Transplante

Faustão: por que foram necessários dois transplantes? Especialista explica

Ao Correio, o nefrologista Joel Russomano Veiga aponta que o uso de imunossupressores após um transplante afeta a função renal, que, no caso do apresentador, já estava prejudicada

Fasutão teve um agravamento de uma doença renal crônica e, por isso, precisou de um transplante -  (crédito: Reprodução/Instagram)
Fasutão teve um agravamento de uma doença renal crônica e, por isso, precisou de um transplante - (crédito: Reprodução/Instagram)
postado em 27/02/2024 19:47

Após passar por um transplante cardíaco em agosto do ano passado, o apresentador Faustão se submeteu novamente a um novo transplante, dessa vez de rim. O procedimento foi realizado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na segunda-feira (26/2), sem intercorrências, segundo boletim médico divulgado pela instituição.

Não é incomum que um paciente precise passar por um transplante renal após um transplante prévio. "Uma pequena parcela de transplantados, cerca de 16% a 17%, pode precisar de um transplante de rim depois da primeira operação", estima o nefrologista Joel Russomano Veiga, professor do curso de medicina no Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac), ao Correio.

De acordo com o especialista, o uso de imunossupressores, medicamentos que "enfraquecem" o sistema imunológico a fim de evitar que o corpo rejeite o órgão transplantado, afeta a função renal. Essas substâncias são inclusive consideradas nefrotóxicas, ou seja, com potencial de causar lesão nos rins.

Os rins filtram o sangue e retiram dele substâncias nocivas para o organismo. Se o paciente já tem uma doença renal crônica, como era o caso de Faustão, os órgãos perdem grande parte de sua função, sendo necessário receber um novo rim. Isso também pode ocorrer no caso de infecções ou hipertensão desenvolvidas após um transplante, o que pode vir a afetar a função renal, aponta o médico.

Um estudo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) em 2003 constatou que, dos quase 70 mil pacientes transplantados nos Estados Unidos entre 1990 e 2000, 16,5% desenvolveram doença renal. Cinco anos depois do procedimento, o risco variou de 6,9% a 21,3% — sendo mais baixo entre pessoas que transplantaram um coração ou um pulmão e mais alto entre os que receberam intestino.

As chances de reestabelecimento após a realização de um transplante renal são altas, aponta o professor da Uniceplac. "No primeiro ano, as chances de o transplante renal dar certo são de mais de 80%, assim como o de coração. Há alta probabilidade que Faustão se recupere logo", prevê o especialista.

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