Ervas daninhas

Pesquisadores criam banco de dados global de ervas daninhas

Segundo os cientistas, o conjunto também fornece informações sobre como as tendências mundiais, como a crise climática, afetarão a resiliência dos sistemas alimentares modernos

Pesquisadores das universidades de Sheffield e Oxford, no Reino Unido, criaram o maior banco de dados global de ervas daninhas, o que poderá ajudar compreender como os sistemas agrícolas tradicionais foram geridos ao longo da história. Segundo os cientistas, o conjunto também fornece informações sobre como as tendências mundiais, como a crise climática, afetarão a resiliência dos sistemas alimentares modernos.

A base de dados é o resultado de 30 anos de pesquisa colaborativa de arqueólogos e ecologistas das duas instituições. Ao longo deste tempo, eles catalogaram cerca de 1 mil espécies de ervas daninhas que crescem em regimes agrícolas tradicionais na Europa, Ásia Ocidental e Norte da África.

A ferramenta de livre acesso "oferece aos cientistas de todo o mundo a oportunidade de comparar dados arqueobotânicos com sistemas agrícolas tradicionais", descreveram os pesquisadores, em um estudo publicado na revista Vegetation History and Archeobotany. O objetivo do projeto é comparar a agricultura do passado e a atual por meio das ervas daninhas, que crescem ao lado das culturas alimentares.

Adaptação

"Nos ambientes agrícolas modernos, onde as culturas são microgeridas e tudo o que não é desejado é removido, pode ser difícil monitorizar as mudanças a longo prazo nos ambientes e nas espécies de plantas", explica o principal pesquisador do projeto, John Hodgson, da Universidade de Sheffield. "Assim, ao investigar populações históricas de ervas daninhas, em vez de culturas, os dados oferecem aos investigadores uma forma única de ver o que foi perdido e ganho ao longo dos tempos."

A análise dos dados permite, por exemplo, observar que tipo de plantas têm a capacidade de se adaptar ou podem ser vulneráveis às alterações das condições dos seus habitats. "Os dados robustos desta investigação de anos oferecem o potencial para a compreensão da resiliência dos sistemas alimentares numa época de alterações climáticas, seca e degradação dos solos", destaca Hodgson.

Para Glynis Jones, professora emérita de Arqueologia na Universidade de Sheffield, os dados revelaram novas ideias sobre a história da agricultura e mudaram a compreensão do desenvolvimento da prática ao nível global.

"Tendemos a assumir que a agricultura começou de forma não intensiva e tornou-se progressivamente mais intensiva ao longo dos tempos", diz. "No entanto, encontramos locais do Neolítico e da Idade do Bronze que desafiam esta crença, pequenas extensões de terra que eram cultivadas intensivamente, utilizando práticas como fertilização, rega e capina de culturas como o trigo ou a cevada."

 


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