O Distrito Federal voltou a registrar aumento no número de feminicídios em 2025. De janeiro a outubro, foram 23 casos — nos últimos 10 anos, a quantidade só não é maior do que o registrado em 2023, quando foram 26 assassinatos, e se iguala a 2019. O caso mais recente, ocorrido nessa sexta-feira (24/10) e que vitimou Camila Rejaine de Araújo, 50 anos, ainda não entrou no balanço deste ano.
A dona de casa Camila Rejaine foi morta ao ser atingida por dois golpes de picareta (ferramenta semelhante a uma foice) na manhã de sexta-feira, em Sobradinho 2. O autor é o companheiro dela, Agnaldo Nunes da Mota, 50, com quem mantinha um relacionamento desde 2020. O depoimento de um pedreiro contratado por Agnaldo para um serviço na casa foi crucial para a prisão em flagrante do autor.
À polícia, o mestre de obras contou ter presenciado, na noite de quinta-feira, uma discussão acalorada entre o casal, em que Agnaldo afirmou que mataria a mulher. Na manhã do dia seguinte, retornou à residência e se deparou com Camila sentada no sofá se queixando que o companheiro havia quebrado o celular dela.
Minutos depois, uma nova briga terminou em tragédia. Agnaldo pegou uma picareta na casa e atingiu a cabeça de Camila duas vezes. O pedreiro contou que tentou, com a ajuda da irmã do autor, impedir o ataque, mas não conseguiu. "Ele pegou um facão e me ameaçou, mandando que eu o ajudasse a arrastar o corpo a uma cachoeira", alegou o trabalhador à polícia.
O pedreiro correu à rua e pediu a um motociclista que chamasse a polícia. Em poucos minutos, policiais militares foram ao local e encontraram Agnaldo tentando arrastar o corpo da mulher para a uma cachoeira próxima, a cerca de 100 metros de distância da casa. Ele foi preso em flagrante e levado à 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho 2).
Segundo o delegado-chefe da unidade policial, Ricardo Viana, Agnaldo havia sido preso em março, depois de esfaquear Camila. À época, o autor foi detido pelas equipes da 35ª DP e indiciado por tentativa de feminicídio, mas foi solto pela Justiça. Agora, Agnaldo responderá por feminicídio. Camila deixa um filho de 30 anos.
Tentativas
Brasília chegou a um total de 23 feminicídios ocorridos entre janeiro e outubro de 2025. O número mais que duplica quando comparado com o quantitativo das tentativas de feminicídio. Os dados da SSP-DF revelaram que, só no primeiro semestre deste ano, 54 mulheres sobreviveram aos ataques violentos.
O painel interativo da Secretaria de Segurança Pública revela que 39% dos casos de feminicídio ocorridos este ano foram cometidos com arma branca, 17,4% por agressão física, 13% por asfixia e 8% por arma de fogo. Com relação às vítimas, 78,3% não registraram boletim de ocorrência contra o autor, e 43,5% sofreram violência anterior ao feminicídio.
Agressão
Em Ceilândia, na sexta-feira, um homem foi preso por suspeita de agredir e ameaçar à ex-companheira na QNM 19. Com ele, também foram encontradas duas porções de maconha e três pedras de crack, em sacos ziplock. Com diversas passagens por uso e tráfico de entorpecentes, o suspeito, detido em flagrante, foi conduzido à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher II (Deam II) da cidade.
Segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), a ocorrência foi acionada via Centro de Operações da PM (Copom) após a vítima informar que deixaria a bebê de 7 meses sob os cuidados do
ex-companheiro, para ir trabalhar. Ao retornar à residência, ela constatou que o homem estava embriagado. Durante uma discussão, ele tomou a criança dos braços da mãe e saiu do local sem informar o paradeiro.
Com a chegada dos policiais, foram iniciadas buscas na região. O suspeito foi localizado nas proximidades, em um estabelecimento comercial, com a bebê no colo, e levado à Deam II.
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