INJÚRIA RACIAL

Ministério repudia caso de racismo em partida de futsal em escola no DF

A pasta do Esporte publicou nota como demonstração de "indignação e tristeza" após repercussão dos atos racistas contra atletas no Torneio da Liga das Escolas

Aline Brito
Naum Giló
postado em 13/04/2024 10:48 / atualizado em 13/04/2024 13:01
Prédio do Ministério dos Esportes, na Esplanada dos MInistérios, em Brasília -  (crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Prédio do Ministério dos Esportes, na Esplanada dos MInistérios, em Brasília - (crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
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O Ministério do Esporte publicou, neste sábado (13/4), uma nota de repúdio sobre caso de racismo ocorrido durante um jogo de futsal no Torneio da Liga das Escolas, no Distrito Federal. Os insultos racistas foram proferidos em 2 de abril, mas ganhou repercussão na sexta-feira (12/4), após um dos colégios envolvidos fazer uma denúncia de injúria racial.

“Foi com indignação e tristeza que o Ministério do Esporte tomou conhecimento de atos de racismo ocorridos durante partida de futsal em uma escola do Distrito Federal. Relatos de insultos racistas direcionados a jovens atletas, com a utilização de termos discriminatórios, são profundamente perturbadores e contrários aos valores de igualdade, respeito e diversidade que defendemos”, destacou o Ministério em nota oficial.

No torneio de futebol de salão, estudantes do Colégio Galois, instituição anfitriã do jogo, teriam ofendido os atletas do time adversário, da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima, com termos como “macaco”, “filho de empregada” e “pobrinho”. Todos os envolvidos são alunos do ensino médio, com idades entre 15 e 17 anos.

A Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima denunciou o caso por meio de uma nota enviada ao Galois, em que pede que medidas sejam tomadas. No documento, o colégio afirma que as ofensas racistas tornaram “ambiente inóspito e deixando nossos alunos abalados”. O texto ainda ressalta que os agressores estavam vestidos, em sua maioria, com uniformes, “ou seja, estavam sob guarda e responsabilidade do Colégio Galois que, neste caso, mostrou-se conivente com a situação humilhante e vexatória vivida pelos alunos da Escola Fátima”.

Representantes da Escola de Fátima ressaltaram a inadmissibilidade de “atos tão repugnantes”. Sobre isso, o Ministério dos Esportes reforçou que episódios de racismo são “lamentáveis”. “Diante de tais atos, manifestamos nosso veemente repúdio. É inaceitável que episódios de discriminação racial persistam em nossa sociedade, especialmente em um ambiente tão importante para o desenvolvimento social e pessoal como o esporte escolar”, acrescentou a pasta.

“O esporte educacional, além de formar atletas, deve formar cidadãos. É também uma ferramenta poderosa para transmitir valores como respeito, solidariedade, trabalho em equipe e jogo limpo. Para construirmos uma sociedade saudável, é crucial que o esporte e a escola sejam espaços onde todos se sintam bem-vindos e valorizados. Além disso, é fundamental que atletas, torcedores, árbitros, dirigentes, educadores e todos os envolvidos no universo esportivo atuem de forma ética e responsável”, salientou o Ministério.

Grupo de Trabalho

O Ministérios dos Esportes ainda afirmou que o enfrentamento ao racismo é uma das prioridades da pasta e que, este ano, vai lançar um Plano Nacional com diretrizes para promoção da igualdade racial no esporte.

“Estamos em constante diálogo com organizações nacionais e internacionais para firmar parcerias que promovam ações educativas, preventivas e de repressão contra o racismo no esporte”, afirmou. “Em parceria com o Ministério da Igualdade Racial, instituímos um Grupo de Trabalho Técnico de Combate ao Racismo e este ano vamos lançar o Plano Nacional Esporte sem Racismo”, informou a pasta.

Em nota, o Ministério ainda expressou solidariedade aos estudantes vítimas da injúria racial e seus familiares. “Reforçamos nosso compromisso em trabalhar incansavelmente para erradicar o racismo e todas as formas de discriminação do esporte e da sociedade. Não pouparemos esforços nessa luta”, concluiu.

O Colégio Galois afirmou, por meio de carta circular direcionada à diretora do Escola Fátima, Inês Alves Lourenço, que a instituição não está inerte diante do ocorrido. “Já iniciamos uma investigação interna rigorosa e estamos comprometidos em não apenas identificar os envolvidos, mas também a aplicar medidas disciplinares e ampliar, ainda mais, ações educativas necessárias pertinentes”, disse o texto assinado pelo diretor pedagógico Galois, Angel Andres.

A direção do Galois também disse que a instituição se solidariza com os alunos da Escola Fátima e se colocou à disposição para colaborar com os alunos envolvidos, com a Escola Fátima e, se necessário, com as autoridades para desenvolver iniciativas conjuntas que possam beneficiar ambas as comunidades escolares.

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