
Em entrevista ao CB.Agro de sexta-feira (04/07), o presidente da Emater-DF, Cleison Duval, destacou os principais números e avanços da produção agropecuária no Distrito Federal. Em conversa com os jornalistas Roberto Fonseca e Sibele Negromonte, o gestor analisou a divulgação do Valor Bruto da Produção (VBP) de 2024, que atingiu R$ 5,8 bilhões, com uma leve queda de 1% em relação ao ano anterior, mas que, segundo ele, demonstra estabilidade do setor.
Hoje, a Emater está divulgando um dado importante, que é o valor da produção agropecuária do Distrito Federal. Como funciona o VBP e quanto o DF está movimentando na agropecuária?
Esse é um indicador dos mais importantes para analisar a nossa produção agrícola. O Valor Bruto da Produção é o que é produzido vezes o preço de mercado. Então, a Emater vem analisando esses dados desde 2016, estamos no nono ano. E esse resultado todo é um dado muito importante, porque nós avaliamos várias cadeias produtivas no Distrito Federal. E, com isso, a gente consegue alinhar as políticas públicas voltadas para a agricultura. Isso é essencial a avaliação de toda a safra — da agricultura e da pecuária no DF.
E houve crescimento?
Este ano, nós tivemos uma pequena queda de 1%, mas isso, para nós, é uma continuidade, uma estabilidade do valor bruto, mostrando que a nossa agricultura continua pujante, forte. Porque um valor de R$ 5,8 bilhões é um valor muito forte para um território como o Distrito Federal.
A gente viu que as grandes culturas, principalmente milho e soja, são as que têm maior representatividade. Mas ela cresceu menos do que algumas, que surpreenderam, como a floricultura e a fruticultura. Por que houve esse aumento tão grande, principalmente na floricultura, de 29%?
Nós éramos o primeiro consumidor per capita de flor do país. Acontecem muitos eventos aqui, em Brasília, mas, na pandemia, acho que houve uma queda muito grande da produção, principalmente de flor cortada, pois nós ficamos quase dois anos sem eventos. Hoje, com essa elevação, vemos como o retorno da atividade produtiva de flor de corte. E a nossa cidade está sempre crescendo, mas ela não cresce para cima, ela cresce para os lados. Então, ela exige muito paisagismo urbano, paisagismo de condomínios. Essas plantas são muito requisitadas e isso são oportunidades para os nossos produtores. A atividade de produção de grama, planta ornamental, flor de corte está sempre aumentando.
A fruticultura também teve um crescimento expressivo. Quais são as frutas que estão adoçando os brasilienses?
Tem a goiaba, que está sempre em crescente, com aumento da produção de área de plantio. O abacate também tem aumentado a área de plantio. Maracujá está retornando o aumento anterior e estamos incentivando também outras culturas. Estamos atuando junto ao programa da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), no incentivo da rota da fruticultura, como a produção de frutas vermelhas. Estamos com o incentivo no plantio de mirtilo e de açaí também — uma fruta vermelha que está com duas novas variedades que a Embrapa lançou em terras firmes. Nós estamos com uns 60 hectares de plantio de açaí. Cerca de 20 produtores também estão investindo no mirtilo.
As frutas têm uma participação melhor na agricultura familiar?
Voltando ao assunto das pequenas propriedades ou grandes propriedades, as frutas estão mais nas pequenas propriedades. Em dois, cinco e sete hectares. O mirtilo, por exemplo, vem de propriedades pequenas, que você precisa para ter uma produtividade e uma rentabilidade boa. Como as hortaliças, a fruticultura também é mais voltada para pequena propriedade rural. A fruticultura cresceu bastante, principalmente, como a uva também.
A gente vê que a produção do vinho no DF tem aumentado. Como está?
Fizemos uma separação em 2025 desse estudo. Antes, a gente só tinha uva, aí entrava tudo — a uva de mesa e a uva vinífera. Agora, nós separamos. Inclusive, houve aumento de produção do ano passado para cá, de áreas em produção de viníferas, ou seja, que produzem vinhos. Os produtores estão aumentando o investimento, mas enquanto o parreiral está em formação, não entra aqui no cálculo VPB. Este ano, estamos com 55 hectares de produção de uva de mesa e 40 de produção de uva para vinho. Isso tudo demonstra o potencial que nós temos aqui, do nosso clima e o potencial de consumo.
Sobre a questão do clima, a gente sabe que no DF, principalmente agora, fica muito seco. Como é o impacto na agricultura?
O DF tem um clima propício a muitas culturas. Nós temos uma característica de uso de alta tecnologia. Com a água que temos hoje, independentemente de chuva; e com uma tecnologia de irrigação apropriada para cada cultura, nós estamos atingindo produtividades elevadas em várias culturas. No caso, especificamente da uva, de flores (...) Essa falta de chuva propicia a produção, porque as doenças fúngicas e bactérias não aparecem, e isso facilita muito a produção, a continuidade, a condução daquela cultura no campo.
Em relação à pecuária, qual o panorama hoje? Como está a distribuição pelo Distrito Federal? Quais são os principais produtos comercializados?
A pecuária é o nosso carro-chefe. O nosso valor da produção é de R$ 2,2 bilhões na pecuária. A carne de frango é muito importante, R$ 1,5 bilhão. Nós somos exportadores de ovos férteis para outros estados, inclusive, até exportamos para outros países. Pelo menos 6% dos ovos férteis do país são produzidos no Distrito Federal. Registramos um pequeno aumento no Valor Bruto de Produção, tanto de suíno quanto de carne bovina. A cadeia da pecuária é uma cadeia muito forte no Distrito Federal e está crescendo.
A ameaça de gripe aviária chegou a ter algum impacto nessa produção?
Não houve impacto nenhum, a doença não chegou, ficou isolada no zoológico.
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