Preconceito

Partida de torneio escolar termina com denúncia de injúria racial

Durante uma partida de futebol de salão no Colégio Galois, alunos da instituição anfitriã estão sendo acusados de chamarem estudantes da Escola Fátima de "macaco", "pobrinho" e "filho de empregada"

Naum Giló
postado em 12/04/2024 12:40 / atualizado em 12/04/2024 16:42
Alunos da rede pública teriam sido chamados de
Alunos da rede pública teriam sido chamados de "macaco" e "pobrinhos" - (crédito: Caio Gomez)
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Uma partida de futebol de salão do torneio Liga das Escolas, em 2 de abril, foi palco de atitudes de preconceito social e injúria racial, de acordo com a nota de repúdio publicada pela Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima.

De acordo com a nota, a equipe da escola compareceu a uma unidade do Colégio Galois para a participar de uma partida da competição, quando os alunos-atletas do da Escola Fátima foram vítimas de preconceito social e injúria racial, sendo chamados por termos como “macaco”, “filho de empregada” e “pobrinho”, palavras que teriam sido proferidas por alunos da instituição anfitriã, o que teria tornado o “ambiente inóspito e deixando nossos alunos abalados”, segundo o documento.

“Vale salientar que embora tivessem diversos responsáveis no local, nenhuma providência efetiva e adequada foi adotada pelos prepostos do Colégio Galois que estavam presentes nas instalações do ginásio”, ressalta o documento.

A nota ainda ressalta que os agressores encontravam-se, em sua maioria, com uniformizados, “ou seja, estavam sob guarda e responsabilidade do Colégio Galois que, neste caso, mostrou-se conivente com a situação humilhante e vexatória vivida pelos alunos da Escola Fátima”, acrescenta.

O texto pontua a inadmissibilidade de “atos tão repugnantes” contra os atletas e que o Galois tem o dever moral e ético de repudiar veementemente quaisquer manifestações de preconceito e discriminação. A nota também enfatiza a preocupação com a falta de “intervenção eficaz” por parte dos juízes da partida.

Diante dos fatos narrados, o documento pede que a direção do Colégio Galois “tome medidas imediatas e concretas para que fatos como esse não voltem a se repetir – com promoção de ações educativas preventivas ao preconceito racial e social –, bem como identifique os responsáveis, com a aplicação das devidas medidas disciplinares e, principalmente, educativas”.

A Escola Fátima também informa que o ocorrido será remetido à coordenação da Liga das Escolas e à delegacia competente. 

  • Nota de Repúdio Colégio Nossa Senhora de Fátima
    Nota de Repúdio Colégio Nossa Senhora de Fátima Reprodução
  • Nota de Repúdio Colégio Nossa Senhora de Fátima
    Nota de Repúdio Colégio Nossa Senhora de Fátima Reprodução

Galois

Em carta circular direcionada à diretora do Escola Fátima, Inês Alves Lourenço, o diretor pedagógico Galois, Angel Andres, diz entender que os atos expostos pela nota de repúdio “são de extrema seriedade e que necessitam de uma intervenção imediata por parte do colégio” e que os valores que guiam a instituição refutam qualquer forma de comportamento preconceituoso.

“Nossos pilares se baseiam no respeito à diversidade e na promoção da inclusão. Tanto que desenvolvemos inúmeros projetos neste sentido dentro da nossa comunidade abrangendo funcionários, pais e alunos como, por exemplo, Encontro da Família ‘Mestre dos Mestres’, trabalho voluntário no Lar dos Idosos e Vila do Pequenino Jesus e, mais recentemente, o Escola Sem Bullying”, esclarece a carta.

O diretor afirma que a instituição não está inerte diante do ocorrido durante a partida de futebol de salão. “Já iniciamos uma investigação interna rigorosa e estamos comprometidos em não apenas identificar os envolvidos, mas também a aplicar medidas disciplinares e ampliar, ainda mais, ações educativas necessárias pertinentes”, acrescenta a carta.

O diretor do Galois também diz que a instituição se solidariza com os alunos da Escola Fátima que se sentiram “ofendidos e magoados”. “Entendemos que o ocorrido não só afetou esses alunos, mas também manchou o espírito de amizade e respeito que deve prevalecer em eventos educacionais e esportivos. Por isso, não podemos, de forma alguma ser coniventes a qualquer tipo de ato discriminatório”, observa a carta.

“Desta maneira, nos colocamos à disposição, não apenas a colaborar com os supostamente envolvidos, mas também, com a Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima e, se necessário, com eventuais autoridades, para desenvolver iniciativas conjuntas que possam beneficiar ambas as comunidades escolares, garantindo que eventos futuros sejam realizados em um ambiente de compreensão e respeito mútuo”, dispõe-se o diretor Angel Andres.

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