
No dia em que a capital do país celebra 65 anos, cerca de 6 mil pessoas ganham as ruas centrais para o evento principal da Maratona Brasília 2025, que integra o calendário oficial do Distrito Federal. A corrida conta com o apoio do Correio Braziliense, que nasceu com Brasília e também comemora aniversário nesta segunda (21/4). O número supera os inscritos de 2024, que contou com 5 mil participantes.
A Maratona Brasília tem duas competições: o Desafio JK (21km 21km) e o Desafio BSB 65 anos (21km 42km). A meia-maratona realizada, nesse domingo (20/4), contemplou 21km. Agora, os inscritos poderão concluir os desafios com mais 42km ou 21km. Além disso, há os percursos de 10km, 5km e 3km.
Segundo Miguel Jabour, assessor de Relações Institucionais do Correio e responsável pela organização da competição, a Maratona Brasília vai além do esporte e não é realizada no aniversário de Brasília por acaso. "Várias pessoas vêm para a cidade, passam de três a cinco dias, frequentam bares e restaurantes e ocupam os hotéis. A maratona não é só corrida, ela gira a economia da cidade em um evento", afirmou.
Desafio de 21km
Na meia-maratona, o primeiro lugar foi para o morador do Distrito Federal Marcos Cruz, 35 anos. Comerciante, ele divide o prazer pela corrida com uma rotina pesada de trabalho. "Treino todo dia à noite, depois do serviço. É duro, mas foi gratificante ganhar essa competição", afirmou.
O atleta completou a prova em 1h14, mas, reconheceu: esse não é o seu melhor tempo. "Eu já fiz em um tempo menor, cerca de 1h12. Apesar disso, é uma evolução chegar em primeiro lugar", comemora, exausto. Ano passado, o comerciante ficou em terceiro lugar.
Focado, Marcos pretende participar concluir o desafio hoje. "Seja o que Deus quiser. Vou tentar chegar em primeiro, mas é muita dureza", completou o participante, que treina no Centro de Atletismo do Paranoá e Itapoã (Capi).
Entre as mulheres, quem venceu foi Carmen Silva, 53, que concluiu a prova em 1h22. A professora de educação física concilia os treinos com a maternidade — de três adolescentes — e os estudos. Para o ano que vem, a atleta, que comemora seu bicampeonato consecutivo, promete empenhar ainda mais esforço. "Se tudo der certo, conquistarei o tricampeonato", pontuou. O segundo lugar foi conquistado por Raissa Marcelino, 32.
Quem cruzou a linha de chegada em segundo lugar, um minuto após Marcos, foi o morador de Taguatinga, Charlles Alves, 31, que corre há pelo menos 10 anos. Para ele, estar no pódio é sinônimo de dever cumprido. "A gente se prepara buscando o melhor resultado. Quando vem, é gratificante", contou o auxiliar de logística. Em 2024, Charlles conquistou o oitavo lugar.
Recuperando-se do esforço desempenhado na prova, o vice-campeão relatou que sentiu cãibras no final da corrida, no trecho próximo ao Palácio do Planalto. "Foi preciso ter paciência para esperar as dores passarem e eu conseguir concluir a prova. Neste final, que é cruel, ficamos com a musculatura bastante desgastada", explicou Charlles.
De Iowa, nos Estados Unidos, para o Brasil, Adam Irons, 33, visita a capital federal pela primeira vez. Encantado por corridas, ele não perdeu a oportunidade de se inscrever para a Maratona Brasília e concluiu a prova em 1h16 minutos, conquistando o terceiro lugar. "Eu adoro correr e faço isso há cerca de 15 anos, é a minha paixão. Me ajuda a ter disciplina e fortalece a minha saúde mental", argumentou.
Assim como Charlles, Adam relatou dificuldades no fim da corrida, durante a subida. "Se fazemos muito esforço no primeiro momento, chegamos sem forças nesse trecho. Foi preciso moderar para dar conta. Fiquei feliz, pois me senti acolhido pela equipe e pelos outros participantes", revelou.
A programação do norte-americano para hoje inclui um tour pela cidade. "Conhecer a arquitetura e a gastronomia de Brasília", acrescentou Adam.
Para todos os públicos
Símbolo de superação e resistência, a Maratona Brasília movimenta a capital desde 1991. De acordo com Miguel Jabour, a competição está preparada para atender todo mundo. "Além dos atletas, vai ter muita gente na pipoca. Estamos preparados, não pode faltar água para ninguém. Quem está inscrito vai receber medalha e lanche", avisou.
Um dos maiores atrativos do evento está nos detalhes da corrida. "É um ótimo percurso, eles (os atletas) vão correr enquanto passeiam pelos monumentos da cidade. Terão a oportunidade de ver obras do Oscar Niemeyer", afirmou Jabour.
Democrática, a Maratona Brasília recebe diferentes perfis de participantes. Entre os destaques está Mirene de Souza Muniz, 51, que alcançou o segundo lugar na categoria para pessoas com deficiência (PcDs), finalizando a corrida em 1h55. Em 2024, a moradora de Ceilândia conquistou o primeiro lugar.
"Me preparei bem, dentro das minhas possibilidades. Treinei, mas não deixei de cuidar da alimentação nem de me hidratar", disse. Sobre a experiência em corridas, ela é enfática: "O esporte é uma porta de libertação para os PcDs, a possibilidade de vencer desafios", acrescentou.
Quem pensa o mesmo é Ricardo Melo, 52, que cumpriu 1h22 de prova e ficou em primeiro lugar, entre os homens, na categoria PcD. Com mais de 25 anos de experiência em corridas, o advogado ressaltou que nada o impediu de superar seus obstáculos. "O que fica é um sentimento de realizações e superação. Com todos os problemas que a gente convive, é ótimo ter o esporte como uma válvula de escape", contou, orgulhoso.
Aos 82 anos, Carlos Braga é veterano nas maratonas. A edição de ontem marcou a 35° meia-maratona de sua vida, que soma 391 corridas. Atleta há mais de 50 anos, ele foca na saúde para manter a disposição. "Eu corro na rua mesmo, saio de caso e fico correndo pela vizinhança. Embora eu esteja nos meus tempos mais longos, continuo firme e participo de competições todos os anos", contou.
De todo o Brasil
Além dos atletas brasilienses, muitos inscritos vieram de fora. Um deles foi o mineiro Bruno Santos, 40, cuja participação na meia-maratona serviu de preparação para competições futuras. Ele faz parte de uma equipe de 120 integrantes, chamada Sol Nascente, sempre presente em maratonas Brasil afora.
Apesar de o grupo completo não ter vindo para a capital, o competidor disse que os treinos em conjunto são fundamentais para aprimorar seu desempenho. "Corrida é um esporte que, sem dúvida, está em alta, nos motiva a buscar saúde. Aproveitei uma viagem com a família e decidi vir correr. Me senti bastante acolhido em Brasília", afirmou.
Direto de Tocantins, o corredor Bruno do Amaral Cristi, 35, fez sua primeira meia-maratona na capital. "Meu objetivo é fazer menos de duas horas, cada um dos dois percursos, tanto hoje quanto amanhã", diz. Além dos treinos, ele pretende conhecer e curtir Brasília. "Estou com boas expectativas, sei que conhecerei lugares muito interessantes", finalizou.
*Estagiários sob a supervisão de Patrick Selvatti
Saiba Mais
Programação
- 5h30: largada para os 42km;
- 6h: largada para 21km;
- 6h30: largada para 3km, 5km e 10km
As saídas ocorrem em frente ao Museu Nacional. Com o fechamento da Esplanada devido às festividades dos 65 anos da capital, os corredores poderão estacionar no Sesi Lab, Teatro Nacional, anexos dos ministérios e plataforma superior da Rodoviária.
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