arqueologia

Escavação descobre que cirurgia craniana já era feita na Idade do Bronze

O procedimento ainda hoje é usado para tratar vários distúrbios médicos, aliviando o acúmulo de pressão craniana

Correio Braziliense
postado em 23/02/2023 06:00
 (crédito: Rachel Kalisher et al/Divulgação)
(crédito: Rachel Kalisher et al/Divulgação)

Arqueólogos sabem que, há milhares de anos, médicos praticam um procedimento que envolve abrir um buraco no crânio. Há registros da chamada trepanação em diversas sociedades, da América do Sul à África. Agora, uma escavação na antiga cidade israelense de Megiddo revelou um novo tipo de cirurgia que remonta ao fim da Idade do Bronze. Ela foi realizada em dois irmãos que estavam muito doentes e pertenciam a uma posição social alta.

Em um artigo publicado na revista Plos One, pesquisadores da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, e da Universidade de Haifa, em Israel, descrevem os restos mortais enterrados em uma tumba sob uma residência de elite no sítio arqueológico de Tel Megiddo. O sepulcro data do fim de 1550 aC a 1450 aC, e testes de DNA sugerem que os indivíduos enterrados são irmãos.

Um deles tem um orifício quadrado de aproximadamente 30mm no osso frontal do crânio, onde um pedaço de tecido foi removido cirurgicamente. O procedimento ainda hoje é usado para tratar vários distúrbios médicos, aliviando o acúmulo de pressão craniana. No paciente em questão, provavelmente foi feito para tratar a doença, mas a falta de cicatrização óssea sugere que ele morreu durante ou logo após a cirurgia.

Condição crônica

"Entre as múltiplas descobertas do estudo, queremos destacar o tipo especial de trepanação craniana, o mais antigo desse tipo na região", escreveram os autores. "Esse procedimento incomum foi feito em um indivíduo de elite com anomalias de desenvolvimento e doenças infecciosas, o que nos leva a supor que essa operação pode ter sido uma intervenção para a tratar a deterioração da saúde."

Os dois irmãos apresentavam lesões extensas nos ossos, uma evidência de doença crônica e debilitante, possivelmente uma condição à qual compartilhavam a suscetibilidade. O estado avançado dos traumas indica que, apesar da gravidade do quadro, ambos sobreviveram muitos anos, possivelmente devido aos privilégios de riqueza e status.

É notável que a tumba foi adornada com comida de alta qualidade e cerâmica fina, semelhante a outras próximas que abrigam pessoas da elite local. Isso sugere que os irmãos não foram diferenciados nem excluídos das tradições funerárias devido à sua saúde precária. Segundo os pesquisadores, trata-se de um importante estudo de caso nas investigações sobre as interseções de posição social, doença e tratamento nas sociedades, ao longo do tempo.

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