Aterro

"A empresa está sendo omissa", diz secretária sobre aterro Ouro Verde

A secretária do Meio Ambiente de Goiás, Andréa Vulcanis, ressaltou omissão da empresa responsável pelo aterro e anunciou ações emergenciais para conter danos ambientais e à saúde pública em Padre Bernardo. Grupo Ouro Verde negou omissão e rebateu as críticas

 25/06/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Desabamento de lixo do Aterro Sanitário Ouro Verde no Distrito de Monte Alto em Padre Bernardo (GO), poderá contaminar o meio ambiente da região. -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
25/06/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Desabamento de lixo do Aterro Sanitário Ouro Verde no Distrito de Monte Alto em Padre Bernardo (GO), poderá contaminar o meio ambiente da região. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A secretária de Meio Ambiente do Estado de Goiás, Andréa Vulcanis, esteve no Aterro Ouro Verde, em Padre Bernardo, para acompanhar de perto a situação ambiental. Durante a visita, nesta sexta-feira (4/7), ela criticou duramente a atuação da empresa responsável pelo aterro.

“Vim aqui hoje presencialmente para verificar a situação. A nossa avaliação, até o momento, é de que a empresa está muito omissa, basicamente não fez nada ainda. Acabou de contratar uma consultoria para avaliar os aspectos técnicos de engenharia, mas não pôs a mão na massa”, afirmou Andréa Vulcanis ao Correio.

Segundo a secretária, enquanto a empresa permanece inerte, é o poder público que tem conduzido as ações emergenciais. Ela destacou as ações que estão sendo tomadas pelo governo estadual e pela prefeitura local para conter os danos. “Estamos levando água para as comunidades que tiveram o abastecimento interrompido por conta da interdição do uso da água do rio. Estamos cuidando de todo o processo de saúde. São muitos vetores, muita mosca, muito mosquito, e isso provoca doença nas pessoas, por isso estamos atuando de forma imediata”, declarou Vulcanis.

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Entre outras as ações em andamento, está a obra de desobstrução do rio, que foi bloqueado pelo lixo após o desabamento do aterro. “Estamos trabalhando agora com a obra lá embaixo para baixar o nível da água e permitir a remoção do lixo. Estimamos de 2 mil a 3 mil caminhões para fazer esse transporte. É um volume enorme de obra e movimentação de maquinário que vai acontecer a partir de agora com o objetivo de desobstruir o mais rápido possível”, afirmou a secretária.

Além das ações imediatas, Vulcanis destacou que a empresa será responsabilizada. “Temos multas aplicadas, além do bloqueio de contas. Há perdas enormes, plantações destruídas. A empresa será responsabilizada junto com seus sócios”, disse a chefe da pasta.

Sobre os impactos, Andréa Vulcanis alerta que ainda não é possível mensurar a totalidade do dano. “Depois do recolhimento do lixo e da descontaminação da água, teremos uma dimensão mais clara. Estamos falando de metais pesados no solo, contaminação sistêmica por anos. A mancha de contaminação pode chegar ao Rio Maranhão. Isso é uma preocupação nossa. As equipes de monitoramento estão atentas”, relatou.

Resposta

Em nota, a empresa Ouro Verde afirmou que, desde o primeiro momento do incidente, atuou com seriedade, seguindo critérios técnicos rigorosos e com compromisso com a recuperação ambiental da área afetada. “Contratamos uma equipe multidisciplinar especializada em deslizamentos de taludes. Nossos técnicos estão em campo diariamente, inclusive, com operação 24h de bombeamento da água represada, medida realizada exclusivamente pela empresa”, esclareceu.

A empresa afirmou que atuou prontamente no controle de vetores por meio de inseticidas e apoiou ações conjuntas com o uso de drone. “Neste final de semana, a abertura de acessos para caminhões será concluída, viabilizando as próximas etapas com segurança”, informou.

Sobre os impactos ambientais causados, a empresa afirmou que não houve destruição de plantações, uma vez que o material deslocado ficou confinado em um cânion natural de rocha, sem atingir áreas produtivas. E afirmou que, até o momento, não há evidências de contaminação no Rio Maranhão e possivelmente nem no Rio do Sal. “Os resultados da nossa primeira análise da água serão concluídos e compartilhados na próxima terça-feira (9/7)”, informou.

A Ouro Verde reafirmou que assumiu integralmente suas responsabilidades, inclusive, os custos das ações emergenciais, e tem colaborado tecnicamente com os órgãos públicos. 

Leia a nota na íntegra:

"A empresa Ouro Verde esclarece declarações da Secretária de Meio Ambiente do Estado de Goiás

A empresa Ouro Verde vem a público, com respeito à imprensa e às instituições, prestar esclarecimentos diante da reportagem “A empresa está sendo omissa, diz secretária sobre aterro Ouro Verde”, publicada pelo Correio Braziliense em 04 de julho de 2025.

É importante reafirmar, com total responsabilidade, que a empresa não está sendo omissa. Desde o primeiro momento do incidente, temos atuado com seriedade, critérios técnicos rigorosos e compromisso com a recuperação ambiental da área. A retirada do material exige planejamento criterioso, pois ações precipitadas podem agravar os danos e colocar vidas em risco.

Por esse motivo, contratamos uma equipe multidisciplinar especializada em deslizamentos de taludes, composta por engenheiros ambientais, civis e geólogos com vasta experiência no setor. Nossos técnicos estão em campo diariamente, inclusive com operação 24h de bombeamento da água represada, medida realizada exclusivamente pela empresa.

Também atuamos prontamente no controle de vetores, adquirindo inseticidas e apoiando ações conjuntas com o uso de drone. Neste final de semana, a abertura de acessos para caminhões será concluída, viabilizando as próximas etapas com segurança.

A título de esclarecimento, cabe pontuar que os políticos e autoridades que hoje se referem ao nosso empreendimento como ‘lixão’ são os mesmos que o licenciaram como aterro sanitário. As licenças ambientais foram concedidas pela Prefeitura de Padre Bernardo e pela SEMAD, incluindo documento assinado pela própria Secretária de Meio Ambiente, Sra. Andréa Vulcanis, que agora critica a existência do projeto que ajudou a autorizar.

Sobre os impactos ambientais, cabe esclarecer:
• Não houve destruição de plantações, pois o material deslocado permaneceu confinado em um cânion natural de rocha, sem atingir áreas produtivas;
• O terreno atingido possui formação geológica de leito de pedra, o que inviabiliza a infiltração de metais pesados no solo, como mencionado;
• Não há, até o momento, qualquer evidência técnica de contaminação do Rio Maranhão, e possivelmente nem do Rio do Sal. Os resultados da nossa primeira análise da água serão concluídos e compartilhados na próxima terça-feira (09/07).

A Ouro Verde reafirma que assume integralmente suas responsabilidades, inclusive os custos das ações emergenciais, e tem colaborado tecnicamente com os órgãos públicos. No entanto, é injusto e incorreto afirmar que todas as ações estão sendo tomadas apenas pelo poder público. A atuação deve ser conjunta, responsável e tecnicamente orientada — e é exatamente isso que a empresa tem feito desde o início.

Seguimos à disposição da sociedade, da imprensa e das autoridades com transparência, respeito e compromisso com a solução definitiva do problema, sempre com base na verdade e na boa fé."

DC
postado em 04/07/2025 14:16 / atualizado em 04/07/2025 22:08
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