PODCAST DO CORREIO

Arquitetura e decoração com identidade após a pandemia

Profissionais destacam que a pandemia fez as pessoas repensarem o significado do lar e buscarem mais identidade nos espaços domésticos

O arquiteto George Zardo e o designer de interiores Jota Pacini, que participaram da última edição do CasaCor, falaram ontem, ao Podcast do Correio, sobre como a arquitetura e a decoração mudaram nos últimos seis anos, especialmente após a pandemia. Aos jornalistas Sibele Negromonte e Eduardo Fernandes, os dois destacaram que notam diferenças na importância dada pelas pessoas às próprias casas.

"Acho que veio da pandemia essa ressignificação do morar, da experiência. É mais do que dormir, comer e educar", afirmou Zardo. "As pessoas foram obrigadas a estar em casa por muito tempo. Então as dores que antes existiam onde você morava passaram a existir com uma frequência muito maior", comentou. 

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Pacini avaliou que, como consequência desse novo olhar, surgiu o desejo de imprimir mais identidade no ambiente doméstico. "Antes, as casas eram um pouco iguais, não tinham tanta personalidade. Com a pandemia, começou a dar uma virada de chave. Eu vejo nas pessoas essa coisa da identidade. O que tem na minha casa que é a minha cara? O que eu posso colocar que representa o que eu sou?", ressaltou.

Outro efeito dessa mudança de perspectiva, segundo Pacini, é o interesse maior das pessoas por ambientes ao ar livre: "Antes, as pessoas não valorizavam tanto a varanda. Hoje, está todo mundo nesse ambiente. Eu acredito até que a sala de estar migrou para lá. Realmente, a casa quase toda foi para fora", assinalou o designer de interiores.

No entanto, o desejo de reformar a casa ainda esbarra em uma questão prática: o orçamento. Os convidados lembraram que,  na hora de fazer mudanças no lar, é importante economizar em ornamentos, mas não nas soluções. "Se você tem poucos recursos, a tinta é um dos elementos de acabamento mais baratos. Pinta de determinada cor e você consegue efeitos surpreendentes: mais acolhedor, mais quente, mais frio", ensinou Zardo. 

Segundo o arquiteto, na hora de escolher o que fazer para mudar o ambiente, é importante valorizar a iluminação. "O que é caro? São os pendentes, os externos, elementos decorativos. Os funcionais, que são os embutidos, não são. Você consegue uma mapeação muito boa de LED por até R$ 50", comentou.

Para Zardo, apesar de as reformas em casa serem pensadas a longo prazo, muitas das tendências no universo da decoração têm se dado da mesma forma das de moda. "Há uma velocidade desconcertante na mudança das tendências. É uma tirania, virou quase uma obrigação. O mercado precisa de consumo e o efeito disso sobre os projetos é inegável", criticou.

Entre as consequências, o profissional aponta a "pasteurização". "Acho que as pessoas perceberam isso e estão buscando mais identidade", disse. Para os dois, o essencial é levar a personalidade para o projeto. "Levar sua memória, sua identidade. Acho que esse é o caminho, essa é a tendência", afirmou Zardo. "A tendência é ser você mesmo", concluiu Pacini. 

* Estagiárias sob supervisão de Eduardo Pinho

 


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