
O advogado Cleber Lopes, defesa do secretário de Economia do Distrito Federal, Ney Ferraz, vai recorrer da decisão do juiz Márcio Evangelista Ferreira, da 2ª vara criminal de Brasília, que o condenou por lavagem de dinheiro. Segundo a defesa, Ney foi absolvido da acusação de corrupção.
"Embora o processo esteja em segredo, por força de decisão judicial, diante do vazamento ilegal, a defesa se vê na obrigação de prestar esclarecimentos para não haver distorções. Se o crime de lavagem de dinheiro pressupõe o crime antecedente, parece óbvio que, nesse caso, não pode ter lavagem, se ele está absolvido, exatamente, do crime antecedente", diz ao Correio. Portanto, segundo a defesa, "sentença será reformada pelas instâncias superiores".
O governador Ibaneis Rocha (MDB) afirma, ao Correio, estar tranquilo quanto ao processo e ressalta que o secretário permanece no cargo. Segundo o chefe do Executivo, que está acompanhando o processo desde o início, o secretário foi absolvido da imputação de corrupção. "Não aceitaria algo dessa natureza", destaca.
"O processo tramita em sigilo e não tenho mais detalhes, porém, como jurista que sou por formação e experiência, me pareceu uma contradição condená-lo por ocultação de valores, quando ele foi absolvido do chamado crime antecedente. Tenho plena confiança no secretário Ney Ferraz e vou aguardar o resultado dos recursos", diz Ibaneis.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Ney Ferraz e outras três pessoas faziam parte de um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. Em 2023 eles já haviam sido alvos de busca e apreensão. Os promotores denunciaram o secretário, a mulher dele e mais duas pessoas. Os envolvidos atuavam com irregularidades no credenciamento dos fundos de investimento até o uso de recursos públicos. Ainda conforme o processo, o padrão de vida dos suspeitos era incompatível com os salários que recebiam trabalhando nos órgãos públicos.
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Conforme a ação, após fazer um edital de chamamento público para credenciar fundos de investimentos, o Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do DF (Iprev) habilitou seis empresas, mas transferiu recursos apenas para uma delas, que não ficou em primeiro lugar na seleção e tinha taxa de administração mais alta. No total, R$ 270 milhões foram transferidos.
As denúncias são pelos crimes de corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A ação penal foi analisada pela 2ª vara criminal de Brasília. Ney Ferraz e Emanuela Ferraz receberam, cada um, pena de 6 anos, 5 meses e 15 dias de reclusão e multa. A pena vai ser cumprida, inicialmente, em regime semiaberto, porém o casal pode recorrer em liberdade.
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Letícia Mouhamad
RepórterJornalista graduanda pelo IESB e formada em letras pela UnB. Vencedora do Prêmio Sebrae de Jornalismo. Teve experiência na Revista do Correio e, desde 2023, atua na editoria de Cidades
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