O furto de cabos de energia que alimentam a iluminação pública do Distrito Federal traz danos para a sociedade, o comércio e os espaços públicos. Somente em janeiro deste ano, a Neoenergia Brasília teve um prejuízo material de R$ 181 mil de um total de 54 ocorrências registradas pelo crime. No mesmo período do ano passado, a perda foi de R$ 261,4 mil para 37 ocorrências. Asa Norte é a região com maior incidência desse crime.
A prática, recorrente em todo o país, ganha novos adeptos — de criminosos disfarçados de técnicos da companhia e até sócios de uma grande rede de supermercados. O resultado é sempre o mesmo: um prejuízo milionário à distribuidora de energia e o comprometimento dos serviços prestados à população.
Em outubro do ano passado, por exemplo, a circulação do metrô em Ceilândia foi afetada e passageiros precisaram esperar para seguir viagem. O motivo foi um furto de cabos ocorrido na estação Ceilândia, o que provocou a parada momentânea dos trens.
Nos dois últimos anos, em 2022 e 2023, a Neoenergia teve um prejuízo de R$ 4,4 milhões com furtos de cabos de energia, segundo levantamento da própria companhia. Nesse mesmo período, o total de ocorrências foi de 630 (326 e 304 respectivamente). Os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) abrangem, ainda, os furtos de cabos de transmissão de dados e de telefonia. Quanto a esses, o DF registrou 184 casos em janeiro.
Ainda de acordo com a SSP-DF, houve uma redução de 28,2% nesse tipo de crime. Entre janeiro e dezembro de 2023, foram registradas 3.064 ocorrências. No mesmo período de 2022, foram 4.267 casos. Em 2021, 1.570. A Polícia Militar (PMDF) informou que tem feito diversos flagrantes com base em denúncias da população. A orientação é sempre acionar a PMDF pelo número 190 ao notar qualquer atitude suspeita.
"A SSP realiza reuniões frequentes com representantes das forças de segurança, Neoenergia e CEB, para tratar de medidas de enfrentamento a essa modalidade criminosa", frisou a secretaria. Quem comete esse tipo de delito é enquadrado no artigo 155 do Código Penal Brasileiro (furto) e pode pegar de um a quatro anos de prisão, além de pagar multa. Caso haja emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum, a punição é acrescida de quatro a 10 anos de reclusão e multa.
Região
Das 54 ocorrências de furto a cabos registrados em janeiro, 44 ocorreram na Asa Norte. No ano passado, dos 304 registros, 159 também foram na Asa Norte, 61 na Asa Sul e 56 no Guará. O delegado-chefe da 2ª DP, área da Asa Norte, João Guilherme, afirma que ações repressivas têm sido feitas para evitar esse tipo de crime. "Participamos de um grupo na SSP que rendeu uma minuta do projeto de lei, que prevê multa para quem não comprovar a origem do cobre. Além disso, fizemos várias operações. Uma delas, no ano passado, ficamos mais de 20 dias sem registrar nenhuma ocorrência de furto a cabos na área", afirmou.
O investigador ressalta a facilidade de os criminosos cometerem esse tipo de delito. Sem chamar a atenção, os suspeitos entram nas caixas, cortam os fios e fogem. Há, ainda, segundo ele, um outro grupo voltado a esse ramo. "Os moradores de rua estão inseridos nesse meio e cometem esse crime para trocar por drogas, principalmente crack", explica. Com a lei em vigor, o delegado espera auxiliar na diminuição desses furtos, uma vez que será necessário comprovar se a origem do fio é ou não lícita.
A Neoenergia destacou que dispõe da linha telefônica direta para validação dos serviços técnicos suspeitos realizados em nossa rede, além do envio mensal dos dados das ocorrências registradas, o que não era feito antes da concessão. "A distribuidora tem também realizado rondas nas regiões mais sensíveis para inibir a ação dos criminosos. Em algumas regiões, como a Asa Norte, a empresa está soldando as entradas das caixas de energia e estações transformadoras", frisou a distribuidora em nota oficial.
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