CIDADANIA

Com música e dança, Parada do Orgulho PCD faz a alegria na Feira da Torre

Depois de passar por São Paulo, Salvador (BA) e Recife (PE), a 1ª Parada do Orgulho PCD desembarcou na capital. Os encontros são organizados por um grupo composto por ativistas de diferentes estados do país

 Pedro Maron Barretto com os pais Marcos Barretto e Tatiana Maron -  (crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Pedro Maron Barretto com os pais Marcos Barretto e Tatiana Maron - (crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A Feira da Torre foi palco nesse domingo (26/5) da 1ª Parada do Orgulho PCD de Brasília, um momento de levantar a bandeira do respeito e reivindicar direitos, com música, dança e encontros transformadores. Pedro Maron, de 13 anos, estava empolgado pela oportunidade de interagir com outras pessoas com deficiência. "Estou achando uma experiência muito legal, como se estivesse em um mundo diferente, onde as diferenças são respeitadas e somos todos iguais", comentou o estudante do oitavo ano. Cego e autista, o adolescente é influencer digital e posta, no perfil no Instagram (@peumaron), o seu dia a dia para os 143 mil seguidores. "Eu vim para passear e conhecer mais pessoas", disse. 

A Parada do Orgulho PCD desembarcou em Brasília após passar por São Paulo, Salvador (BA) e Recife (PE). Os encontros são organizados por um grupo composto por ativistas de diferentes estados do país. O soteropolitano Marcelo Zig é um dos responsáveis pelo evento. "A parada é uma união de pessoas com deficiência que entenderam a importância de oportunizar, nas cidades do Brasil, experiências em que elas possam estar presentes e se reconhecerem, além de nutrir, cada vez mais, o sentimento de pertencimento social", explicou. 

Pessoas com deficiência, incluindo os artistas e o voluntariado, organizam e executam as paradas. "A sociedade discute a diversidade até a página das pessoas sem deficiência. É preciso entender que os espaços e as oportunidades não estão em equidade para todas as pessoas. O nosso objetivo é fazer com que as pessoas com deficiência saibam que não estão sozinhas e isoladas. Esse isolamento acontece porque somos invisibilizados pela falta de acessibilidade e de respeito pelas nossas humanidades", apontou Marcelo, que é cadeirante. 

Pedro Avelar, de Minas Gerais, também organizador da parada, destaca a importância de trazer o encontro para Brasília. "É a capital política e estamos reivindicando direitos", assinalou. "A parada só acontece porque conseguimos mobilizar muita gente, artistas, voluntários, coletivos e movimentos sociais da cidade", completou Pedro, que tem dupla neurodivergência, com altas habilidades e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

Nem todas as neurodivergências são reconhecidas como deficiência pela legislação brasileira. Por isso, Pedro luta para que haja uma ampliação do entendimento, principalmente entre as pessoas com deficiências ocultas e as variadas condições neurodivergentes.

Diversidade 

O designer gráfico Clayton Eduardo Matta dos Anjos, 34, é percussionista do Surdodum, grupo percussivo que se apresentou na parada que tem integrantes surdos, como ele, e ouvintes. Os surdos conseguem sentir a vibração das percussões. Ele ressaltou ineditismo do evento no Distrito Federal. "A parada motiva a pessoa com deficiência a ocupar os espaços e a despertar as pessoas sem deficiência para a importância dessa luta", avaliou. 

Claudia Ficher, 54, e Juliana Osório, 37, são integrantes do Street Cadeirante, grupo de dança de rua que também se apresentou. "É trazer para sociedade a nossa existência, a nossa importância e as nossas habilidades. Que seja o primeiro de muitos", observou Claudia, funcionária pública aposentada. "Esse encontro é importante para desmistificar a impressão de que a PCD é coitadinho e mostrar que a gente está na área", analisou Juliana, bailarina, artesã e palestrante. 

Jaqueline Boudens, 57, tem nanismo, trabalha como recepcionista e comemorou a iniciativa. "Fiquei muito interessada porque nunca tinha visto uma parada só para pessoas com deficiência. É uma iniciativa muito bacana que abrange todas as deficiências. Cada deficiência arranja um espaço de conforto aqui", enfatizou. Com síndrome de Down, o ator, pintor e estudante Lucio Piantino, 28 anos, disse que ficou feliz de ver todos reunidos. "É importante juntar todo mundo pra ficar alegre e começar o movimento de artistas PCD", comemorou.  

A celebração da diversidade ainda não acabou. Nesta terça-feira (28/5), às 10h, haverá uma sessão solene em homenagem ao orgulho das pessoas com deficiência na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

  •  Lucio Piantino
    Lucio Piantino Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Grupo Surdodum
    Grupo Surdodum Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  •  Marcelo Zig
    Marcelo Zig Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  •  Grupo Street Cadeirante
    Grupo Street Cadeirante Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Jaqueline Boudens
    Jaqueline Boudens Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

 

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postado em 27/05/2024 03:55
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