CB.Poder

Anfavea sobre carros elétricos: "Falta de infraestrutura limita mercado"

O diretor-executivo da Anfavea, Igor Calvet, explicou, em entrevista ao Correio, que o avanço do mercado de veículos elétricos depende de uma série de investimentos públicos e privados no setor energético

Igor Calvet:
Igor Calvet: "Não é só ligar na tomada ou só vender veículos elétricos" - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
postado em 23/01/2024 17:45 / atualizado em 23/01/2024 17:48

O mercado de veículos eletrificados — elétricos e híbridos — cresce de forma exponencial no mundo, especialmente em países como os Estados Unidos e a China. No Brasil, porém, existe uma deficiência infraestrutural que impossibilita um avanço maior. É o que aponta o diretor-executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet.

Segundo ele, o país depende de uma série de investimentos de origem pública e privada, tanto em geração quanto em transmissão de energia, para que essa tecnologia assuma uma maior parcela do setor automotivo. “Os veículos elétricos usam eletricidade, você precisa ter, portanto, uma infraestrutura também de geração e de transmissão de energia para dar conta, eventualmente, de uma grande frota. Não é só ligar na tomada ou só vender veículos elétricos", afirma Calvet. Ele participou nesta terça-feira (23/1) do programa CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília.

Uma melhor infraestrutura “vai demorar um pouco mais”, enfatiza o executivo. Para isso, segundo ele, serão necessários "investimentos públicos e privados, desde a geração até a transmissão de energia, passando por nós consumidores, que eventualmente vamos precisar, e não só de abastecimento em auto postos nas ruas”. “Precisa existir um investimento e uma preparação das nossas residências, dos escritórios, para ter essa possibilidade de todos termos veículos elétricos”, emenda.

Igor ressalta que, junto ao problema da infraestrutura, a tecnologia dos veículos eletrificados ainda é algo além da realidade financeira da maioria das famílias brasileiras, por ainda não haver, no país, uma produção em escala desses veículos.

“Nós estamos num país de renda média. Todos os investimentos são feitos, e você precisa ter demanda para eles. Como ainda é um veículo que, dado o fato de não ter tanta escala (de produção), ainda está um pouco acima do preço comum de mercado, não é todo mundo que pode ainda, infelizmente, comprar uma nova tecnologia como a dos veículos elétricos”, explica.

Mix de tecnologias

Segundo o diretor-executivo, apesar de o mercado de veículos eletrificados ter apresentado crescimento de 90% entre 2022 e 2023, e da Anfavea projetar um aumento de 40% em 2024, o contingente total desses veículos na frota brasileira ainda é uma minoria. Somado a isso, a grande frota de veículos a combustão já presente no país e a falta de leis que visem a diminuição desse mercado contribuem, na sua visão, para que os carros a combustão ainda sejam vendidos no Brasil “por um longo tempo”.

“A tendência é que a nossa frota fique mais elétrica, mas ela não vai ser só elétrica, certamente. Eu digo isso porque nós vamos ter um mix de tecnologias. O carro a combustão, pelo menos no Brasil — em que não há regramentos para se exaurir, por exemplo, a venda de veículos da combustão —, eu acredito que ainda continuará por um longo tempo. Esse é um dado que eu não tenho condições de dar exatamente, mas eu digo que (seguirá) talvez por mais de 10 anos, certamente”, conta.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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