DENGUE

Vacinas devem chegar ao DF até esta sexta-feira (9/2)

GDF anunciou novas medidas de combate à doença. A previsão é de que a Secretaria de Saúde receba, até esta sexta-feira (9/2), 194 mil doses de imunizante para aplicação em crianças de 10 a 14 anos. Vacinação deve começar no mesmo dia

Em entrevista coletiva, o GDF anunciou que vai abrir mais tendas em cidades com casos de dengue para desafogar o atendimento de pacientes -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
Em entrevista coletiva, o GDF anunciou que vai abrir mais tendas em cidades com casos de dengue para desafogar o atendimento de pacientes - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Após a capital do país atingir o número alarmante de mais de 46 mil casos de dengue desde o começo do ano, o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou novas medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti e de atendimento à população. Durante coletiva no Palácio do Buriti, nessa quarta-feira (7/2), o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, junto de outros representantes do governo, informou que serão instaladas mais nove tendas de atendimento e hidratação aos pacientes com a doença e que o repasse das vacinas deve ocorrer até sexta-feira (9/2), com possibilidade de início da aplicação no mesmo dia.

Segundo o chefe da Casa Civil, a chegada das vacinas deve ocorrer na noite desta quinta-feira (8/2) ou nesta sexta-feira (9/2), pela manhã. "Está previsto que a gente receba 194 mil doses. Tão logo essas vacinas cheguem, a Secretaria de Saúde vai montar a estrutura de vacinação. Serão 35 pontos e não haverá a necessidade de agendamento ou de comprovação de endereço. A única questão é a idade. Neste primeiro momento, serão vacinadas as nossas crianças e jovens de 10 a 14 anos", detalhou Gustavo Rocha, que explicou que o número de doses é o equivalente aos dados do governo, que mostram a quantidade de pessoas nesta faixa etária na capital. "Se essa vacina estiver disponibilizada (pelo Ministério da Saúde) na sexta de manhã, vai começar a vacinação na sexta à tarde. Isso será amplamente divulgado por intermédio da Secretaria de Saúde", completou.

Outra nova medida de combate à dengue é a instalação de mais tendas. De acordo com o secretário, serão colocadas nove unidades em pontos estratégicos da cidade. "No mais tardar, no fim de semana ou começo da semana que vem, nós vamos instalar mais nove tendas para fazer com que esse atendimento chegue mais perto da população e para facilitar o acesso a esse tratamento para que a gente possa avançar no enfrentamento da dengue no DF", afirmou Gustavo Rocha.

O secretário da Casa Civil avaliou que as tendas estão sendo muito efetivas e ajudam a desafogar a rede pública de saúde. "Será mais uma em Ceilândia e Samambaia, e uma em Vicente Pires, no Varjão, no Gama, em Taguatinga, no Guará, na região central do Plano Piloto e no Paranoá", detalhou.

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), na última segunda-feira, a capital alcançou a marca de 46.298 casos de dengue, o que representa um aumento de 1.120,6% em relação ao mesmo período do ano passado, e 11 mortes em decorrência da doença desde o começo do ano. Além disso, há a investigação de outros 45 casos suspeitos de morte pela doença.

O governo também informou que aquelas pessoas que não deixarem os agentes de vigilância, bombeiros e militares do Exército entrarem nas casas poderão ser autuados pelo DF Legal. "Nós temos autorização judicial e permissão legal para entrar nessas residências. As recusas diminuíram, mas ainda há um grande número. A partir de agora, o DF Legal vai acompanhar lado a lado essas visitas porque, chegando nas residências, se a pessoa não permitir, o DF Legal já estará lá para entrar. Não vai ser necessário voltar lá num segundo momento", enfatizou o secretário.

Gustavo Rocha pediu apoio da população para que o trabalho de orientação seja feito por parte dos vigilantes. "Nós não vamos permitir que situações, como essa de recusas de que as autoridades entrem nas residências continue. Quando o bombeiro ou o Exército entrar nas casas, eles não vão para aplicar sanções ou multas, vão para orientar. Agora, se tem a recusa, nós insistiremos em entrar, se não deixarem, aí sim, vai ter sanção. Deixem entrar, porque é orientação e a gente precisa disso", destacou.

Além disso, foi anunciado que, a partir desta semana, mais 10 carros fumacês estarão circulando pelas ruas do DF. Na coletiva, estiveram presentes a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio; o diretor do DF Legal, Cristiano Mangueira e o coronel Vieira, do comando operacional do Corpo de Bombeiros.


Atendimento

Para ampliar o atendimento, o governo anunciou que alunos de medicina e de enfermagem de instituições de ensino do DF vão atuar voluntariamente. "Eles estão também empenhados e dispostos a nos ajudar e ajudar a população do Distrito Federal no combate à dengue. Na terça-feira (6/2), foi feito um treinamento de mais de 1 mil alunos de medicina e de enfermagem para que eles possam entrar também no atendimento de forma voluntária", disse o chefe da Casa Civil. Segundo Gustavo Rocha, os estudantes estão no fim do curso e têm uma mão de obra qualificada.

O secretário afirmou ainda que, na última terça-feira, esteve na Câmara Legislativa do DF (CLDF) — atendendo aos pedidos da Aeronáutica, que está com o Hospital de Campanha (HCamp), em Ceilândia — para solicitar leitos de atendimento para aqueles casos mais graves no Hospital Cidade do Sol, localizado ao lado da instalação da unidade militar de saúde. "Eles pediram esse apoio. Conversei com os deputados  e eles entenderam a urgência dessa medida e, nessa terça-feira (6/2), aprovaram e permitiram que esses 60 leitos do Hospital Cidade do Sol possam ser geridos pelo Iges-DF", disse.

Segundo Gustavo Rocha, a gestão por parte do Iges-DF foi em razão da facilidade da contratação dos procedimentos mais simplificados da urgência. "Estamos esperando esse projeto de lei chegar no Executivo para que o governador sancione isso e o Iges-DF consiga já aprontar esses leitos o mais rápido possível para que a gente possa dar este suporte lá no HCamp", enfatizou o chefe da Casa Civil.

Recomendação

Após a picada pelo mosquito infectado, os primeiros sintomas de dengue aparecem entre quatro e 10 dias, de acordo com a Secretaria de Saúde (SES-DF). Os sinais mais comuns são mal-estar, fadiga, febre alta (acima de 38ºC), dor no corpo, dor atrás dos olhos, dor de cabeça e dor nas articulações. Outros sintomas que podem aparecer são vômito, náusea, diarreia e manchas no corpo. Há ainda casos assintomáticos ou com a presença de apenas um destes sinais.

Durante a coletiva de imprensa, a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, ressaltou que, aos primeiros sintomas, o paciente deve procurar o equipamento público mais próximo de sua residência. "Nós estamos ampliando o acesso e precisamos que a população nos procure aos primeiros sintomas. Não pode deixar ficar grave, com dores e com vômitos que não param, temperatura muito alta durante dias em casa, para procurar uma unidade de saúde", ressaltou.

A secretária também informou que a população pode procurar umas das 176 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além das tendas já disponibilizadas, que funcionam das 7h às 19h, e o HCamp, em Ceilândia, que tem atendimento 24h. "Escalonando os sintomas, temos as 13 Unidades de Pronto-Atendimento abertas 24h que também acolhem os usuários", recomendou Lucilene.

Outras ações

Além das novas medidas anunciadas, o GDF havia implementado outras ações como ampliação do horário de funcionamento das UBSs, contratação de mais agentes de vigilâncias, instalação de tendas, além de contar com o apoio da Força Aérea, do Exército Brasileiro e da Defensoria Pública do DF. "Nas nossas reuniões, a gente detectou atores que poderiam nos ajudar e que poderiam unir forças no enfrentamento do combate à dengue e nós fomos atrás", explicou o secretário. "A Defensoria Pública disponibilizou carretas para que a gente possa atender a população nos locais onde a administração pública não tem uma estrutura muito adequada. Nós fomos atrás desse apoio, é um momento de união e de todo mundo trabalhar junto para que a gente possa avançar e superar esse momento mais agudo da crise da dengue no DF", comentou.

"No primeiro momento, nós fizemos a ampliação do horário de 11 UBSs, que passaram a funcionar até as 22h. Nós aumentamos o horário de atendimento com a contratação de mais 75 agentes para auxiliar nesse combate. Nessa terça-feira (6/2), foi aprovado na Câmara Legislativa a contratação de mais 75 agentes. Vamos acelerar para que possa ser implementado o mais rápido possível. Posteriormente, houve uma ampliação de 10 UBSs funcionando das 7 às 19 horas nos sábados", comunicou Gustavo Rocha.

Em seguida, houve a instalação das tendas em nove administrações. "Os bombeiros disponibilizaram 300 homens nas ruas que estão indo de casa em casa", detalhou o secretário. Em parceria com o Exército Brasileiro, 247 militares também estão realizando ações em conjunto com os vigilantes nas fiscalizações das residências e comércios. "Vem tendo um resultado também muito efetivo. E veio então a ideia do HCamp", completou o chefe da pasta.

Fiscalização

Diretor do DF Legal, Cristiano Mangueira detalhou que a pasta tem empenhado esforços para eliminar focos de dengue de diversas regiões da capital. Nesta semana, foi deflagrada uma força-tarefa junto às administrações de Taguatinga, Samambaia, Ceilândia e Vicente Pires para a remoção de lixos nas ruas. "Em Taguatinga, nós removemos ocupações de ferros velhos que estavam lá há mais de uma década. Eram carcaças a céu aberto que podem ser de propagação da dengue. Removemos, arborizamos e cercamos uma área que servia para depósito", descreveu.

 05/02/2024 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Dengue. Lixo e entulho no setor de oficinas norte em Taguatinga.
Retirada de lixo em áreas públicas vai continuar no decorrer do mês (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Segundo Cristiano, a pasta pretende identificar os infratores que têm descartado lixo em locais irregulares para que sejam autuados. "Nós mandaremos todos os custos operacionais que ficaram em torno de 15 a 16 mil reais naquela limpeza", comentou. Em Ceilândia, o DF Legal realizou 203 notificações de pessoas que acumulam resíduos, seja em suas residências ou seja em depósito em área pública. Esses infratores foram todos notificados com um dia para adequação e limpeza desses locais, não sendo feito isso as multas podem chegar a R$ 500 mil", ressaltou. O prazo se encerra hoje.

Na semana passada, um decreto autorizou que as administrações regionais emitissem o Termo de Constatação de Irregularidade (TCI) em razão de descarte irregular ou do acúmulo de resíduos de qualquer natureza em lotes particulares, vias, logradouros e/ou espaços públicos no âmbito do DF. Cristiano ressaltou que fez um treinamento com todas as administrações para este trabalho em conjunto.

Além disso, o diretor do DF Legal informou que, para essa semana, o órgão tem a intenção de deflagrar mais ações em sete regiões simultaneamente, seja para notificação preliminar ou seja para limpeza compulsória em residências que há uma acumulação de resíduos. "Não é que seja proibido juntar reciclados, mas ele deve ser feito de forma adequada e condicionada em local coberto. O que nós estamos encontrando nas residências são acúmulos a céu aberto, inclusive em área pública. A gente pede para que a população do DF nos ajude com a denúncia desses infratores", disse, orientando que as pessoas procurem os canais de denúncias, seja pelo 162 ou nas ouvidorias das administrações e dos postos da DF Legal.

Sobre o Aedes aegypti

Conversa com o especialista: professor do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB), Rodrigo Gurgel

Como o mosquito chegou ao Brasil?

O mosquito da dengue tem origem africana e chegou no Brasil durante o tráfico de escravos.

Como ele se comporta em países tropicais como o nosso? É um local de mais fácil proliferação?

Somente as fêmeas de Aedes transmitem o vírus da dengue. Existem vários fatores que podem explicar a disseminação do vírus na capital:

1) O aumento da temperatura e intensidade das chuvas favorecem os criadouros, gerando mais mosquitos.

2) O aumento de pessoas infectadas circulando nas ruas favorece uma maior quantidade de fêmeas de Aedes aegypti infectadas e facilita a disseminação do vírus.

3) Deficiências de urbanização, coleta de lixo e fornecimento de água (como em Santa Luzia, na Estrutural).

4) Descontinuidade das ações em identificar e controlar os criadouros do mosquito ao longo do ano

5) Alcance limitado do fumacê, devido ao baixo número de veículos com equipamentos calibrados e condições meteorológicas desfavoráveis para execução da ação

6) Agentes insuficientes para cobrir toda a área do DF

7) Dificuldade em incorporar as novas tecnologias de controle recomendadas pelo Ministério da Saúde (nota informativa 37/2023 da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses)

Como a população deve agir ao encontrar um foco de mosquito da dengue em casa?

A população deve eliminar qualquer foco de mosquito encontrado, acabando com reservatórios de água parada. É fundamental que a população participe das ações já que 75% dos criadouros estão nas casas. Medidas simples são fundamentais como: trocar a água e esfregar as paredes de recipientes uma vez por semana, desobstruir calhas, virar garrafas com a boca para baixo, vedar tonéis e tampar caixas d'água, trocar a água que fica empoçada dentro das plantas (principalmente bromélias) no mínimo uma vez por semana.

 

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postado em 08/02/2024 06:00
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