Quase 840 mil animais de estimação vivem nos lares do Distrito Federal — uma média de 1,23 por residência. Mas, apesar da presença marcante dos pets, manter um deles tem pesado cada vez mais no bolso dos tutores. Amantes de gatos e cachorros relatam que gastam até R$ 11 mil por ano para garantir o conforto de seus bichinhos, incluindo alimentação, tapete higiênico, banhos, suplementação, entre outros.
Os felinos pesam no orçamento das famílias na capital. Cândida Pereira, 53 anos, tem dois gatos, Fred e Cota, ela gasta cerca de R$ 350 por mês para manter os bichinhos. "As visitas ao veterinário são anuais. Não levamos para tomar banho, porque as vezes em que foram, ficaram muito tristes", conta.
Cândida relata que gastou quase R$ 2 mil em procedimentos com Fred, que ficou depressivo após uma viagem da família, em que ele e Cota ficaram sozinhos em casa. "O gato ficou três dias internado tomando soro, estava bem triste. O valor pesou bastante, ficou bem caro a internação e medicamentos". "Eu sempre os levo a clínicas particulares por questão de segurança", acrescenta.
Por que é tão caro?
O veterinário Frederico do Vale explica que os gastos variam de acordo com o porte e as necessidades do animal. Mas, de forma geral, um tutor deve considerar a alimentação, antiparasitários e vermífugos, reservas para consultas e imprevistos e vacinas. "O custo mínimo mensal para manter um pet com saúde varia de R$ 100 a R$ 400, dependendo do tamanho e do nível de cuidado necessário", aponta.
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"Os altos preços em procedimentos veterinários refletem a necessidade de utilização de tecnologias e protocolos semelhantes aos usados em humanos", destaca o especialista. Para processos de saúde animal, são utilizados equipamentos de alto custo — ultrassom, raio-X, monitorização, materiais descartáveis esterilizados, medicamentos, anestésicos e insumos. Deve se considerar no valor a estrutura física da clínica, treinamentos contínuos e especialização da equipe, impostos e taxas específicas da área da saúde.
O médico de animais ainda reforça a importância da castração para evitar riscos futuros à saúde dos bichinhos e ao bolso dos tutores: "A castração reduz incidência de tumores de mama, testículo e próstata, chances de contração de infecções uterinas graves (piometra), que exigem cirurgia de emergência, brigas, fugas, atropelamentos, reprodução indesejada e custos com filhotes".
Filhos
A bancária Lenora Ribeiro, 43, não mede esforços para fazer seus "meninos" felizes. A mãe de pet tem os cachorros Leo e Bento, de médio e pequeno portes, como filhos. "Eles são o que de maior valor tenho hoje, por isso, quero vê-los saudáveis, felizes e longevos", relata.
Lenora arca mensalmente com ração "super premium", banho, escovações dentárias em casa e em consultório veterinário, petiscos sem conservantes ou corantes, suplementação de ômega 3 e tapetes higiênicos. Os custos chegam a ultrapassar os R$ 900, o que, por ano, totalizam R$ 11 mil em média. "Há tempos, os meninos também frequentavam creche e faziam passeios levados por profissionais especializados, o que, a depender da frequência de realização, poderia mais que dobrar esse valor no mês", acrescenta.
"Os meninos tomam as vacinas recomendadas anualmente, sempre em consultório veterinário particular. Para mim, é importante que todos os atendimentos sejam feitos pelo mesmo profissional de confiança, motivo pelo qual não fiz plano de saúde, já que este veterinário não aceita nenhum deles", conclui a bancária.
Economia
Para economizar com a pinscher Pandora, a família da universitária Luisa Andrade, 19, busca algumas estratégias. "O único gasto fixo é alimentação, pois ela usa tapete reutilizável e damos banho em casa", afirma. Mensalmente, os custos com a cadela são de R$ 220.
No entanto, apesar de conseguir evitar gastos excessivos, alguns imprevistos exigem maior investimento no animal doméstico. "Recentemente, ela teve uma infecção nos olhos. Tivemos que gastar cerca de R$ 300 com consulta e medicação". Além disso, anualmente, os gastos com vacinas somam R$ 480.
Para evitar investimentos maiores, alguns tutores evitam comprar alguns itens, como brinquedos, casinhas, roupas e acessórios. O veterinário Humberto Martins aponta que alguns produtos podem ter apenas função estética, mas outros são fundamentais para a qualidade de vida do animal e também para a segurança. "Alguns animais são mais friorentos e necessitam de roupas para poderem se aquecer. Coleiras e guias, por serem itens obrigatórios por lei para o passeio, tornam-se extremamente necessários. Brinquedos também são essenciais para que os animais possam exercer comportamentos naturais da espécie e, assim, promovam o bem-estar", destaca.
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A vacinação é imprescindível para garantir a saúde dos pets, explica Martins. "Animais não vacinados podem contrair doenças graves que podem levar a óbito. O ideal é que sejam vacinados contra raiva em campanhas do governo". Além disso, ele aponta que rações de baixa qualidade não conseguem oferecer os níveis de garantia necessários para o animal desenvolver uma musculatura adequada: "A conversão alimentar — o que o organismo consegue absorver do alimento — é deficiente e isso pode afetar o escore corporal. Os pelos ficam opacos e frágeis".
Com banho, o profissional da saúde animal explica que é possível economizar um pouco mais: "Produtos de banho podem ser comparados com os de bebês e crianças, pois os animais têm a pele sensível também. Quando falamos de itens de primeira linha, os preços podem equivaler a produtos para humanos. Contudo, é possível encontrar preços mais acessíveis".
Gratuito
No Distrito Federal, o Hospital Veterinário Público, no Parque Largo do Cortado, em Taguatinga, oferece entre outros serviços gratuitos, consultas, medicações, exames laboratoriais e de imagem, cirurgias, internação e ambulatório. O atendimento é realizado mediante entrega de senhas, que são entregues das 8 às 10h, de segunda a sexta-feira. O telefone para contato é (61) 99670-0897.
O Hospital-Escola Veterinário da Universidade de Brasília (UnB) conta com clínicas médica e cirúrgica para cães e gatos. No local são realizados exames laboratoriais, castrações e aplicação de vacinas. Informações pelo telefone (61) 3107-2801, das 13 às 17h.
*Estagiária sob supervisão de Márcia Machado
