Entrevista | Celina Leão | vice-governadora do DF

Áreas invadidas agravam problemas durante as chuvas, diz Celina Leão

Ao CB.Poder, a vice-governadora do DF destacou que uma força-tarefa monitora regiões ocupadas irregularmente, as que mais sofrem com inundações, como em Planaltina. "É uma questão que existia há anos e o nosso governo está tomando medidas para resolver".

 22/01/2025 - CB Poder entrevista a vice-governadora Celina Leão. Na bancada: Carlos Alexandre de Souza e Samanta Sallum
       -  (crédito: Pedro Santana/CB Press)
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22/01/2025 - CB Poder entrevista a vice-governadora Celina Leão. Na bancada: Carlos Alexandre de Souza e Samanta Sallum - (crédito: Pedro Santana/CB Press)

Em entrevista ao programa CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, afirmou, nesta quarta-feira 922/1), que os prejuízos causados pelas chuvas são aumentados em áreas com construções irregulares, que dificultam o trabalho de prevenção do Governo do Distrito Federal (GDF). Aos jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Samanta Sallum, ela comentou sobre o investimentos em ações ligadas à saúde mental, o trabalho do governo Ibaneis no Sol Nascente e o momento atual da direita no Distrito Federal.

Quais ações o GDF está implementando agora para esse período de chuvas?

É bom lembrar que o DF é sempre marcado por duas fortes estações, a seca e a chuva. Ambas com um alerta total do GDF. Nesse momento, desde o ano passado, enfrentamos fortes chuvas. Devido às mudanças climáticas que estão acontecendo no mundo inteiro, alguns locais chovem o que era previsto para chover no mês todo em um dia, como aconteceu em Planaltina. Então nós temos um grupo que está sob alerta desde quando começaram as chuvas. Esse grupo atua presencialmente e de forma remota, como pelo WhatsApp. Os administradores participam disso diariamente, para que a gente possa ver realmente o que está acontecendo. 

 

Quais são as áreas mais afetadas pela chuva? 

Claro que são as áreas que não foram planejadas. Se com os efeitos climáticos, uma área toda planejada tem um problema com inundações, imagine em uma área que foi invadida e não teve um planejamento urbanístico ou uma drenagem adequada? Aquela área de Planaltina,  por exemplo, onde tivemos o problema (de inundação), é uma área que faz uma divisa com uma Área de Proteção Ambiental (APA). Tem casas, inclusive, dentro da APA. É um problema que existia há anos e é o nosso governo que está tomando todas as medidas para resolver. Nós montamos uma força-tarefa para Planaltina. Todos os secretários estiveram presentes lá ontem (terça-feira). Quando você faz uma obra de drenagem, é importante explicar para a população. Nós estamos falando de dinheiro público. Você tem que fazer projeto executivo, licitar e dar um prazo para as empresas recorrerem da licitação.

O governo não pode fazer obra em uma região ilegal. Esse é o problema que temos naquela área de Planaltina?

A determinação neste momento é de que essas áreas, que estão sendo frequentemente invadidas, passem por uma ação muito firme do DF Legal. Nós estamos entregando moradias para baixa renda e vamos ampliar esse programa, é uma determinação do nosso governador, mas a grilagem de terra é muito maligna para a população coletiva. Então nós queremos sim criar cidades e trazer a oportunidade de que as pessoas tenham moradia, mas não de qualquer forma. Quando as pessoas entram irregularmente, não se consegue entrar com caminhão de lixo, ter drenagem ou asfaltar. Nós sabemos que as pessoas moram (nesses locais invadidos) porque precisam de moradia e o governo precisa atuar para trazer uma resposta. 

O GDF criou uma subsecretaria de saúde mental nesse janeiro branco. Como ela vai funcionar e como as pessoas podem ter acesso ao serviço da subsecretaria?

Ela está no guarda-chuva da (Secretaria de) Saúde. Mas eu creio, até por conta da demanda, a secretária de Educação Hélvia (Paranguá) veio falar conosco, para criar também dentro da pasta da Educação, uma  subsecretaria também para cuidar disso. Também tivemos uma reunião para falar sobre isso (também na área de segurança pública). Já é obrigatório na segurança, mas é uma ação muito nova ainda. Houve uma cobrança de calendário para que todos (os secretários) façam esse acolhimento. Para que as pessoas possam prestar o melhor serviço, você tem que ter saúde mental. Um dos tripés para a saúde mental é o esporte, que é um instrumento poderoso para vencer a depressão e conseguir trazer as pessoas de volta à realidade.

O pré-candidato do PSB ao GDF, Ricardo Cappelli, se mudou para o Sol Nascente visando passar uma semana mostrando os problemas da região. O que a senhora acha dessa posição, como oposição, de colocar a cidade como um exemplo de uma área que não recebe a devida atenção do governo?

Se fosse na época do governador Rollemberg, ele não conseguiria nem chegar no Sol Nascente de ônibus. Estava completamente abandonado. Isso é natural, cada um tem uma linha de marketing, de publicidade. A população de Brasília é muito consciente e sabe que os dois últimos governos que tiveram aqui no Distrito Federal, do PT e do PSB, foram muito ruins. Foram governos em que os governadores não conseguiram se reeleger, até pela baixa efetivação das atividades. O Sol Nascente reconhece o nosso trabalho. Nós investimos mais de R$ 500 milhões lá. Temos restaurante comunitário, terminal rodoviário, escola e uma Casa da Mulher Brasileira que está pronta, nós vamos inaugurar mês que vem. Se ele visitasse lá na época do Rollemberg, ele não teria nenhum desses locais para mostrar. O nosso governo é de trabalho, é legítimo ele fazer isso.

Como funcionará a Casa da Mulher Brasileira?

A casa é um equipamento público que traz todas as nossas secretarias em uma pasta só. Essa (do Sol Nascente) vai ser a quinta, mas nós ainda temos mais três para inaugurar. Isso foi fruto de quando ainda eu era deputada federal. São mulheres que sofrem violência e ali é como se fosse um abrigo, um apoio. Ela recebe apoio psicológico e tem direito de ter todos os benefícios sociais, sem se movimentar para ir à Secretaria de Ação Social. A ideia, quando nós escolhemos os locais das novas casas, é que elas ficassem perto das comunidades. Muitas vezes a mulher não quer ir à delegacia, no primeiro momento, ela quer receber um suporte, saber qual é a violência que ela está sofrendo e ser ouvida. Essa casa tem uma equipe multidisciplinar para atender às mulheres.

O que promete entregar para a mobilidade no DF nos próximos meses?

Nós estamos fazendo um planejamento, não para um governo só, mas para vários governos. O governador Ibaneis Rocha fez um trabalho de planejamento de ampliação de vias e de viadutos. Nós temos o BRT de Santa Maria e, neste ano, estamos fazendo o BRT Norte. Acho que dentro de 15 dias, no máximo, nós vamos ter o vencedor do estudo da ampliação do metrô até Santa Maria e Gama, porque você só pode iniciar um processo licitatório depois desse estudo, que já foi iniciado. Há também a retomada do estudo sobre o VLT da W3 Norte e Sul. Não estou falando que isso são coisas que daria tempo de fazer ainda no nosso governo, mas o BRT e a troca dos vagões do metrô estão em processo de compra, processo licitatório e processo de construção. Esse projeto de ampliação do metrô até o Gama e Santa Maria é um projeto que nós vamos deixar consolidado para o final de 2026 e abrir a licitação para ter alguém que seja o vencedor dessa obra. 

Como está a sua avaliação sobre os nomes da direita para 2026 e a força do bolsonarismo e da oposição, a esquerda, aqui no DF? 

Eu acho que, infelizmente, nós tivemos uma eleição muito antecipada aqui no DF. Eu estou muito mais focada no trabalho. As pessoas acham até esquisito a gente falar tanto em campanha, eu estou focada no projeto de trabalhar e prestar o serviço com respeito à nossa sociedade e à comunidade. As articulações políticas vão acontecer, mas ainda está muito longe. O nosso alinhamento é com o grupo de direita e centro-direita. A nossa meta talvez seja a unidade, mas sem atropelar ninguém.

A senhora concorda com a fala do presidente argentino Javier Milei sobre a ausência de Bolsonaro na posse de Donald Trump, de que que houve um excesso por parte da decisão do STF?

Eu acho que eles conseguiram vitimizar muito mais o presidente Bolsonaro do que já existia com todas as retaliações que ele tem sofrido. Conseguiram colocar em todas as imprensas internacionais como a grande vítima que não foi prestigiar o Trump, ficou muito ruim. Eu acho que se tivesse deixado ele ir talvez não daria mais força para aquilo que ele tem falado.

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira



 

Henrique Sucena
postado em 23/01/2025 04:00 / atualizado em 23/01/2025 15:40