Entrevista

Volta às aulas: especialista sugere vacinação contra dengue em escolas

Ao CB.Saúde, a especialista avaliou a necessidade de novas estratégias para que o imunizante da dengue chegue ao público-alvo, com o início do ano letivo, e alertou para que as pessoas fiquem atentas aos sintomas graves da doença

 07/03/2024 Crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. CB.Poder entrevista Valeria Paes, infectologista e professora da UnB. Na bancada: Sibele Negromonte e Mila Ferreira. -  (crédito:  Kayo Magalhães/CB/D.A Press)
07/03/2024 Crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. CB.Poder entrevista Valeria Paes, infectologista e professora da UnB. Na bancada: Sibele Negromonte e Mila Ferreira. - (crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press)

Durante o programa CB.Saúde — parceria entre Correio e a TV Brasília — de quinta-feira (73), a infectologista e professora da Universidade de Brasília (UnB) Valéria Paes disse que as pessoas devem ficar atentas aos sintomas e aos sinais de alarmes da dengue que já causou 81 óbitos este ano no Distrito Federal. Às jornalistas Sibele Negromonte e Mila Ferreira, a especialista chamou a atenção para o crescimento da taxa da covid-19 e reforçou a importância da vacinação.

Por que os casos de dengue aumentaram tanto neste ano no DF?

Aumentamos em 1.500% o número de casos de dengue em relação a 2023. É um crescimento muito expressivo. Isso demanda um esforço de todos os serviços de saúde assim como vocês têm noticiado. Existe uma grande quantidade de atendimentos em pronto-socorros e as emergências estão superlotadas. Nessa situação, precisamos garantir a prestação de serviço aos pacientes de forma adequada. Precisamos que todas essas pessoas tenham um acompanhamento e diagnóstico necessário. O número de óbitos gera muitas preocupações. Quando observamos os dados da OMS, notamos que se os diagnósticos fossem feitos da forma certa e com as medidas terapêuticas, poderíamos ter uma taxa de letalidade menor que 1%. Isso gera um estado de atenção e mostra que precisamos intensificar o que está sendo feito.

A vacina chegou apenas para crianças de 10 a 14 anos e só funciona a longo prazo. Quais seriam as medidas mais drásticas para poder conter essa epidemia?

Em relação à vacina, infelizmente não conseguimos oferecê-la em larga escala para a população e o Ministério da Saúde decidiu disponibilizá-la para essa faixa etária, pois tem uma maior proporção de hospitalizações. Os pais e os próprios adolescentes que foram contemplados com esse direito devem procurar os postos de vacinação para receber o imunizante, que diminui as chances de a doença evoluir para a forma grave, além da redução de internação. Estamos em momentos de volta às aulas e podemos pensar em diversas estratégias, uma delas seria oferecer essas doses nas escolas. Além de pensar em horários e levantar essa discussão. Podemos fazer uma pesquisa e ver o motivo pelo qual essas crianças não estão indo aos postos de vacinação, pois a meta do Ministério da Saúde é ao menos 90% desse público vacinado.

Quais são os sintomas da dengue e os sinais de alarme que indicam uma evolução para um caso mais grave?

Primeiro é preciso fazer um diagnóstico correto. O ideal é fazer o exame laboratorial para um diagnóstico 100% correto. Uma vez diagnosticado com a dengue, o tempo de doença costuma ser em torno de sete a 10 dias. Próximo ao quinto e sétimo dias é quando existe o risco da doença se agravar. Em relação aos sinais alarmantes seriam a queda de pressão, dor abdominal e vômitos. Há casos em que a pessoa recebe a orientação de ser hidratada e ela não consegue tomar líquido por via oral, em alguns casos por estar muito enjoada, pode ser algo agravante. Quando você está reduzindo muita quantidade de urina e ela fica escura também pode ser um indício. Além da queda de pressão e os sangramentos, caso tenha algum, devemos monitorar antes que ele fique muito volumoso.

Como a senhora enxerga o aumento nos casos da covid-19?

Embora tenhamos tido esse aumento no começo do ano, vimos uma proporção pequena de hospitalizações em relação a 2020 e 2021, isso graças à vacinação. Se existe alguém que ainda não foi vacinado, por favor, reconsidere.

Assista o CB.Saúde na íntegra

*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

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postado em 08/03/2024 06:00
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