Crônica da Cidade

Onde encontrei o paraíso

Encontrei a perfeição para compartilhar com vocês por aqui, num convite e no desejo de que os próximos dias sejam iluminados e preenchidos pelas nossas melhores versões

"Encontrei a perfeição para compartilhar com vocês por aqui, num convite e no desejo de que os próximos dias sejam iluminados e preenchidos pelas nossas melhores versões" - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Estava à procura de algum texto ou referência ideal para a época do ano. Algo leve, que representasse um pouco do espírito natalino que deveria prevalecer neste momento. Engolida pelo excesso de tarefas, acabo sem tempo de olhar com a calma necessária os sinais da vida. A paisagem ao redor, o fundo musical de um sábado à tarde, a risada dos amigos na esquina, a "seda azul do papel que envolve a maçã"...

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

E foi num desses momentos em que me permiti passear pelos corredores do aeroporto só para passar o tempo, como se diz, que cruzou o meu caminho o azul de Valter Hugo Mãe. O paraíso são os outros foi o título da obra que me arrebatou. Pensei em toda a verdade que essas palavras carregavam e naveguei pelas páginas de acabamento dourado. O livro-poesia, escrito para todas as idades, é uma homenagem ao amor romântico em sua maior parte, mas também ao amor, e ponto final.

Em sua passagem por Brasília, em agosto deste ano, o escritor português participou de um bate-papo com a imortal Ana Maria Gonçalves, mediado pelo jornalista Matheus Leitão na Caixa Cultural. Lá, conversou com exclusividade com o Correio e reforçou a potência daquilo que acredita ser nossa marca como seres humanos: "A vocação da humanidade é o encontro". Em seguida, foi recebido pelo auditório lotado.

A gênese de O paraíso são os outros veio da reflexão do autor sobre outra de suas obras, Desumanização, em que contra-argumenta a expressão popular do filósofo francês Jean-Paul Sartre. "O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Perece como uma coisa qualquer", escreveu.

Mas, afinal, onde encontrei esse paraíso? As páginas ilustradas pelo próprio Valter Hugo, sua "caligrafia para meditar", convidam justamente a viajar pelas ideias livres que o ajudam a compor cada poema. E num, enfim, encontrei a perfeição para compartilhar com vocês por aqui, num convite e no desejo de que os próximos dias sejam iluminados e preenchidos pelas nossas melhores versões:

"Mães, pais, filhos, outra família e amigos, todas as pessoas são a felicidade de alguém, porque a solidão é uma perda de sentido que faz pouca coisa valer a pena. Na solidão só vale a pena tentar encontrar alguém. O resto é tristeza. A tristeza a gente respeita e deita fora. A tristeza a gente respeita e, na primeira oportunidade, deita fora. É como algo descartável. Precisamos de usar mas não é bom ficar guardada."

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

  • Google Discover Icon
postado em 25/12/2025 17:49
x