Investigação

Suspeito relata tribunal do crime antes de morte de Ingrid Michelli

Um dos presos suspeitos pela morte da mulher relatou à polícia a existência de um "julgamento" e o aval para a execução

Ingrid Michelli tinha 38 anos e vivia em situação de rua -  (crédito: Material cedido ao Correio)
Ingrid Michelli tinha 38 anos e vivia em situação de rua - (crédito: Material cedido ao Correio)

A Polícia Civil (PCDF) investiga as alegações apresentadas em depoimento prestado por um dos suspeitos de assassinar Ingrid Michelli Siqueira Pinheiro, 38 anos. Breno de Souza, 23, contou, em depoimento, que a vítima teria sido submetida ao chamado “tribunal do crime” depois de supostamente furtar R$ 280 de um criminoso da região — identificado como Rafael Henrique Teixeira, 19, vulgo “Zoio” — e também detido pelo homicídio.

Breno foi preso nessa quarta-feira (27/8) pelos investigadores da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), escondido em um barraco de Pirenópolis (GO). Ele afirmou ser recém-chegado ao Curral, área ocupada por usuários de drogas e pessoas em situação de rua. Disse que, no dia que Ingrid sumiu, presenciou Rafael e outro suspeito — também detido — chamado Francisco Lucas Vale Lima, 25, o “De oclinho” — levando a mulher para a mata com as mãos e pés presos por fios de telefone.

O relato de Breno, porém, diverge da versão contada por Francisco, que disse ter visto Rafael e Breno conduzindo a vítima. Já Rafael afirmou ter encontrado Francisco saindo da mata, sujo de sangue, e assumindo o homicídio. Ele não mencionou Breno. Apesar das contradições, a possível motivação do crime é concordada pelos três: Ingrid teria furtado R$ 280 da casa de Rafael, após passar a noite no barraco dele.”

Tribunal

A narrativa de Breno abriu novas linhas de investigação para a polícia. Ele relatou que também foi acusado de furtar o dinheiro por ter passado a noite na casa de Rafael. Por isso, ele e Ingrid teriam sido levados à mata para um suposto “tribunal do crime”.

Ainda segundo Breno, levou um morador da região para testemunhar em defesa dele e acabou “absolvido” pelos criminosos. Após isso, contou que Francisco Vale teria deixado o matagal e procurado o então chefe do tráfico local para pedir autorização para executar Ingrid. Com o aval concedido, Francisco e Rafael mataram a mulher. Breno disse que, então, deixou o local. Os fatos são investigados pela PCDF.

Acompanhamento

Enquanto o corpo de Ingrid ainda estava enterrado em uma cova rasa no Areal, Rafael chegou a ver de perto as buscas da polícia. O Correio apurou que o criminoso questionou os policiais sobre o que procuravam na área.

A polícia iniciou uma força-tarefa de buscas pelo corpo da mulher após o recebimento de uma denúncia anônima. O informante apontou o local exato onde estaria o cadáver. Por uma semana, os investigadores junto aos bombeiros fizeram uma varredura na mata. Em um dos dias, Zoio apareceu de repente e indagou os agentes sobre o que eles estavam buscando. O criminoso foi repreendido e orientado a deixar o local — a polícia, no entanto, ainda investigava a autoria. Zoio foi preso em 19 de agosto. 

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postado em 28/08/2025 23:46
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