DENGUE

Dengue: Aedes aegypti também leva risco para dentro de apartamentos

Moradores de prédios precisam redobrar os cuidados com a proliferação do Aedes aegypti tanto quanto quem reside em residências horizontais, mesmo com probabilidade menor de o transmissor chegar a andares mais altos

Luanna Braga aumentou o número de vezes que lava os recipientes de seu animal de estimação. Cuidados reforçados para evitar a dengue -  (crédito: Caio Ramos/Esp.CB/D.A Press)
Luanna Braga aumentou o número de vezes que lava os recipientes de seu animal de estimação. Cuidados reforçados para evitar a dengue - (crédito: Caio Ramos/Esp.CB/D.A Press)
postado em 03/02/2024 05:50

Por Alessandro de Oliveira e Caio Ramos*

As recentes medidas para frear a alta nos casos de dengue, com o apoio de diversos órgãos do governo do Distrito Federal e do Exército, foram propostas, mas ainda não são suficientes para conter o avanço da doença. No último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), divulgado em 1º de fevereiro, foram registrados 29.492 casos prováveis da doença transmitida pelo Aedes aegypti. Entre eles seis mortes foram confirmadas, entre 30 óbitos prováveis — 24 estão em investigação ainda.

Diante de do estado de emergência, diante da epidemia, decretada pelo GDF, moradores de apartamentos questionam se há possibilidade do mosquito alcançar andares mais altos e quais os cuidados que residentes em prédios devem ter.

Segundo o médico e coordenador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde da Fiocruz Brasília Cláudio Maierovitch, mesmo que as chances sejam menores, os cuidados são os mesmos. "Os riscos de casas com quintal, casas baixas, são maiores. O mosquito não voa em direção a andares mais altos, mas ele pode chegar através do elevador. As ações de quem mora em apartamentos são as mesmas para as casas. O cuidado com a água parada em vasos de plantas, a higiene em vasilhas de águas dos animais, fechamento dos ralos são os mesmos."

O médico alerta para os cuidados em áreas comuns em condomínios. "Diferentemente das casas, os prédios têm áreas as quais muitas vezes vira um local de ninguém, não há uma fiscalização, podendo ter uma grande quantidade de possíveis criadouros de mosquito", explica.

Cláudio Maierovitch explica como a verticalização pode ajudar na transmissão do vírus. "Nos bairros mais horizontalizados, tem uma certa distância entre as casas. Nos prédios, é tudo mais perto e, como os mosquitos não percorrem longas distâncias, a transmissão é mais provável. Por isso, pessoas com dengue em apartamentos devem estar mais atentas aos sintomas e focos do mosquito", relata.

Os números de casos da doença não param de crescer. Claudio avaliou situação atual da capital. "Tudo era indicava nas projeções o aumento no número de casos, e isso vem se confirmando nesse início de ano. Brasília tem aumento crescente durante os últimos anos, esse período de final de ano foi de muito calor e chuva, o que ajudou os mosquitos a se proliferarem, e as ações que deveriam ser adotadas não foram ou foram muito tímidas. É necessária uma ação conjunta", explica.

Prevenção

O medo da doença, que atingiu quase 30 mil pessoas no DF está mudando a rotina de moradores da capital do país. O professor Bruno Rocha, morador de um apartamento na Candangolândia, acompanha com apreensão as últimas notícias sobre os casos de infecção. "O assunto do momento é a dengue. Isso faz com que fiquemos atentos, porque ela é uma doença perigosa.  Meus pais já pegaram, e sei o quanto sofreram", recorda.

"Eu lavo a vasilha e troco a água do meus gatos duas vezes na semana. Costumo regar as minhas plantas quase todos os dias, mas fico sempre atento para não deixar água acumulada nos vasos. Os ralos dos banheiros estão sempre fechados, e tento sempre ficar atento a todos os lugares da casa que podem acumular água", afirma Rocha.

Outra pessoa preocupada com o avanço da dengue é a arquivista Luanna Braga, 42 anos. Moradora da Asa Sul, e com dois cachorros e plantas em casa, ela relata os cuidados que tem tomado em relação à dengue. "Eu limpo a vasilha constantemente, mais de três vezes na semana, e as plantas eu não deixo água parada no pires. Sempre estou atenta a esses cuidados", detalha.

A produtora de eventos Amanda de Araújo tem tomado medidas mais enérgicas para evitar contrair a doença. "Uma das mudanças necessárias foi trocar os vasos de plantas da minha casa. Hoje, não tenho mais vaso com o pratinho embaixo acumulando água, passei a usar mais repelente, fechar as portas e janelas no período da tarde, por ser o período no qual mosquito mais aparece."

"Eu tenho muito costume de beber e deixar as garrafas no apartamento, tive que mudar isso e passei a colocar as garrafas nas lixeiras do prédio, pelo fato de ter minha cachorra, tenho trocado a água e lavado sua vasilha quase todos os dia para não virar um foco da larva do mosquito", conclui Amanda.

*Estagiários sob a supervisão de Suzano Almeida

 

Sintomas

O Aedes aegypti possui o corpo preto com listras brancas, não produz ruído enquanto voa, pica sem deixar marcas, é mais ativo pela manhã e ao entardecer. A fêmea é a responsável por transmitir o vírus, e por produzir de 150 a 200 ovos, que eclodem entre sete e 10 dias. Após virarem adultos, eles podem percorrem até 1km.

Características

O Aedes aegypti possui o corpo preto com listras brancas, não produz ruído enquanto voam, pica sem deixar marcas, são mais ativos pela manhã e ao entardecer. A fêmea é a responsável por transmitir o vírus, e por produzir de 150 a 200 ovos, que eclodem entre sete e 10 dias. Após virarem adultos, eles podem percorrem até 1km.

  • Cachorro da Luanna Braga Cruz bebendo água na vasilha limpa
    Cachorro da Luanna Braga Cruz bebendo água na vasilha limpa Foto: Caio Ramos/Esp.CB/D.A Press
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