defesa do empresário acredita que os fatos serão esclarecidos e que será provado que ele não cometeu qualquer ato contra a democracia brasileira. O empresário jamais financiou qualquer movimento antidemocrático.

É importante ressaltar que Adauto repudia veementemente os atos praticados no dia 08 de janeiro, que culminaram na destruição dos símbolos da democracia brasileira. O empresário é contra o vandalismo e a intolerância política, e acredita que a democracia é feita com pensamentos diferentes, mas jamais com violência. Assim como grande parte da população, Adauto acredita na justiça brasileira e espera que todos os envolvidos nos atos de vandalismo de 08 de janeiro sejam exemplarmente punidos."

 

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