Moda, cultura e resistência. Esses três elementos, juntos, fizeram parte do Desfile Beleza Negra 21ª Edição, realizado na Câmara Legislativa (CLDF), nesta sexta-feira (29/11), em parceria com o Correio Braziliense. O evento marcou o encerramento do mês da Consciência Negra, celebrando a diversidade e a identidade com o tema Afropunk.
Inspirado pelo estilo rock n'roll, o desfile trouxe produções exclusivas da estilista Carol Montelo, fundadora do Ateliê Flor do Rock. De acordo com ela, essas referências sempre estiveram presentes em sua trajetória. "São looks que estão nas minhas raízes. Por isso, as expectativas estavam bem altas. Os acessórios são da loja Dark Sabbath, que é uma grande parceira da gente", explicou.
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A estilista destacou que o Beleza Negra carrega consigo um objetivo de suma importância para a sociedade: a luta contra o racismo. Mais que isso, contribui para a autoestima da população negra, alcançando um ideal de representatividade e empoderamento. "Mostrar que são capazes de alçar voos altos e conquistas importantes é o que faz desse momento algo único e especial", completou.
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Ao lado de Carol, o styling também é assinado por Raoni Oliveira, um dos grandes nomes da moda nacional, que participa do evento há mais de 10 anos. Para ele, o desfile, ao longo do tempo, tem sido um espaço de empoderamento necessário na comunidade negra e periférica, sobretudo em um recorte sobre autoestima em uma indústria que é racista. "Temos criado uma cena de empoderamento para essa comunidade, essa é a importância primordial", afirmou.
A iniciativa teve o apoio do secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Cláudio Abrantes, e da deputada distrital Jane Klébia (MDB).
O Correio cedeu espaço para que os 32 modelos se produzissem. Após o desfile na CLDF, o evento foi finalizado no Museu Nacional da República, com uma sessão de fotos.
Representatividade
Dai Schmidit, idealizadora do Desfile Beleza Negra, comentou que trouxe uma pegada mais sofisticada, voltada para a comunidade periférica, agregando, ainda, o estilo Afropunk. "A proposta é fechar o mês da Consciência Negra mostrando a nossa força, nossa beleza e a nossa diversidade, deixando, também, uma mensagem para que o Beleza Negra seja um espelho para que as pessoas possam trabalhar sua autoestima", acrescentou.
Para Dai, esse trabalho contribui para que muitos acreditem que podem, um dia, ser referências e inspirações para os que ainda não encontraram essa representatividade. Conseguir, quem sabe, holofotes graças à moda, fotos nas mais diversas mídias e uma carreira cheia de alegrias. "Essa sensibilidade é o nosso lema. Nós somos importantes sempre, não só neste mês", avaliou Dai.
A modelo Gabriella Nicoly, 23 anos, moradora de Ceilândia, entrou para o mundo da moda há pouco mais de dois anos. Desde então, deseja, para o futuro, ser uma representante brasileira nos mais importantes desfiles internacionais. "Sempre almejei essa profissão, mas nunca tive condições. Depois de participar de um concurso, consegui meu agenciamento com tudo pago", relembrou.
O caminho, apesar de especial, apresenta dificuldades. Em relação à própria aparência, Gabriella precisou se encontrar como mulher preta, aceitar seu cabelo e o tom de sua pele. Buscou inspirações e tratou logo de acelerar ainda mais sua correria diária. Além de modelo, é promotora de eventos e fundadora do projeto Esperança em Movimento, que atende a famílias do Sol Nascente, principalmente crianças.
Oriundo do teatro, Rafael Milionario, 23, sempre foi apaixonado pela arte. Mas, em meio a tanto afeto, havia um espacinho especial que nunca havia experimentado. Estar na passarela, de acordo com ele, também era algo que desejava muito. Há oito meses, decidiu que desfilar era um caminho que queria seguir. "Para mim, tem sido uma jornada de superação e de aceitação, porque eu, como homem negro, na minha idade, já sofri muito racismo", contou.
Rafael diz que fazer parte de um projeto tão grandioso quanto o Beleza Negra é motivo de orgulho e privilégio. Entretanto, acredita que momentos como este devem ser celebrados durante todo o ano, não somente no mês da Consciência Negra. Morador de Santo Antônio do Descoberto (GO), ele quer desfilar fora do país e levar para o mundo as raízes do lugar de onde veio, com muito carisma e paixão.
O Desfile Beleza Negra também recebeu o auxílio da Associação do Polo de Roupas Íntimas de Sobradinho (Associação Pris), organização sem fins lucrativos que promove a inclusão social e a transformação de vidas em vulnerabilidade. Por meio de projetos multidisciplinares, a Pris oferece cursos de formação, oficinas culturais e programas de saúde preventiva, fortalecendo a cidadania e a autonomia.
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